escudeiro e protetor

A revanche Alexandre Moraes é a salvação do STF - Por Júnior Gurgel

O inesperado e fatídico acidente (?) que culminou na morte do Ministro Teori Zavascki (STF), deu a oportunidade para Michel Temer escolher o sucessor. Optou pelo “tucano” Alexandre de Moraes, ex-secretário de segurança pública do governo Geraldo Alckmin, indicado Ministro da Justiça e Segurança Pública no início do governo Temer pela bancada do PSDB, que o escalou para importante missão de limitar as investigações da lava-jato, restringindo-as no âmbito do PT. Nada de avançar contra o PSDB, PMDB; PP... Com o PT “desalojado” do Planalto Central, criar-se-ia uma agenda de “revezamento do poder”. Senado, Câmara e Presidência da República estavam sob o comando do PMDB: Renan, Eduardo Cunha e Michel Temer. PSDB foi convidado para sentar a mesa, na condição de reciprocidade: apoio no Congresso Nacional. Tudo acertado, mas, esqueceu-se de consultar Rodrigo Janot.

O ex-presidente Michel Temer, logo após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, se preparou para ser reeleito no cargo. Gozando de popularidade momentânea imposta pela grande mídia nacional, era festejado pelo Congresso, STF; STJ. Mas, esqueceu a PGR (Procuradoria Geral da República) e a figura polêmica de seu titular Rodrigo Janot, escudeiro e protetor do MPF, patrocinador da operação Lava-Jato.

O inesperado e fatídico acidente (?) que culminou na morte do Ministro Teori Zavascki (STF), deu a oportunidade para Michel Temer escolher o sucessor. Optou pelo “tucano” Alexandre de Moraes, ex-secretário de segurança pública do governo Geraldo Alckmin, indicado Ministro da Justiça e Segurança Pública no início do governo Temer pela bancada do PSDB, que o escalou para importante missão de limitar as investigações da lava-jato, restringindo-as no âmbito do PT. Nada de avançar contra o PSDB, PMDB; PP… Com o PT “desalojado” do Planalto Central, criar-se-ia uma agenda de “revezamento do poder”. Senado, Câmara e Presidência da República estavam sob o comando do PMDB: Renan, Eduardo Cunha e Michel Temer. PSDB foi convidado para sentar a mesa, na condição de reciprocidade: apoio no Congresso Nacional. Tudo acertado, mas, esqueceu-se de consultar Rodrigo Janot.

Quem ouviu, assistiu ou leu atentamente o discurso de posse de Rodrigo Janot, não se enganou com os desdobramentos da operação lava-jato e outros atos ousados como a delação dos irmãos Batistas (JBS), primeira denuncia contra o ex-presidente Michel Temer por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução a justiça. Na sequencia, prisões de ex-ministros – até então “insuspeitos” – e honoráveis lideranças políticas, que aparentemente sugeria respeitabilidade incontestável. Homens grisalhos, com dezenas de anos na vida pública, foram algemados e encarcerados como ladrões, quadrilheiros e bandidos da pior espécie.

Quando esteve como Ministro da Justiça e Segurança Pública, Alexandre de Moraes tinha o controle da Força de Segurança Nacional, Polícia Federal e Advocacia Geral da União (AGU). Seu papel era “estreitar” o relacionamento com o STF e “engessar” a PGR, matando por asfixia a operação lava-jato. Ex-presidente Michel Temer navegava em “mar de Almirante”… Em apenas onze meses, Alexandre de Moraes teve seu nome indicado para o STF, apoiado pelos ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux, que enfrentaram publicamente a oposição de alguns parlamentares, criticando a indicação como “partidária”.

Não se sabe se Alexandre de Moraes tentou cumprir a parte mais difícil de sua incumbência: propor a recondução de Rodrigo Janot na PGR, em troca, sepultar à lava-jato. Talvez lhes tenha faltado coragem ou oportunidade. Mal se sentou na cadeira (STF), veio à surpresa: pedido de prisão de Eduardo Cunha, Moreira Franco; Eliseu Padilha; Gedel Vieira Lima; denuncias contra Aécio Neves; Aluísio Nunes; prisão da irmã de Aécio Neves; Michel Temer apontado – em segunda denuncia – como chefe de organização criminosa, após delação do doleiro Lúcio Funaro. O mundo ruiu. Não era só o PT que roubava, segundo Janot e a PGR, eram quase todas as legendas.

O que fazer para conter Janot? Quando tomou conhecimento que não seria reconduzido por mais dois anos, concedeu entrevista e foi claro: “enquanto houver bambu, teremos flechas”. Ex-presidente Michel Temer escolheu uma opositora do Procurador Geral: Raquel Dodge. Entretanto, os estragos feitos pelo “bombardeio” de Janot, popularizou a lava-jato transformando-a na única instituição justiceira do país. Notabilizou a coragem do Juiz Sérgio Moro, hoje herói nacional. E, provocou uma reviravolta no mundo político, culminando na eleição do presidente Jair Bolsonaro. Não esqueçamos que, se ao invés de Rodrigo Janot estivesse na PGR um Sepúlveda Pertence, não existiria lava-jato, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro.

Um fato que ocorreu em 2017 – Janot ter desejado assassinar Gilmar Mendes – narrado e confessado em áudio dois anos depois, ser merecedor de uma reação tão forte como a do Ministro Alexandre de Morais, causou perplexidade e medo em todo o país. Principalmente após o Senado ter coibido – através da Lei de Abuso de Autoridade – atos arbitrários deste tipo, inimaginável ser cometido contra alguém que tem Foro Privilegiado. Invadir o apartamento de um Procurador da República, sem denúncia e sequer um Boletim de Ocorrência! Apreender sua arma – posse e porte garantidos pela Constituição – e o mais grave: levar seu computador? Qual a finalidade da apreensão do computador? Ele põe em ameaça a vida de Gilmar Mendes ou a existência do STF? A vingança foi explicitada de forma tão clara e indiscutível, semelhante a “batom na cueca”. O que não se esperava era a precaução de apreender o computador de Janot.

A última manifestação do Ministro Barroso – voto vencido contra o perdão ao crime do colarinho branco – defendido por seus pares da Corte, reforçou seu argumento historiando passo a passo todos os atos orquestrados pelo STF, para acabar com a lava-jato. Mostrou que país está em rota de colisão frontal com suas instituições e o desastre é inevitável. Não dá para esperar mais três longos anos por uma nova eleição.

Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel