Nascimento de Gigante

Especial de 20 anos: A história da Google

A Google como empresa e buscador completa 20 anos em setembro de 2018 e claro que o TecMundo estava só esperando essa data pra fazer uma homenagem mais que especial

Especial de 20 anos: A história da Google

A Google como empresa e buscador completa 20 anos em setembro de 2018 e claro que o TecMundo estava só esperando essa data pra fazer uma homenagem mais que especial. Você vai conhecer a origem desse site que mudou o mundo, a transformação dele em uma gigante e a expansão pra tudo que é área.

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A dupla dinâmica

A Google só foi possível por causa da dupla Larry Page e Sergey Brin. O Larry é dos Estados Unidos, filho de um professor e uma instrutora de programação, e cresceu rodeado de tecnologia. Ele foi até Stanford como um potencial aluno do doutorado em ciência da computação em 1995, e aí se juntou com outros estudantes pra conhecer o campus.

Duas pessoas.

O voluntário que fez o tour era Sergey Brin, que tava na graduação dessa mesma área. Ele nasceu em Moscou, veio criança com a família pros Estados Unidos, e herdou a paixão por PCs do pai, que aprendeu sozinho a programar. Os dois discordavam de tudo, ficavam discutindo o passeio inteiro, mas é aquela discussão boa, instigante, e eles viraram amigos.

Os dois entraram num grupo de pesquisa, o Stanford Digital Library Project. O Page tava buscando um tema pra tese e investigou a matemática da internet, a importância de links em páginas e a estrutura da web como um emaranhado de nós. O Brin foi junto e eles notaram que as páginas eram todas cheias de citações a outras páginas, e catalogar esse caminho seria interessante. O objetivo aqui era puramente acadêmico, nada de desenvolver um produto.

Nasce um buscador

O resultado disso nasceu em 1996: um motor de busca que vasculhava a internet em busca de sites, links pra esses sites e assim por diante. Ele foi chamado de BackRub, por lidar com os “elos dos bastidores” de um site, e literalmente significa massagem nas costas.

Um cartaz.

Mas os dois não tavam satisfeitos. Por isso nasceu o PageRank, um algoritmo que ranqueia as páginas mais importantes e cria uma lista por ordem de importância. Essa importância é a quantidade de hyperlinks de outras páginas que linkam pra ele e se essas páginas são ou não importantes.

Com o motor achando uma quantidade imensa de conexões, Larry e Sergey montam também uma página inicial desse motor de busca pra provar a hipótese de que aquele método de pesquisa e classificação era eficiente. A máquina que armazenava esse motor tinha 10 discos de 4 GB e ficava em uma estrutura montada em LEGO.

Um servidor de LEGO.

E vale lembrar que esse não foi o primeiro buscador. Eles já existiam, mas os métodos de busca eram diferentes, tinham uma cara de índice, com resultados colocados manualmente e uma seleção cheia de irrelevâncias. O Google mudou isso e era tão ambicioso que escalaria junto com o crescimento da web. No começo, ele já usava metade da banda de Stanford.

Agora o projeto tinha tudo pra virar um produto, só que eles não tavam empolgados e até rolava o medo que não desse certo. Mas resolveram arriscar. O domínio google.com com um novo nome é registrado em 15 de setembro de 97. O termo é um derivado de googol, que é 10 elevado à centésima potência, indicando o absurdo de links do motor de busca. A empresa Google é fundada em 4 de setembro de 1998, e essa é a data considerada da fundação.

Expandindo horizontes

Nessa altura, o Google precisa sair de Stanford porque cresceu demais. A primeira casa da empresa foi uma garagem em Menlo Park, California, e a dona era ninguém menos que Susan Wojcicki. Ela virou gerente de marketing da empresa e é a CEO do YouTube desde 2014.

Em 30 de agosto de 1998, Larry e Sergey viajam pro Burning Man, um evento de arte e expressão que acontece no deserto de Black Rock. Para avisar que o site tava sem manutenção, a logo do festival foi colocada na página inicial. Nascia o primeiro Doodle, que virou um clássico em feriados, eventos e homenagens.

Uma logo.

