Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Coreto da Praça Venâncio Neiva - Por Sergio Botelho

Numa praça que homenageia o primeiro presidente do estado após a instauração da República no Brasil sobressai um coreto que, junto com o rossio, foi inaugurado em 21 de julho de 1917. Isso aconteceu no governo Camilo de Holanda (1916-1920), nascido em Parahyba do Norte (se fosse hoje, seria pessoense).

Foto: Internet

Numa praça que homenageia o primeiro presidente do estado após a instauração da República no Brasil sobressai um coreto que, junto com o rossio, foi inaugurado em 21 de julho de 1917. Isso aconteceu no governo Camilo de Holanda (1916-1920), nascido em Parahyba do Norte (se fosse hoje, seria pessoense).

Construído num dos cantos da praça, para o lado oeste, o coreto, de forma circular, possui 16 colunas dóricas (de inspiração grega, portanto) agrupadas duas a duas. O artístico e histórico espaço, segundo o ipatrimônio, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (IPHAEP) tem área de projeção com aproximadamente 52 m², apresenta um entablamento (parte superior da construção, acima das colunas) rebuscado com ricos adornos em argamassa, refletindo estilo eclético, com marcantes características neoclássicas.

A partir do coreto, para um lado e para o outro, há balaustradas em cimento armado e iluminação própria (no início eram candelabros). O responsável por tudo isso foi o italiano Paschoal Fiorillo, um dos arquitetos que chegaram na década de 1920 à capital paraibana para mudar a fisionomia de sua urbe. É bom entender a jurisdição social do coreto, popularizado numa época em que as praças eram os principais centros coletivos de diversão das cidades.

Em primeiro lugar, os coretos democratizaram a diversão urbana, possibilitando ao povo entreter-se no desfrute de apresentações musicais, normalmente bandas militares e municipais. Mas também artistas. Programações culturais, então, se constituíam praticamente em regalia das elites, degustadas nos recintos fechados de clubes, salões e palácios. Ao mesmo tempo, o coreto contribuiu fortemente para que as moças alcançassem novos espaços, já que antes disso, presas em casa, tinham como principais ambientes de interação, e de flerte, as janelas de suas próprias residências.

Nas praças, ao compasso das retretas (giros pelas calçadas ao redor da praça enquanto os rapazes se postavam em suas extremidades e a música rolava a partir do coreto), elas puderam deixar as janelas e iniciar paqueras com maior diversificação de pretendentes e pretendidos. Um avanço danado! Na Parahyba do Norte, o principal cenário, nesse sentido, era proporcionado pela Praça Comendador Felizardo (atual João Pessoa), com um belo coreto ao centro.

Dessa forma, antes da edificação do Altar da Pátria, em 1933, em homenagem ao ex-presidente do estado, João Pessoa. Vizinha, a Praça Venâncio Neiva ostentava, além do coreto, sedutor e concorrido ringue de patinação, depois substituído pelo atual Pavilhão do Chá, em estilo oriental, inaugurado em 1931.

Mas passou, como tudo tem de passar. E hoje a Praça Venâncio Neiva, seu coreto, seu pavilhão do chá e suas balaustradas estão muito carentes de atenção.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba