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Com credencial da Globo, assessor de Ronaldo cria confusão na Copa do Mundo

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Após mudanças internas de olho em um melhor aproveitamento de suas diversas plataformas, o Grupo Globo anunciou, no último mês de janeiro, uma integração inédita entre TV aberta, TV fechada e site para a cobertura da Copa do Mundo. Em comunicado distribuído dentro e fora da empresa, exaltava os 197 profissionais enviados à Rússia na maior equipe de mídia brasileira no país-sede do torneio. Na reta final de preparação, no entanto, a emissora ganhou um reforço que nunca fora citado entre os envolvidos na cobertura. Trata-se de Carlos Eduardo Ferrari, ex-jogador e amigo pessoal de Ronaldo Fenômeno – comentarista do canal.

Credenciado pelo Grupo Globo para o evento, Cacá Ferrari, como é conhecido, utiliza um crachá de mídia detentora e tem acesso livre às áreas destinadas a jornalistas. Mesmo sem ser um profissional de comunicação, anda como um funcionário em serviço da emissora nos estádios da Copa.

Questionada sobre o caso, a TV Globo tratou o credenciamento de Cacá com naturalidade e disse que assim o fez por se tratar de um “assessor” de Ronaldo. É bom ressaltar que a Fifa não permite o credenciamento de assessores de imprensa que não sejam das confederações envolvidas no Mundial. Até mesmo o assessor que acompanha Ronaldo no dia a dia não tem o mesmo crachá.

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Cacá Ferrari (centro) exibe credencial Rede GloboImagem: Reprodução/Instagram

Confusões e xingamentos na Copa

Longe de exercer qualquer função de assessor, Cacá Ferrari tem chamado a atenção por uma atuação que foge dos padrões de outros credenciados. Com comportamento agressivo, tem acumulado confusões nos estádios russos, especialmente em jogos da seleção brasileira.

Logo na estreia, se envolveu em uma troca de empurrões com torcedores na Arena de Rostov, palco de Brasil x Suíça. No duelo contra a Costa Rica, mais um episódio problemático. Cacá Ferrari empurrou um jornalista no elevador do estádio de São Petersburgo, foi truculento com um voluntário e agrediu verbalmente os presentes ao local.

“Eu passo por cima de quem eu quiser, p…”, esbravejou o amigo de Ronaldo.

Em um elevador lotado, Cacá estava no meio da cabine e precisava se deslocar para sair no quarto andar do estádio. Impaciente, empurrou um brasileiro, não tomou conhecimento de um voluntário e ouviu pedidos de “calma” dos presentes. Não gostou. E então partiu para os xingamentos e empurrões.

Do lado de fora do elevador, encarava os profissionais que se deslocavam para seus postos de trabalho e mostrava querer mais briga. Ronaldo acompanhou tudo de perto e apenas se calou. A cena ainda foi vista por uma produtora da TV Globo e pelo menos outras dez pessoas. O constrangimento foi geral.

Abordada sobre o comportamento pouco convencional de seu credenciado, a Globo disse não ter conhecimento do caso. Ao ser informada pela reportagem que o UOL Esporte havia acompanhado a cena, a emissora prometeu apurar os fatos. Em seguida, respondeu que “não houve qualquer observação ou reclamação da organização do evento sobre o Cacá”.

Pedido de Ronaldo por amizade

Ex-jogador com passagens Rio de Janeiro, São Paulo e Espanha, Cacá Ferrari se tornou amigo dos mais próximos do pentacampeão e figurinha carimbada em festas, jantares e eventos com boleiros. De acordo com o estafe do Fenômeno, a decisão pela credencial foi tomada de forma conjunta. Ronaldo e Globo entendiam que Cacá precisava estar ao lado do comentarista em todos os momentos.

Ainda segundo a equipe de Ronaldo, Cacá administra compromissos, define agenda e se encarrega de ser o “braço direito” da estrela global.

Credenciamentos polêmicos

A Copa de 2018 não é a primeira com credenciamento controverso da TV Globo. Em 2014, a emissora deu crachá de mídia detentora a Acaz Felleguer, então assessor de imprensa do técnico Luiz Felipe Scolari. Como justificativa, a empresa informou que o profissional não estava a serviço do treinador e prestava “consultoria e produção de conteúdo” para o grupo.

Acaz, porém, trabalhava normalmente como assessor de Felipão durante o Mundial do Brasil. A medida, na realidade, era uma manobra para driblar a proibição do Comitê Organizador Local (COL) de credenciar assessores de imprensa para o evento.

Fonte: UOL
Créditos: UOL