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POLÊMICA: Sindicato e Associação de delegados divulgam apoio ao delegado paraibano Miguel Lucena demitido

O sindicato e a Associação de Delegados da Polícia Civil do DF (Sindepo/Adepol) divulgaram nesta quarta-feira (17/5) nota conjunta de apoio ao ex-diretor de Comunicação da corporação Miguel Lucena.

Entidades repudiam exoneração e defendem que o servidor postou opinião pessoal em grupo fechado, com objetivo de levar tema a reflexão


O sindicato e a Associação de Delegados da Polícia Civil do DF (Sindepo/Adepol) divulgaram nesta quarta-feira (17/5) nota conjunta de apoio ao ex-diretor de Comunicação da corporação Miguel Lucena.

Ele foi exonerado na segunda (15), após uma declaração machista atribuindo a responsabilidade do caso do estupro de uma menina de 11 anos aos relacionamentos da mãe dela. “As crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”, disse Lucena.

O comentário foi postado em um grupo fechado de WhatsApp no qual a Polícia Civil divulga informações para jornalistas. Após receber críticas, Lucena deixou o grupo institucional e provocou um mal-estar generalizado.

As duas entidades repudiaram a saída de Lucena e defenderam que ele postou uma opinião pessoal em um grupo fechado, com o objetivo de levar o assunto a reflexão e prevenção à violência doméstica.

“A repulsa a esse debate e ao enfrentamento da realidade vivida presta-se apenas à alienação social, a ausência de autorresponsabilidade dos membros das famílias pela preservação de seus dependentes e a potencialização da vulnerabilidade de hipossuficientes, especialmente as crianças”, destaca o texto.

Confira a íntegra da nota:

Vimos, por meio desta, nos manifestar acerca de matérias jornalísticas, veiculadas no dia 15/05/17, que tem por escopo expor a exoneração do Delegado de Polícia Miguel Lucena, do cargo de chefe da DIVICOM/PCDF, e seus fundamentos.

Com efeito, noticiou a imprensa que o Dr. Miguel Lucena teria manifestado, em grupo de whatsapp fechado, que “as crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”, em referência à violência sexual praticada pelo companheiro da mãe de uma criança recentemente no Gama/DF, e que o teor machista da declaração teria fundamentado sua exoneração.

Ao manifestar-se sobre o fato em rede social, o Dr. Miguel instou a sociedade à reflexão de quem os pais e mães estão colocando dentro de casa para conviver com os seus filhos, aduzindo que “precisamos avançar nas discussões sobre as responsabilidades de todos com os rumos da sociedade. O bandido já está diferenciado. É ele quem vai ser preso, só não pode é colocar outro dentro de casa.”

Nesse cenário, em análise sumária, pautados na realidade social enfrentada em nossa cidade, cumpre ressaltar que é pertinente a reflexão proposta pelo Dr. Miguel visando a prevenção da violência doméstica. Ademais, a repulsa a esse debate e ao enfrentamento da realidade vivida presta-se apenas à alienação social, a ausência de autorresponsabilidade dos membros das famílias pela preservação de seus dependentes e a potencialização da vulnerabilidade de hipossuficientes, especialmente as crianças.

Outrossim, vale ressaltar que a crítica feita pelo Dr. Miguel foi manifestada em rede social fechada, refletindo opinião pessoal que não teria o condão, a princípio, de repercutir em sua vida profissional, exceto se absolutamente incompatível com a dignidade do cargo, o que evidentemente não é o caso.

Assim, repudiamos os fundamentos da exoneração do Dr. Miguel expostos na imprensa, posto que lamentavelmente reflete a imputação leviana de conduta discriminatória, que nos parece claro que não ocorreu por se pautar na realidade social. Esse fundamento revela, ainda, a suscetibilidade da administração da PCDF a mudanças estritamente políticas, uma vez que está ausente o respaldo técnico.

Por fim, encampamos o pedido de reflexão do Dr. Miguel: “Pai, mãe, quem você está colocando dentro de casa para conviver com suas crianças? Será que você não está colocando-as em risco?”

Fonte: http://www.metropoles.com/distrito-federal/sindicato-e-associacao-de-delegados-divulgam-apoio-a-miguel-lucena