O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), criticou a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos e afirmou que o Brasil “não pode sofrer por atitudes de um deputado no exterior”.
Segundo ele, posturas que prejudiquem a economia do país são “inadmissíveis”.
Em entrevista à revista Veja, Motta disse considerar legítima a defesa política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pai de Eduardo, mas condenou a articulação do deputado com o presidente norte-americano Donald Trump. Eduardo está nos EUA em busca de apoio de Trump para evitar a condenação do pai por tentativa de golpe de Estado.
“Eduardo Bolsonaro poderia até estar defendendo algo que ele acredita, defendendo a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nunca atentando contra o país. Nem os seus eleitores, nem os seus apoiadores concordam, ninguém pode concordar em ter o seu país sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar. Isso não me parece ser condizente com a postura de um deputado federal”, disse.
Sem tratamentos especiais
Motta afirmou que Eduardo será tratado como qualquer outro deputado no Conselho de Ética, sem privilégios ou prejuízos, mas reforçou que não aceita a atuação de parlamentares no exterior contra os interesses nacionais.
“Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando, às vezes, por medidas que prejudiquem o seu país de origem e que tragam danos à economia do país. Isso não pode ser admitido”, comentou Motta.
O presidente da Câmara também comentou o cenário político, classificando como “inédito” o fato de um presidente americano impor tarifas e sanções a um ministro do Supremo Tribunal Federal , em referência ao caso de Alexandre de Moraes.
“É importante também registrar que, na história recente do Brasil, nós nunca vivemos um ambiente em que o presidente americano decidiu, de forma inesperada, impor tarifas e sanções a um ministro da Suprema Corte brasileira. Tudo isso traz uma ebulição muito grande para a política e, principalmente, para a Câmara dos Deputados, que é o palco principal dessa ebulição.”
Ele ressaltou que a Câmara é o “palco principal” da ebulição política no país e alertou para o risco de perda de apoio no plenário diante de estratégias de obstrução.
“A larga maioria, mais de 400 parlamentares, não concorda com esse formato de obstrução. Temos muitas matérias importantes que também serão votadas e que o colégio de líderes vai levar ao plenário da Câmara”, concluiu.