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O que acontece quando um atleta independente ganha medalhas na Olimpíada?

O que acontece quando um atleta independente ganha medalhas na olimpíada?

Os Atletas Olímpicos Independentes são esportistas que não podem representar seus países na Olimpíada, geralmente por causa de sanções internacionais. Esse ano, o evento reúne nove pessoas, que competem na esgrima, no tiro e na natação. Mas vem cá… Se esses atletas não competem por país nenhum, o que acontece quando eles ganham medalhas? Que hino toca? Que bandeira é erguida? Eles pode homenagear seus países de algum jeito?

Essa foi a situação enfrentada por Fehaid Al-Deehani, um atirador de 49 anos, nascido do Kuwait. O cara ganhou a medalha de ouro na fossa double (ou tiro a dois pratos), na quarta (10), mas estava competindo como independente porque seu país foi banido dos eventos esportivos internacionais em outubro de 2015, pela Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI). O motivo: a delegação esportiva do país não tinha autonomia em relação ao governo, um requisito do COI.

Aí, para receber sua medalha, Al-Deehani subiu ao pódio sem o hino nacional e a bandeira do Kuwait – na verdade, não havia nenhuma marca do país a não ser ele próprio. No lugar, tocou o Hino Olímpico (ouça abaixo), e o atleta ficou sob a bandeira dos Jogos. A conta das medalhas vai para os Atletas Olímpicos Independentes, e não para o país de origem do esportista. Isso é especialmente ruim para o Kuwait, que jamais ganhou medalhas de ouro – e tem apenas uma de bronze, ganha pelo próprio Al-Deehani, em 2012.

Ouça o Hino Olímpico:

Al-Deehani foi o primeiro atleta independente da história a ganhar uma medalha de ouro – e o quarto a conquistar uma medalha. Tá certo que não faz tanto tempo assim que a “delegação” existe: ela foi criada nos Jogos de Barcelona, em 1992, para que esportistas da Iugoslávia pudessem participar. Isso porque o país tinha sido cortado da olimpíada pela ONU, por causa dos massacres na Guerra da Bósnia.

Além de ser o primeiro a criar a delegação dos “sem pátria”, o evento de 1992 também teve a maior desses atletas: foram 58 esportistas, que conseguiram as três medalhas que precederam a de Al-Deehani – Jasna Sekaric conquistou a prata na pistola de ar, Aranka Binder ganhou o bronze na carabina de ar e Stevan Pletikosic também descolou o bronze, na categoria de tiro deitado.

A delegação independente não é a única que reúne atletas sem pátria: em 2016, o COI criou também a delegação dos esportistas refugiados. Enquanto a primeira reúne pessoas de países que foram proibidos de participar do evento, a segunda é formada por quem, por motivos de guerra e conflitos, não pode voltar ao país de origem. É a primeira vez que o COI compõe um time de refugiados – no total, são 10 atletas, que vêm da Síria, do Sudão do Sul, da República Democrática do Congo e da Etiópia.

Fonte: SUPER INTERESSANTE