dois seguem desaparecidos

Pescadores são achados em 'ilha das cobras' após três dias de naufrágio

Quatro pescadores foram resgatados neste sábado (2) após ficarem pelo menos três dias se alimentado com bananas e tomando água da chuva na Ilha da Queimada Grande, a mais de 35 quilômetros de Itanhaém, no litoral de São Paulo. A embarcação onde eles estavam afundou e dois tripulantes continuam desaparecidos.

O resgate foi feito por um operador de mergulho que foi até o entorno da Ilha com um grupo de oito turistas da capital paulista. Ele encontrou os náufragos pedindo ajuda em um rochedo. A Marinha do Brasil informou que acionou protocolos de Busca e Salvamento (SAR) marítimo para tentar localizar os outros dois homens.

“Saímos bem cedo em direção à Ilha, mas só os encontramos no início da tarde. Mudamos o local onde iríamos mergulhar e nos deparamos com os quatro homens gritando pedindo ajuda. Eles estavam bastante emocionados. Eu fiquei em choque”, conta o instrutor de mergulho Wanderley Aparecido Justi Junior, de 31 anos.

A localização dos náufragos pelos mergulhadores ocorreu por volta das 13h30. “Nós nos aproximamos da Ilha, cujo acesso é restrito, e eles pularam no mar em direção ao nosso barco. Um por um fomos colocando a bordo. Eles estavam bastante emocionados. Sentimos o alívio deles ao nos verem por perto”, lembra.

Grupo foi resgatado por mergulhadores na Ilha da Queimada Grande, SP — Foto: G1 Santos

Grupo foi resgatado por mergulhadores na Ilha da Queimada Grande, SP — Foto: G1 Santos

Os pescadores contaram ao instrutor que tinham saído de Santos (SP), a mais de 60 quilômetros de distância da Ilha, na última quarta-feira (27). Quando estavam a 10 quilômetros de distância da Queimada Grande, duas ondas sequenciais viraram a embarcação “Odelmar II”, que tinha 24 metros de comprimento e três decks.

“Eles falaram que navegavam em direção à Ilha da Queimada Grande para se abrigar de uma tempestade que se formava. Quando a onda virou, os quatro conseguiram pular na água. Outros dois, pelo o que o grupo nos disse, permaneceram a bordo. Como estava anoitecendo, não conseguiram ver muito bem”.

O pesqueiro “Odelmar II” afundou rapidamente, segundo os sobreviventes que nadaram até a ilha. No local, cujo acesso é restrito por ser uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) e habitat da serpente jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), eles se abrigaram nas proximidades de um bananal.

Os quatro sobreviventes contaram para os turistas que se alimentavam de bananas verdes e de água da chuva. Eles se revezavam para na hora de dormir porque tinham a esperança de alguma embarcação passar pelo local. “Quando eles foram a bordo do nosso barco demos, aos poucos, lanches e doces para que não passassem mal”, conta o instrutor.

Tripulantes celebram resgate após passarem três dias em ilha em SP — Foto: G1 Santos

Tripulantes celebram resgate após passarem três dias em ilha em SP — Foto: G1 Santos

Com a localização dos náufragos, a operação de mergulho foi cancelada e todos retornaram para Itanhaém, onde as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já aguardavam pelos sobreviventes. Eles foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, onde foram medicados.

Os pescadores também conseguiram falar por telefone com familiares para informar o que havia acontecido. Os quatro contaram aos mergulhadores que a embarcação Odelmar II realiza pesca de polvo e permanece, geralmente, uma semana no mar, o que não motivou parentes a procurarem por ajuda pela eventual falta de contato.

O Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) e a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos de São Paulo, mobilizaram equipes para a ocorrência depois da comunicação oficial quando os pescadores foram levados ao continente. O SAR marítimo foi acionado para o início das buscas dos dois tripulantes desaparecidos.

“Uma equipe de militares está no local auxiliando nas buscas pelos dois desaparecidos. Um inquérito será aberto para apurar as causas e possíveis responsabilidades”, declarou a autoridade marítima por meio de nota, que não informou se a embarcação acidentada estava regular. A investigação não tem prazo estimado para conclusão.

Fonte: G1
Créditos: José Claudio Pimentel