Hipocrisia é intrigante

VAQUEJADA: Veganos e vegetarianos querem transformar os bois e cavalos em animais sagrados, só porque nãos os comem - Por Gilvan Freire

Os veganos são amantes e protetores dos animais, que protestam até quanto a criação intensiva pecuária, mas muitos, além dos vegetais extraídos do solo natural, comem frangos, esses bichinhos inofensivos que são sangrados cruelmente vivos para que possam alimentar veganos e não veganos preservadores de animais e da natureza.

BOIS E VACAS SAGRADOS NO BRASIL SÓ PODEMOS MATÁ-LOS E COMÊ-LOS

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Hipocrisia é uma palavra intrigante de conteúdo muito ofensivo que serve para rotular a dissimulação, o falso credo e o falso sentimento. Mas nem todas as pessoas hipócritas são falsas e dissimuladas conscientemente : muitas são induzidas.

Na Índia de 1.3 bilhões de habitantes, onde 80% da população professa a religião Hindu, que cultua vários deuses e sagra animais como bois e vacas e até ratos, um escritor resolveu botar parte do sacro no lixo, mas teve seus livros queimados nas ruas.

De fato, antes do hinduísmo, que é a mais antiga religião do mundo, os indianos comiam carnes, assim como o homem come carnes desde os tempos das cavernas. Embora sejam onívoro ( que come de tudo ) os homens são animais carnívoros.

Na Índia, quem não é hinduísta come carnes. E, clandestinamente, milhares de indianos hinduístas menos convictos comem carnes de animais sagrados. São uma espécie de vegetarianos às avessas, dissidentes.

Apesar de tudo, a Índia disputa com o Brasil a condição de maior produtor e exportador de carnes do mundo e tem em seu território 3.600 abatedores oficiais e mais de 30.000 clandestinos. E os métodos de abate são os mesmos do resto do planeta.

Ou seja : a Índia cria, abate, come parte e exporta a outra parte de seus animais sagrados para o resto do mundo, menos, talvez, os ratos.Tudo para manter a cadeia alimentar humana global, que carece de carnes e proteínas animais para nutrir os mamíferos.

Ou seja novamente: a um palmo das fronteiras indianas os animais sagrados da Índia são liberados de sua sacralidade, quando não o são internamente e clandestinamente pelos próprios hindus, inclusive o proscrito escritor, que confessa comer carnes ‘proibidas’ com habitualidade.

Tem mais, a Índia possui o maior rebanho planetário de búfalos, que abate, come e exporta sem o selo da proteção religiosa. Como se vê, a hipocrisia, assim como a cadeia produtiva da carne, acontece em escala universal, e tanto é produto de exportação quanto é importado.

Veganos e vegetarianos do Brasil, querem transformar os bois e cavalos em animais sagrados, só porque nãos os comem. Os vegetarianos porque não adoram nem protegem os vegetais, apenas deles se alimentam sem outros compromissos. Os vegetais também têm vida, como se sabe, mas não são sagrados.

Os veganos são amantes e protetores dos animais, que protestam até quanto a criação intensiva pecuária, mas muitos, além dos vegetais extraídos do solo natural, comem frangos, esses bichinhos inofensivos que são sangrados cruelmente vivos para que possam alimentar veganos e não veganos preservadores de animais e da natureza.

São essas pessoas contraditórias que influenciam outras pessoas que nada têm a ver com seus hábitos alimentares exóticos a ter sentimento de defesa de animais que não são de estimação nem sagrados perante seus credos religiosos.

É uma minoria, que tem todo o direito de manifestar livremente sobre suas escolhas pessoais, que induz à hipocrisia dos que não escolhem viver como elas, porque têm direito e liberdade de fazer escolhas diferentes.

A vaquejada brasileira, que nasceu dentro de uma tradição de quase 5 séculos de relação entre gado, meio ambiente, vaqueiro e cavalo, modernizou-se tanto quanto às músicas de raiz do Nordeste e demais regiões do Brasil, que saíram do original para o estrelato comercial bilionário, com pouquíssima contestação à sua perda de originalidade. Não é mais pé de serra.

Essa modernidade não impede que Luiz Gonzaga possa ser, ao longo dos próximos séculos, a figura mais lendária da cultura musical do povo nordestino, pois a modernidade por si só não apaga a história. Seus aboios , como sons matutos e narrativas de épocas e costumes, continuarão a falar aos ouvidos dos que precisam preservar a sua própria história como traço de identidade.

Para nós nordestinos de origem, tanto quanto para os gaúchos na preservação de sua cultura e tradição, os animais de estimação não serão nem abatidos nem torturados, como a vaca leiteira, o cavalo, os gatos e cachorros. Mas o Brasil já exporta carne de cavalo e, em pequena escala, se come também.

Mas, agora, por conta dos que querem impor uma dieta vegetal a uma sociedade carnívora, todos os animais serão sagrados, menos naturalmente os animais que comem. É o profanísimo medieval tomando conta da sociedade moderna alienada.

A sacralidade que devotamos aos nossos animais, contudo, é diferente da indiana. Podemos comer todos os animais que queremos preservar intransigente : bois, vacas, cavalos, galinhas, porcos, ovinos e caprinos, inclusive aqueles desamamentados precocemente, inclusive as caças criadas em cativeiros, fora do ambiente natural.

Não importa como eles são abatidos, porque esses animais são ‘coisas’ quando servem de alimentação geral, mas são sagrados quando é para manter seitas hipócritas preconcebidas ou hipocrisias induzidas.

Muitos desses ambientalistas são os esquerdizoides que nunca se preocuparam com a miséria , a fome e a violência que matam milhares de pessoas no país todos os anos, nem com a roubalheira que ataca como traça os cofres públicos. Não estão nem aí para a pobreza e a preservação da cultura do povo do Nordeste.

Ou viramos todos veganos e vegetarianos convictos, enfrentando essas contradições inexplicáveis, ou assumamos de vez a nossa própria identidade de raça, sem pena de ser feliz. E afastemos de nós esse cálice da hipocrisia, porque ele embriaga e causa a falsa sensação de que estamos certos.

Fonte: POLEMICA
Créditos: GILVAN FREIRE