Opinião

No sábado de 26 de julho de 1930 foi assassinado em Recife o então presidente da Paraíba, João Pessoa - Por Sérgio Botelho

AOS FATOS. No dia 26 de julho de 1930, há 93 anos, o então presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, natural de Umbuzeiro, era assassinado na cidade do Recife. Ele era sobrinho de Epitácio Pessoa, ex-presidente da República. O crime aconteceu na Confeitaria Glória, na capital pernambucana, e foi perpetrado pelo advogado paraibano João Dantas, natural de Mamanguape, cuja família se inscrevia entre as que mantinham inimizade política com o presidente paraibano.

Foto: Internet

AOS FATOS. No dia 26 de julho de 1930, há 93 anos, o então presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, natural de Umbuzeiro, era assassinado na cidade do Recife. Ele era sobrinho de Epitácio Pessoa, ex-presidente da República. O crime aconteceu na Confeitaria Glória, na capital pernambucana, e foi perpetrado pelo advogado paraibano João Dantas, natural de Mamanguape, cuja família se inscrevia entre as que mantinham inimizade política com o presidente paraibano.

Os Dantas, que comandavam a política na região de Teixeira, eram aliados dos Pereira de Princesa Isabel, chefiados pelo coronel José Pereira. Ambas as famílias eram parceiras políticas mais chegadas ao antecessor de João Pessoa na Presidência da Paraíba, João Suassuna, nascido em Catolé do Rocha. Porém, todos eles, incluindo o presidente do Estado, pertenciam ao Partido Republicano da Paraíba (PRP), liderado a partir do Rio de Janeiro, capital federal, por Epitácio Pessoa.

Ao assumir o governo da Paraíba, em 22 de outubro de 1928, João Pessoa decidiu estancar o comércio feito diretamente com Pernambuco, por coronéis do interior, entre os quais, José Pereira. Grande parte desses negócios era consumado por meio do porto de Recife. Assim, a Paraíba perdia arrecadação. Ao tomar providências, inclusive policiais, para impedir a fuga de tributos, o então presidente da Paraíba ganhou imediatamente a oposição ferrenha do coronel princesense e de outros coronéis interioranos aliados a ele. A pinimba atravessou todo o governo Pessoa.

Já em março de 1930, ao preparar a chapa dos candidatos à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, João Pessoa excluiu da lista o ex-presidente do estado, João Suassuna. Antes disso, em finais de 1929, rompeu politicamente com o presidente da República Washington Luís e apoiou a chapa presidencial liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas, onde terminou (João Pessoa) ocupando o posto de candidato a vice-presidente na chamada Aliança Liberal. No pleito de 1º de março de 1930, a Aliança foi derrotada pelo paulista Júlio Prestes, candidato oficial de Washington Luís. Prestes era presidente do Estado de São Paulo e tinha como vice Vital Soares, presidente do Estado da Bahia. A partir daí, o coronel José Pereira levantou-se em armas contra o governo estadual, com apoio velado do governo federal, que durante algum tempo procurou meios legais para intervir na Paraíba.

Não conseguiu, mas, a título de pacificar o estado, enviou forças federais à Paraíba, sob o comando do general Lavenère Wanderley que, combinado com José Pereira, fez com que o coronel de Princesa depusesse as armas. O governo Washington Luís pôde então proclamar pacificada a Paraíba. Contudo, a Aliança Liberal continuava inconformada com o resultado das eleições. E a Paraíba ainda fervia, apesar da comemoração do governo federal. Nesse meio tempo, o jornal A União teria publicado cartas pessoais trocadas entre João Dantas e sua namorada, a professora Anayde Beyriz, nascida na capital paraibana, atitude suficiente para João Pessoa receber de Dantas ameaça de retaliação, à bala, caso ele, o presidente, fosse a Recife.

Dantas residia, então, em Olinda. Bom lembrar que os Pessoa de Queiroz, primos de João Pessoa, donos do influente Jornal do Comércio, eram ferozes inimigos do presidente paraibano por conta dos tais endurecimentos tributários que impediam o coronel José Pereira de escoar a produção de suas diretamente a Pernambuco. Os primos pernambucanos de João Pessoa também eram financiadores de armas para Zé Pereira. No dia 26 de julho de 1930, um sábado, João Pessoa foi ao Recife acompanhado apenas do motorista. Às 17hs30min, ele foi morto por João Dantas enquanto ocupava uma das mesas do Café Glória.

Sua morte precipitou a derrota do coronel José Pereira, resultando, ainda, no assassinato do ex-presidente João Suassuna, no Rio de Janeiro, no de João Dantas, morto na cadeia, e no de Anayde Beiriz, envenenada. O corpo de João Pessoa seguiu de navio para ser sepultado no Rio de Janeiro, parando nas capitais, pelo caminho, quando virava motivo para emocionantes manifestações populares. Rugia a Aliança Liberal. Em outubro, pipocou a Revolução de 1930 (para alguns historiadores, um golpe), com a posse de Getúlio Vargas no governo federal. E

sabe aquele general Lavenère, comandante das forças federais no estado, a mando de Washington Luíz? Pois bem, ele foi um dos primeiros sacrificados pela revolução de 1930, na capital paraibana, morto pelos revolucionários locais dentro do quartel, em Cruz das Armas. A partir daí, há ruas Presidente João Pessoa nas principais capitais do país, enquanto a cidade de Parahyba do Norte, debaixo de enorme pressão emotiva, na sessão da Assembleia Legislativa de 4 de setembro de 1930, passou a se chamar João Pessoa, até os dias atuais, com sazonais movimentos contestatórios.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba