Dignidade roubada: O povo na vala comum dos dispensáveis - Por Francisco Airton

É cruel e desumano o que o governo está fazendo com os pobres desse país! O presidente Jair Bolsonaro precisa, pelo menos, dizer o que o estimula a maltratar as classes mais necessitadas! O que na verdade o pobre fez a este senhor, para ser tão espezinhado, ao ponto de ter todos os seus direitos de cidadão, retirados de forma aviltante e sádica? Seria pelo simples fato de ser pobre? Tudo leva a crer que sim!

Na verdade, muito antes de ser escolhido por esse mesmo pobre para ocupar o cargo de mais alto funcionário do povo – presidente da república – este senhor já bradava aos quatro ventos ter ojeriza as classes menos favorecidas, as minorias! Não gosta de negros, acha que mulher (mesmo trabalhando a mesma carga horária que o homem) deve ganhar menos por que engravida, não gosta de quilombolas e afinal… para que índios com terra, não é mesmo? Quais os reais objetivos de um governo – eleito, segundo ele próprio, pelo voto popular – que o levam a maltratar os seus cidadãos? Seria realizar uma seleção étnica no país? Uma raça de excelência? Acabando com as minorias, sobraria a elite, não é mesmo?

A verdade crua é que o cidadão pobre, aos poucos está sendo empurrado para a vala comum dos dispensáveis! Primeiro lhe tiram os direitos trabalhistas conquistados por décadas. Depois os seus direitos de envelhecer com dignidade e de ter uma aposentadoria de sobrevivência mínima, mais do que nunca, prestes a sucumbir de vez com uma reforma da previdência excludente (na proposta atual os velhinhos recebem um salário mínimo, que mal ajuda com a farmácia) e agora com a reforma poderá receber apenas metade disso!

Com o país mergulhado numa crise sem precedentes, desemprego galopante e uma inflação que já não lhe permite almoçar e jantar, esse cidadão se envergonha e sucumbe a uma tristeza que o adoece cada vez mais! Afinal, era esse mesmo, o governo que o Brasil queria? Era isso mesmo?

Ao mesmo tempo que me solidarizo com esse cidadão massacrado pelo Estado, me entristeço e me decepciono com outros milhões de miseráveis que – talvez por não estar entendendo ainda que caminham para o fim nos disfarçados corredores da morte – aplaudem a fanfarrice e as piadas de mau gosto do Capitão, que destrata a tudo e a todos, sentindo-se o imperador senhor de tudo e, como se estivesse em pleno Coliseu romano cercado de serviçais e com escarnio, levando o indicador para baixo a cada tombo do cidadão atarantado em meio a correria! Era isso mesmo que o Brasil queria como uma mudança de fato?

Na esteira destruidora de pobres, medidas que soam como golpe de misericórdia para decretar o fim de uma população macerada e totalmente agonizante em meio a tantos golpes, o Ministério da Saúde suspende contratos para fabricar 19 remédios de distribuição gratuita!

A notícia foi publicada no jornal A Folha, no mês de julho, toma corpo e se avoluma como uma sombra escura sobre as cabeças dos milhões de doentes crônicos que dependem, acima de tudo, da gratuidade desses medicamentos pelo Estado, para continuarem sobrevivendo!

Em outra matéria publicada na edição de 16 de julho, do Correio Brasiliense, “a ação resultou na suspensão da fabricação de 19 medicamentos para o tratamento de câncer, diabetes e transplantados, que agora serão desenvolvidos por iniciativas privadas. A ruptura dos contratos preocupa profissionais da saúde e laboratórios públicos, que podem perder investimentos para a continuidade de seus trabalhos, e por isso, darão início à ações judiciais”. Apesar de o Ministério da Saúde afirmar que a medida não afeta a distribuição, o pesquisador e professor do departamento de Farmácia da Universidade de Brasília (UnB), Rafael Santana, ressalta que, entre os 19 medicamentos em fase de suspensão, pelo menos 7 já eram fornecidos pelos laboratórios, como as Insulinas e a vacina tetraviral, para a prevenção da cachumba, sarampo, rubéola e catapora. “O principal efeito dessa medida vai ser o aumento dos gastos do governo, isso é evidente e preocupante, tanto em relação ao fornecimento quanto aos custos, que serão significativamente maiores”. Mas muitos, ainda, não acreditam no que está diante dos seus olhos! Pode tudo não passar de Fake News, não é mesmo?

De acordo com matéria publicada no dia 07 último, no Site do Senado, “a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) decidiu, na última quarta-feira (7 de agosto), convidar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para ouvir esclarecimentos sobre a interrupção de projetos de parceria para o desenvolvimento produtivo (PDP). Essas parcerias são firmadas com laboratórios públicos para produção de medicamentos de distribuição gratuita.

Das 90 PDPs vigentes, 19 foram suspensas no mês passado. Mandetta justificou à imprensa que, em nove casos, o ministério agiu por recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Corregedoria-Geral da União (CGU). Em outros dez contratos, não havia prazo definido”.

O que fica disso tudo é uma sensação de impotência! Senão vejamos: uma saúde combalida e que está na UTI já a algum tempo, com pessoas morrendo pelos corredores dos hospitais brasileiros, faltando macas e leitos para atendimento da população, o programa Mais Médicos, desmontado e a população totalmente carente (outrora atendida e agora abandonada), falta de investimentos nos setores básicos, etc. e agora a notícia da possibilidade de suspensão na distribuição de medicamentos gratuitos para a população mais pobre. Mais pessoas poderão ter a saúde seriamente agravada, aumentando ainda mais os gastos do governo e muitas poderão, até morrer se não receberem a dose necessária do seu medicamento!

E enquanto o povo agoniza, o “rei” sorri e faz piadas de tudo, como se governar não fosse tão sério! Em sua live mais recente, candidamente o presidente, praticamente humilhou o seu ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro. Ele disse ao ex-juiz: “Vai fazer um troca-troca com [Ricardo] Salles, aí?” Algo totalmente deprimente, degradante, deselegante e obsceno! O que levaria um juiz da estirpe do Dr. Moro, Paladino da Justiça e praticamente intocável pelos “pobres mortais” a aceitar envergonhado uma baixaria desse quilate? Talvez não o tenha atingido tanto. Será? Mas, ao que nos parece, os adoradores do “Mito” não estão muito interessados nisso e, rapidamente de Paladino da Justiça, o ex-juiz passa de protagonista a simples coadjuvante no atual cenário!

O fato é que o governo nos obriga a fazer tais comentários que, em nada dignifica o nome do país mundo a fora. Ou o presidente abre os olhos para a forma como vem tratando o Brasil e resolve arregaçar as mangas e trabalhar para todos, ou estará fadado a ser sempre motivo de chacota na comunidade internacional. Receber elogios do Trump em nada lhe dignifica. Afinal elogio que vem de afins, definitivamente não conta! Donald Trump é cruel, desumano e odiado pelo resto do mundo! Será que o presidente, um dia, terá consciência disso?

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton