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Justiça dos homens castiga deputados que invocaram a justiça divina

Durante a votação do impeachment da presidente Dilma Roussef, no último domingo na Câmara dos Deputados, pouco se falou sobre o ponto central do processo, que é a existência ou não de crime de responsabilidade nas pedaladas fiscais. Muitos deputados justificaram seu voto evocando o nome de Deus, e alguns outros falavam no combate à corrupção. Poucos dias depois, alguns dos parlamentares favoráveis ao impeachment têm de lidar com processos e condenações na justiça.

deputados

Um exemplo é Jovair Arantes, do PTB de Goiás, relator do processo de impeachment na Câmara.Nesta quarta (20),  Jovair foi condenado  pelo Tribunal Regional Eleitoral de seu estado, e deverá pagar multa de R$ 25 mil por ter utilizado um servidor comissionado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em sua campanha eleitoral, em 2014. Na época, a Conab era presidido por Rubens Rodrigues dos Santos, indicado por Jovair. O deputado goiano nega a irregularidade e diz que irá recorrer.

Em outro caso, a Justiça do Rio de Janeiro ordenou o leilão de todos os bens do diretório regional do PTB, em nome do ex-deputado Roberto Jefferson e sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil. Roberto Jefferson se tornou conhecido por ser o delator do esquema do mensalão, e, no domingo, Cristiane dedicou seu voto a favor do impeachment para seu pai.

Ainda nos casos de família, a deputada federal Raquel Muniz (PSD) teve o marido, Ruy Muniz (PSB) preso em uma operação da PF. Ruy  é prefeito da cidade mineira de Montes Claros foi alvo da Operação “Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde”, suspeito de prejudicar o funcionamento de hospitais públicos  para favorecer um hospital privado gerido pela sua família. Horas antes da prisão de Ruy, Raquel elogiou a gestão de seu marido em seu voto a favor do impeachment.

Um dos deputados que chamaram a atenção foi Wladimir Costa (Solidariedade/PA), que, na madrugada de sábado, fez um discurso inflamado a favor do impedimento de Dilma, finalizando com uma canção e uma chuva de confetes. Em 2015, Costa atingiu o feito de ser o deputado mais faltoso das sessões plenárias, com 105 faltas em 125 sessões. 93 das faltas foram justificadas com atestados médicos. Em 2011, quando ainda era do PMDB, Wladimir liderou nas faltas sem justificativas, e, em janeiro, o deputado dos confentes teve seus bens bloqueados pela Justiça do Pará,  acusado de liderar um esquema de desvio de recursos entre uma ONG e a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer.

Para encerrar a lista, vem Vanessa Damo (PMDB), que é deputada estadual em São Paulo, e, portanto, não votou nem contra nem a favor do impeachment, mas que comemorou a aprovação do impeachment na Câmara em uma de suas últimas postagens no Facebook, junto com uma foto onde segura uma faixa escrita “Abaixo a Impunidade”. Vanessa, oriunda do ABC paulista e filha do ex-prefeito de Mauá Leonel Damo, teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral ontem à noite. Ela foi condenada por crime eleitoral cometido em 2012, quando um material apócrifo acusava seu concorrente na disputa municipal, o hoje prefeito Donisete Braga (PT), de ter participação no assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Para o Diário do Grande ABC, Damo fala em perseguição do PT de Mauá :“Eu me sinto triste e injustiçada porque, enquanto o PT rouba milhões do povo brasileiro, o partido aqui na cidade me acusa de ter confeccionado um panfleto que não fiz”. A decisão do TSE deixa a deputada inelegível até 2020.

Fonte: GGN