Em setembro, veio o primeiro investimento, quando a empresa nem tinha sido oficializada. São 100 mil dólares de Andy Bechtolsheim, cofundador da Sun Microsystems. A primeira página do Google já tinha o botão “Estou com sorte”, que te manda direto pro primeiro resultado da pesquisa, fora a logo colorida com uma exclamação que depois sumiu.

Quase vendida

Em 99, o Yahoo era líder em buscas atrás da Excite. Aí Page e Brin vão até a vice-líder e colocam o Google à venda por 750 mil dólares, pra voltarem pra universidade. O CEO da Excite, George Bell, diz que o contrato não era vantajoso porque o motor da Google substituiria o deles e a dupla ganharia até ações.

O livro “Google: A Biografia”, de Steven Levy, sugere que a venda não rolou porque o Google era rápido demais, e a Excite monetizava de acordo com o tempo passado na página, e quanto menos eficiente, melhor. O Yahoo era outro comprador potencial e teve ofertas rejeitadas em 99 e 2002, quando o CEO recusou pagar 5 milhões de dólares pela empresa. Hoje, ele deve estar um pouquinho arrependido.

Um livro.

Nesse ano, a Google se muda para Palo Alto, lar de startups, mas essa ainda não seria a casa definitiva. Em maio de 2000, a versão em português do Google chega junto com outros idiomas. É nesse ano que a empresa começa a monetizar a busca em forma de anúncios. Era um serviço que colocava os links dos anunciantes em destaque na pesquisa por certas palavras-chave. Hoje isso é uma plataforma gigantesca que você conhece como AdWords.

O momento da explosão

Em 2000, o buscador chega a um bilhão de páginas indexadas e 15 idiomas. No fim de 2001, o número era 3 bilhões e 2009 passa de 8 bilhões. Nesse ano, nasce ainda a toolbar pro Internet Explorer, e a partir de 2005 ele entra também no Firefox. A empresa gastou por anos uma nota pra deixar ele de buscador padrão no navegador.

Em 2001, a Google já era respeitada fora do nicho, e precisava de ajuda pra sonhar mais alto. Ainda sem experiência em administração, Larry e Sergey contratam um veterano pra CEO. É Eric Schmidt, que passou por Bell Labs, Xerox, Sun e outras empresas. Ele fica no cargo por dez anos e aí sim Page assume. Os primeiros data centers personalizados da empresa são construídos aí, com alta eficiência de energia. Nasce também a busca por imagens, motivada pela alta procura na internet por um vestido criado usado por Jennifer Lopez no Grammy.

Uma pessoa.

Nesse ano, a Google compra um serviço de grupos de discussão chamado Deja. É a primeira de mais de 200 compras, com a gigante absorvendo marcas menores e mantendo outras com o mesmo nome, como o app de navegação Waze, o Blogger e a fabricante de sensores Nest Labs. O Deja virou Google Groups, mas nem todas vingaram.

Uma logo.

A Google comprou o setor mobile da Motorola em 2011 e revendeu em 2014 pra Lenovo. Já a empresa de robótica Boston Dynamics foi deles de 2013 a 2017. E ela ainda descontinuou muita coisa, como o serviço de fotos Picasa, que perdeu suporte em 2016, e o Google Reader, que deixou saudades em 2013.

Criando uma identidade

Em 2002 e 2003, a empresa começa a criar projetos paralelos que viram membros importantes da família. Nasceram o agregador de notícias Google News, remodelado agora em 2018 num app sensacional, e o Google Print, a busca por revistas e livros digitalizados que virou o Google Books.

O algoritmo de pesquisa foi bastante melhorado nesse período e em 2003 a empresa adquire um terreno na 1600 Amphitheatre Parkway, Mountain View, California. Esse virou o campus da Google, chamado de Googleplex.

Estátuas.

O campus é famoso pelas estátuas das versões do Android e de um dinossauro rodeado por flamingos. E Google com o tempo virou sinônimo de jovem empresa de tecnologia com escritório colorido, ambiente descontraído, comilanças e entretenimento.

O clima é retratado de forma animada, os estágios são concorridos e os escolhidos passam por aquele ritual que inclui um chapéu especial. Isso foi mostrado na comédia bem mais ou menos Os Estagiários, com Owen Wilson e Vince Vaughn. Atualmente, são 60 mil funcionários em 50 países.

