POLÊMICA: Correntes do PT defendem de regulação da mídia a estatização da Rede Globo

As teses das correntes do PT para o Congresso do partido são diversificadas, mas convergem em um ponto: a crítica à imprensa e a defesa de uma regulação da mídia. Algumas correntes vão além: defendem a suspensão da publicidade governamental e até mesmo a intervenção em algumas empresas de comunicação. A chapa "Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!", uma das mais radicais, defende estatizar a Rede Globo, a exemplo do que foi feito pelo ex-presidente Hugo Chaves, na Venezuela, com uma televisão local.

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Teses para o Congresso defendem a suspensão da publicidade governamental, o fortalecimento do sistema público de comunicação e até mesmo a intervenção em algumas empresas de comunicação

Iva Velloso
As teses das correntes do PT para o Congresso do partido são diversificadas, mas convergem em um ponto: a crítica à imprensa e a defesa de uma regulação da mídia. Algumas correntes vão além: defendem a suspensão da publicidade governamental e até mesmo a intervenção em algumas empresas de comunicação. A chapa “Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!”, uma das mais radicais, defende estatizar a Rede Globo, a exemplo do que foi feito pelo ex-presidente Hugo Chaves, na Venezuela, com uma televisão local.

Grupo radical defende a estatização da Rede GloboJoel Rodrigues/ObritoNews/Fato Online

Além disso, a chapa afirma em sua tese: “Fim imediato do financiamento público a toda a imprensa burguesa (jornais e revistas) feito através dos anúncios de publicidade estatais. Como jornais políticos que são, que vivam do financiamento que receberem de seus apoiadores. Nenhum recurso público para a imprensa burguesa!”.

A corrente majoritária do PT, representada pela chapa “Partido que Muda o Brasil”, embora defenda a regulação da mídia e faça críticas à atuação da imprensa, é bem menos radical. A corrente defende mudanças nos meios de comunicação, assim como a chapa “Mensagem”, da qual faz parte o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

“Contra a direita raivosa”

A “Mensagem” é bastante crítica em relação à atuação dos meios de comunicação. Além de defender a regulação da mídia, a chapa quer reformular os critérios técnicos de distribuição das verbas de propaganda do governo. “Um sistema público de comunicação, dirigido por conselhos pluralistas e mistos de representação do governo e da sociedade civil deve fortalecer a EBC [Empresa Brasileira de Comunicação] para a consolidação de uma TV pública nacional de qualidade, ligada em rede com emissoras regionais”, escreve em sua tese.

Mais radical, a “Militância Socialista” não poupa críticas à imprensa. “Na questão da comunicação, o PT deve disputar contra a direita raivosa e, ao mesmo tempo, buscar conquistar a nova geração pós-neoliberal, pautando o debate de ideias e projeto para o Brasil, fazendo a propaganda do nosso modelo organizativo e contrapondo as campanhas difamatórias contra o partido”, escreve a corrente, defendendo que o partido desenvolva seus próprios canais de comunicação abertos, com TV e rádio Web e jornal diário.

Petistas defendem democratização da mídiaJoel Rodrigues/ObritoNews/Fato Online

A tese da chapa “Articulação de Esquerda” acusa a mídia de desqualificar as propostas de controle social da comunicação. “O PIG (Partido da Imprensa Golpista) tenta desqualificar as propostas de controle social da mídia como se fossem censura, parte de uma manobra para encobrir escândalos de corrupção. As empresas que atuam na área tentam aparecer como campeões da ‘liberdade de expressão’, não apenas para disfarçar suas manipulações, leviandades e calúnias, mas principalmente para ocultar o fato de que oligopólio é quem pratica a censura.”
“Mídia oligopolista”

Assim como a “Militância Socialista”, a “Articulação de Esquerda” defende a construção de uma agência de notícias, articulada a mídias digitais (rádio e TV web), com ação permanente nas redes sociais, que “sirva de retaguarda e de instrumento do campo democrático-popular na batalha de ideias”. Ao final, a “Articulação de Esquerda” avisa: “As articulações golpistas, especialmente as vindas de militares da ativa ou da reserva e de meios de comunicação, devem ser tratadas como determina a Constituição e a legislação nacional”.

Na tese da chapa “Partido Para Todos” e “Na Luta” as críticas à imprensa também são fartas. “Está muito claro que o capital financeiro e sua mídia oligopolista continuarão a fazer a propaganda mentirosa de que a inflação está em escalada vertiginosa e também uma pressão para que o Ministério da Fazenda faça concessões ao ‘mercado’, aos especuladores”, escreve a corrente.

Na visão dessa corrente, “as grandes empresas de comunicação, corporações funcionais de elite e empresários se uniram a dirigentes partidários para criar uma liderança orgânica, um partido orgânico, de um bloco de classes conservador. Assim, surgiu no país uma oposição de direita renovada e forte, com base também no Estado”.