opinião

JANELA INDISCRETA: Ligações para lá de perigosas

Porque ontem foi domingo, dia preferido do brasileiro para fazer churrasco e ver álbuns antigos com retratos de familiares e amigos, a coluna abre, neste 12 de junho, seu baú de memórias das grandes amizades que parecem andar esquecidas. Começamos por aquelas que envolvem os maiores especialistas em carnes e seu preparo (assar/fritar): os irmãos Batista, da JBS. Na foto em destaque, dois deles, Joesley e Wesley, ladeiam o pai, Zé Mineiro, o fundador do império. Na galeria abaixo, também há registros do primogênito, Júnior Friboi, que ensaiou a entrada na vida política em 2014, quando cogitou disputar o governo de Goiás. Desistiu devido a divergências no PMDB, mas não abandonou o sonho de se ser eleito. Resta saber se haverá clima para alguém que carrega a marca JBS no nome convencer o eleitorado após a enxurrada de denúncias envolvendo o clã.

Após ver suas ações subirem 9% ao firmar acordo de leniência com o MPF em 31 de maio, a JBS passou sufoco sexta-feira (9). Os investidores reagiram mal à Operação Tendão de Aquiles, da PF e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que apura lucros súbitos e bilionários da empresa no mercado financeiro. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do império, teriam usado informações privilegiadas de suas delações para especular na bolsa. Enquanto os federais devassavam dois endereços do grupo — arrastaram coercitivamente quatro executivos que ainda não colaboram com a Lava Jato e recolheram documentos, equipamentos e mídias —, os investidores reduziam suas apostas na companhia. Durante a batida, as ações da JBS caíram 3%. Depois, houve leve recuperação: no fechamento da Bovespa, verificou-se queda total de 2,67% nas negociações da gigante das carnes.

Deu certo a estratégia traçada pela defesa de Michel Temer (PMDB) para evitar que alguma revelação do ex-assessor-presidencial-ex-deputado-federal-homem-da-mala Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) influenciasse na vitória certa do atual ocupante do Planalto no julgamento do TSE. Sem conseguir adiar o depoimento à PF, “Rodriguinho”, como é chamado para diferenciá-lo do pai, entrou mudo e saiu calado de sua oitiva na sexta. Ele só não pôde impedir que as afiadas tesouras da Papuda, onde está detido, atingissem suas madeixas (foto abaixo, de óculos), conforme pedira ao STF.

E por falar no pai do homem-da-mala, o empresário Rodrigo Costa da Rocha Loures, 74 anos, anda bradando em alto e bom tom a quem tiver ouvidos para ouvir que, se o filho não firmar delação, ele mesmo contará tudo o que sabe sobre as negociatas entre empresários e a mais alta cúpula da República. E diz mais: não deixará o rebento levar a culpa sozinho. Mãe e mulher do ex-deputado, que está grávida de oito meses, reforçam a pressão, assim como o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Foi o parlamentar quem levou Rodriguinho para a política, ao fazê-lo seu chefe de gabinete no governo paranaense (de 2003 a 2006). A prisão do ex-deputado, aliás, agravou a crise na cúpula peemedebista: Requião, presidente da legenda no Paraná, e Temer, licenciado desde 2016 da Presidência nacional, não se bicam.

 

A lei do silêncio vigora há um ano na Vigilância Sanitária e em postos de saúde do Distrito Federal. Não é caso de censura, mas de decisão administrativa. Os telefones fixos das unidades estão cortados por falta de pagamento ou não funcionam por não haver manutenção. Não há como um setor se comunicar com o outro. Quem tem muita boa vontade usa o próprio telefone ou o 3G pago com o salário mensal. “A comunicação entre os servidores ou informar a imprensa não é prioridade”, admitiu, ao Metrópoles, uma funcionária da vigilância.

A falta de telefones não é o único empecilho ao trabalho da combativa equipe da Vigilância Sanitária. O GDF não abre concurso público para o departamento desde 1993, e não há previsão para um novo certame. São 24 anos sem renovação do quadro responsável por garantir a qualidade dos alimentos servidos em creches, escolas, hospitais, asilos, presídios e vendidos em padarias, supermercados, lanchonetes e restaurantes brasilienses. Isso só para citar alguns exemplos.

Já comprou carro usado e ficou na dúvida sobre a quilometragem do veículo? Para garantir que o consumidor não seja ludibriado adquirindo um veículo com distância percorrida adulterada, tramita na Câmara Legislativa o Projeto de Lei n° 542/2015, que obriga o Detran a registrar em sua base de dados a marcação dos odômetros da frota a cada vistoria. A proposta, do deputado Júlio César (PRB), já recebeu parecer favorável em três comissões da Casa — o último, em 31 de maio, na Comissão de Constituição e Justiça — e está em vias de ser apreciado em plenário.

Ao levar sua proposta de novo código distrital de obras à Câmara Legislativa, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) mostrou-se confiante na aprovação do projeto que transforma o Hospital de Base em instituto. Tinha motivos. Conforme apurou o Metrópoles, o PL do Executivo já conta com o apoio da maioria dos distritais. Ninguém mudou de opinião, mas parlamentares que ainda não haviam estudado o texto agora se dizem favoráveis a reformular o modelo de gestão da maior unidade pública de saúde brasiliense. Contra estão o PT, servidores e sindicatos da área.

Depois do Observatório Social de Brasília (OSBrasília) revelar que 10,6% do total de projetos aprovados em 2016 pelos distritais tratavam de homenagens e comemorações, a coluna decidiu vasculhar o baú de iniciativas esdrúxulas do Legislativo brasiliense e encontrou uma preciosidade de Rodrigo Rollemberg. Em 1999, um PL do então jovem distrital foi convertido na Lei n° 2.452, que instituiu nada menos do que o Dia do Vizinho. Então, no próximo 20 de agosto, não se esqueça: mais do que pedir uma xícara de qualquer coisa que falte em casa, bata na residência mais próxima e dê um abraço apertado em quem divide a dor e a delícia de morar ao seu lado.

A revista que marcou a Universidade de Brasília está de volta. Para celebrar os 55 anos da UnB — completados, assim como Brasília, em 21 de abril —, a Secretaria de Comunicação relançou a Darcy. A publicação é voltada para a comunidade acadêmica, destacando seus servidores, alunos, docentes; suas histórias e produção científica. A capa da edição especial de reestreia retrata a diversidade da instituição com clones atualizados do antropólogo idealizador da UnB, Darcy Ribeiro, em versões indígena, black power, cadeirante, Frida e Hamlet, entre outras personalidades. Nas páginas, histórias de 50 pessoas que dão vida à universidade. A próxima edição já está no forno e chega às mãos dos leitores no mês que vem.

Fonte: Metrópoles