E 2004 teve também muitos lançamentos. Um é o Google Scholar, ou Acadêmico, que é a busca por livros e artigos. E o Gmail, anunciado em 1º de abril e muita gente achou que era mentira, porque ele já saiu com 1 GB de espaço, muito mais do que os rivais na época. Outra novidade é o Suggest, futuro autocompletar.

O Google Instant, que é a ferramenta baseada nessa tecnologia, viria em 2010 pra sugerir termos nas buscas pra você. Segundo a empresa, isso salva de 2 a 5 segundos por pesquisa. E claro que a gente não se esquece do Orkut, que teve a história cheia de nostalgia contada aqui no canal e fechou em 2014.

Mais estabelecida do que nunca

Em setembro de 2004, a Google vira gigante. A oferta pública de ações é considerada um fiasco no mercado, mas arrecadou mais de um bilhão de dólares. Foi lá também que o lema “Don’t be evil” foi consolidado, mas hoje a gente sabe que a empresa dá uma escorregadas e é malvada volta e meia. Teve a multa antitruste pesada agora em 2018, o desenvolvimento de um buscador com censura pra China, os funcionários que são antidiversidade e por aí vai.

Uma abertura de capital.

Em 2005, o mundo começa a ser vigiado de perto pelos serviços Google Maps e Google Earth, que era um marco da tecnologia na época. A busca mobile foi introduzida nesse mesmo ano. A empresa chegou ao Brasil em 2005, com um escritório em Belo Horizonte, e hoje também está em São Paulo. Já 2006 é outro ano movimentado no financeiro: ela compra o YouTube, e a gente já contou toda essa história em um vídeo separado no canal.

Outro serviço famoso de 2006 é o Google Tradutor, que evoluiu de forma absurda. Hoje ele entende contexto, traduz até placas usando a câmera do smartphone e ajudou muita gente a sair de roubadas no estrangeiro, tipo na Copa do Mundo da Rússia.

Uma captura de tela.

E é nesse ano que a Google passa a ser mais que um buscador e vira palavra. Dicionários como o Oxford e o Merriam-Webster inserem o termo como verbo, que seria tipo “googlear” alguma coisa. Aqui no Brasil a gente usa “joga no Google” como sinônimo pra pesquisa na internet.

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A grande novidade de 2007 é a navegação em ruas pelo Street View, com os carros da Google dando uma voltinha por todas as cidades do mundo. Os lançamentos de 2008 incluem o navegador Chrome, que em pouco tempo desbanca Firefox e Internet Explorer pra ser o líder no mercado. É o ano também da primeira versão do Android, que não começou dentro da empresa e também já teve a história contada por aqui.

Um celular.

O ano de 2011 também é o de lançamento do Google Panda. Se você não conhece o nome, fica tranquilo: ele é o algoritmo de ranqueamento de busca que deixa sites menos relevantes ou só interessados em cliques pra baixo e valoriza conteúdos de qualidade. Ele foi atualizado por anos. Já 2012 a estrela é o Drive, o serviço de armazenamento em nuvem que concentra também os editores online de conteúdo Docs, o Planilhas e Apresentações.

Nem tudo é acerto

A Google também tentou entrar nos mercados de mensageiros e redes sociais. A primeira furada foi o Google Wave, de 2009, que durou um ano e era uma plataforma web que juntava serviços como email, mensageiro e navegador. Destino parecido teve o Google Buzz, que concentrava várias ferramentas de redes sociais, começou em fevereiro de 2010 e foi descontinuado em outubro de 2011.

Uma rede social.

E não esquecemos do Google+, que inexplicavelmente ainda tá no ar. O serviço saiu em julho desse ano e até tinha certo potencial como agregador de serviços da própria Google e gerenciador das contas da empresa, mas virou um deserto.

Atualmente, ela tem os mensageiros Allo, que é cheio de recursos interativos que vão além do texto, e o Duo, que é mais destinado pra videochamadas.

Isso sem contar o Hangouts, atual plataforma de mensagens instantâneas que foi a evolução do finado Google Talk, lá de 2005.

