'Ele precisa de tratamento', diz vítima de abusador de ônibus após condenação por crime de 2013

“Ele precisa ter um tratamento, mas primeiramente afastar ele da sociedade”, disse nesta terça-feira (5) a sétima vítima do homem que abusou de pelo menos 18 mulheres após saber que ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a dois anos de prisão por ter tocado a genitália dela dentro de um ônibus, sem seu consentimento, em 2013.

A condenação de Diego Ferreira de Novais por “violação sexual” saiu na segunda-feira (4), Um dia antes, outro juiz determinou que o ajudante geral de 27 anos fosse mantido preso até ser julgado pelo estupro cometido contra uma empregada de 39 anos, no último sábado (2), quando esfregou o pênis nela.

Abusador de passageiras é condenado a 2 anos de prisão em regime fechado

Essa é a terceira condenação de Diego, mas a primeira que resulta em prisão. Nas duas anteriores, ele recebeu pena de prestação de serviço por ter praticado importunação ofensiva ao pudor. De acordo com a polícia, a maioria das vítimas foi atacada em coletivos.

Sob a condição de que seu nome e rosto não fossem divulgados, a mulher abusada há quatro anos aceitou falar ao G1 sobre o seu caso, que resultou na condenação do ajudante. “Ele deveria ser internado em um manicômio judiciário”, disse a mulher, que tinha 19 anos e quando foi atacada por Diego. Ela estudava no Mackenzie e voltava de ônibus para casa na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Ele a tocou por debaixo da saia.

‘Olhar vazio’

Naquela ocasião, assim como a maioria das outras vítimas, ela gritou, os passageiros o detiveram, o motorista parou o veículo e ele foi levado para a delegacia. “Quando eu fui reconhecer ele, eu tenho a lembrança do olhar vazio, vago dele. Me dá a entender que ele não é uma pessoa normal”, disse ela que gostaria de vê-lo recebendo tratamento psiquiátrico e não ficasse simplesmente encarcerado numa cadeia comum.

“Eu, pessoalmente, acredito sim que ele tenha algum problema psicológico ou psiquiátrico, e deve ser tratado como tal. Não adianta prender, como prende outros bandidos, tem que ser tratado como um caso especial, ser feitos os exames para comprovar se ele tem algum problema, porque não é possível que tantos atos dessa mesma origem”, afirmou a vítima.

Diego chegou a ficar detido três meses por ter atacado a universitária em 2013, mas depois a Justiça o soltou.

Justiça ‘falha’

Na opinião dela, agora que ele está mantido preso e foi condenado à prisão em regime fechado, a Justiça tem a oportunidade de determinar que ele seja finalmente submetido ao incidente de insanidade mental, como pediram recentemente a Polícia Civil, Defensoria Pública e Ministério Público (MP). Diegou chegou a dizer nesta semana em depoimento informa à polícia que começou a atacar mulheres após sofrer um acidente em 2006.

“São quatro anos, né? A Justiça do Brasil é extremamente falha, e eu acho que tudo o que ele fez depois que ele me atacou, eu acho que eu posso culpar um pouco a Justiça, que não tomou as providências necessárias para defender as outras mulheres destas situações”, falou ela sobre os outros ataques cometidos por Diego, que mesmo assim não o mantiveram detido. “Já conhecendo que ele tem o histórico disso, quando ele me atacou, ele já tinha o histórico de atacar as meninas. E mesmo com todo o cenário, ele não ficou preso. “

“No processo está escrito que ele possivelmente teria problemas psicológicos e psiquiátricos e deveria ser identificado e, se constatado”, disse a mulher sobre o caso no qual ela foi vítima dele em 2013. “Tem que ter um tratamento, não adianta só prender, nesse caso.”

Diego ficou conhecido na imprensa após ejacular em uma mulher no dia 29 de agosto deste ano dentro de um ônibus na Avenida Paulista. Foi preso, mas acabou solto na audiência de custódia na Justiça, o que gerou uma onda de protestos nas redes sociais.

“Eu acho que essa condenação veio somente agora, devido aos últimos ataques dele que saíram na mídia”, disse ela, que chegou a postar em seu Facebook um comentário sobre a soltura de Diego. “No meu caso não foi publicado, não teve matéria nenhuma e não aconteceu nada e eu acho que ele ejaculou no pescoço da menina e caiu na mídia e começaram a colocar pressão na Justiça. Eu acredito muito que tenha vindo essa condenação agora por causa disso.”

Veja abaixo os 17 casos de crimes sexuais atribuídos a Diego:

2017
2 de setembro
Local: Avenida Brigadeiro Luis Antonio
Vítima: entre 30 e 40 anos
Esfregou o pênis no ombro da mulher e tentou impedi-la de fugir usando a perna
29 de agosto
Local: Avenida Paulista
Vítima: 23 anos
Ejaculou em mulher
12 de junho
Local: Avenida Paulista
Vítima: de 20 anos
Encostou o pênis no ombro da mulher
1º de maio
Local: Alameda Santos
Vítima: 23 anos
Esfregou pênis na mão da mulher

2 de março
Local: Avenida Paulista
Vítima: 24 anos
Esfregou pênis no braço da mulher
19 de fevereiro
Local: Avenida Paulista
Vítima: 22 anos
Esfregou pênis na mão da mulher

2016
28 de novembro
Local: Avenida Paulista
Vítima: idade não informada
Se masturbou próximo a mulher
21 de novembro
Local: Metrô
Vítima: 17 anos
Esfregou pênis na adolescente
31 de outubro
Local: Avenida Brigadeiro Luis Antonio
Vítima: idade não informada
Esfregou pênis em passageira não identificada

2014
25 de novembro
Local: Cidade Ademar
Vítima: 21 anos
Quis tocar seios e ejaculou em ombro de mulher

2013
2 de fevereiro
Local: Avenida Washington Luiz
Vítima: 47 anos
Esfregou pênis no braço da mulher
13 de setembro
Local: Avenida Brigadeiro Luis Antonio
Vítima: 19 anos
Tocou a genitália da estudante dentro do ônibus

2012
1º de agosto
Local: Americanópolis
Vítima: 23 anos
Sem informações detalhadas do que fez
17 de outubro
Local: Santo Amaro
Vítima: 27 anos
Mostrou pênis a mulher

2011
11 de fevereiro
Local: Rua Floriano Peixoto, Sé
Vítima: 22 anos
Sem informações detalhadas do que fez
6 de abril
Local: estação do Metrô Anhangabaú
Vítima: 33 anos
Sem informações detalhadas do que fez
30 de novembro
Local: Santo Amaro
Vítima: 27 anos
Sem informações detalhadas do que fez

2009
12 de dezembro
Local: Lapa
Vítima: 22 anos
Mostrou pênis para mulher

Fonte: G1