Odebrecht vai ampliar aeroporto de Havana com financiamento do BNDES

Obras custarão US$ 207 milhões e irão durar 30 meses

image

Nada de compras, grandes restaurantes e lanchonetes, bancos, caixas eletrônicos e todas as comodidades que normalmente se esperam encontrar em um aeroporto. Apesar do crescente fluxo de turistas à capital cubana, o aeroporto internacional José Martí, inaugurado em 1930 em Havana, ainda não se modernizou. No total, são cerca de cinco lojas de suvenires e charutos em cada um dos quatro terminais — em dois deles, há uma grande loja de bebidas que recentemente passou a aceitar cartão de crédito — e uma lanchonete. A rede wi-fi, paga, começou a funcionar há menos de seis meses. A troca de moedas estrangeiras é feita em uma das Cadecas, casas de câmbio do governo, em cada terminal. As filas costumam ser grandes.

Mas parte do cenário pode mudar em pouco tempo, pelo menos no que diz respeito aos serviços. A empreiteira brasileira Odebrecht está a frente das obras de ampliação do aeroporto, com previsão de duração de 30 meses, e avaliadas em US$ 207 milhões — destes, US$ 150 milhões foram financiados pelo BNDES para o governo de Cuba, na modalidade de crédito à exportação. Isso significa, segundo a construtora, que os recursos deverão ser gastos obrigatoriamente no Brasil, com empresas brasileiras que exportarão bens e serviços para a construção das obras em Havana. Os demais aeroportos do país receberão também reparos específicos.

Apesar do alto investimento, no entanto, a Odebrecht não quis conceder uma entrevista sobre as mudanças, nem especificou quais serão as melhorias. Em nota, a empresa se limitou a falar sobre a capacitação local: os 4 mil cubanos que foram treinados para trabalhar na construção do Porto de Mariel — também financiada pela empresa — deverão ser aproveitados para as obras.

“Chegamos ao país para ficar. Não somos investidores, somos prestadores de serviços de engenharia e construção e as oportunidades que surgirem serão estudadas — como essa do aeroporto, para cuja ampliação fomos contratados”, diz a empresa em comunicado.

Taxa vai acabar

O pagamento da taxa aeroportuária de 25 CUC (pesos conversíveis, equivalentes a dólares), uma grande dor de cabeça para turistas não avisados, também vai mudar. A Empresa Cubana de Aeroportos e Serviços Aeronáuticos (ECASA) anunciou no mês passado que, a partir de maio, todos os passageiros terão o imposto de saída incluído no preço do bilhete, como é feito na maior parte dos aeroportos internacionais do mundo. A medida, de acordo com um comunicado oficial, busca “agilizar o processo de embarque”.

— Não estava ciente da taxa, me falaram sobre ela no último minuto antes de ir para o aeroporto. Eu já não tinha moeda local e como o banco onde se pode sacar dinheiro no centro histórico, em Havana Vieja, já estava fechado, tive que pedir emprestado ao cubano que estava me hospedando. Paguei em dólar — conta um turista americano, que preferiu não se identificar.

O Globo