O ano de 2015 tem uma mudança empresarial grande. A Google cria uma empresa pra ser a holding de todas as marcas do conglomerado, incluindo ela. É a Alphabet, que tem como CEO o próprio Larry Page e Sergey Brin como presidente. Como resultado, Sundar Pichai, que era chefe da divisão Android, assume a Google e está no cargo até hoje. Nesse ano, nasce ainda o Google Fotos, matando de vez o Picasa e ganhando cada vez mais recursos, incluindo tagueamento automático de imagens.

Um celular.

O Google Assistente, que também não para de melhorar como inteligência artificial, foi oficializado em 2015 pra substituir o Google Now e transformar “Ok, Google” em uma fala nossa de cada dia. E o ápice desse aprendizado de máquina é o Duplex, de 2018, praticamente uma secretária eletrônica que agenda compromissos pra você.

Uma seleção de respeito

E a Google tá em muitos mercados atualmente, muitos mesmo. Não dá pra citar tudo, mas vamos destacar algumas empreitadas. Por exemplo, ela tem smartphones próprios. O primeiro foi o Nexus One, de 2010, fabricado pela HTC. Ela teve parcerias também com Samsung, LG, Motorola, Huawei e Asus em outras versões, e destaco aqui o tablet Nexus 7, o Nexus 4 que era adorado por muita gente e o belíssimo Nexus 6P.

Dois celulares.

Depois de 12 modelos, ela resolveu controlar mais de perto a produção e lançou os top de linha Pixel, que vai em 2018 pra terceira geração. A divisão mobile da HTC que fez as duas primeiras gerações foi adquirida pra comandar a linha. Chromebooks e Pixelbooks feitos por parcerias também entram na conta.

Tem streaming de música com o Google Play Música, de 2011. Tem realidade virtual com o dispositivo Daydream, que teve a primeira versão em 2016. E só de sistemas operacionais são 8: Android, Chrome OS, Wear OS pra dispositivos vestíveis, Android Auto pra carros, Google TV, Android TV, o misterioso Google Fuchsia e o Glass OS.

Uma pessoa de óculos.

Esse último inclusive roda no Google Glass, o ambicioso par de óculos inteligentes que muita gente achou que revolucionaria o mundo lá por 2012, quando saíram as primeiras informações. Mas ele nunca foi comercializado em massa e hoje, na segunda geração, é mais voltado pro mercado de trabalho. O responsável pelo desenvolvido foi o laboratório Google X, que cuidava de projetos mais secretos. Um dos atuais é um carro autônomo, a empresa atualmente se chama Waymo e hoje é uma subsidiária mais independente.

Em termos de internet, também são várias ramificações. Ela é responsável por um endereço público de DNS, que você com certeza já usou ou viu em algum tutorial por aí. Tem ainda o Projeto Loon, que leva internet pra áreas rurais ou remotas com balões. Ela ainda tem um plano de internet residencial de altíssima velocidade, o Google Fiber, e um roteador de visual simpático chamado Wifi. No mercado de speakers, o produto é o Home, lançado em 2016.

Um alto-falante.

E claro que a gente não pode se esquecer do Chromecast, o dispositivo de streaming de conteúdo que é acoplado em televisores. Ele saiu em 2013 e já está na terceira geração, a Ultra. Várias dessas novidades são anunciadas na Google I/O, um evento que mistura conferência, celebração e workshops pra fãs e desenvolvedores. Ele existe desde 2008.

E a empresa é também um celeiro de grandes nomes que saem da Google pra brilhar em outras companhias. Por lá já passaram Marissa Mayer, que foi pro Yahoo, Orkut Buyukokkten, que dispensa apresentações, e Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook.

E essa é a história resumida da Google, que dá pra falar sem medo que é uma das maiores empresas do mundo em tecnologia, que transformou e continua transformando a internet. Ela já fez muita coisa nesses 20 aninhos de vida e claro que não dá pra contar tudo, a gente não esqueceu coisas, isso aqui é um resumo. Então ajude a gente aí nos comentários com o que vocês mais gostam na empresa e ficam aqui os nossos parabéns pra Google. Se você..

Fonte: Mega curioso
Créditos: Mega curioso