O Funeral do FENARTE – Nilvan Ferreira

O governador Ricardo Coutinho parece mesmo não estar preocupado em honrar os compromissos básicos que todo governante precisa assumir em defesa dos interesses de um estado como o nosso.

As idéias básicas do governo, que tenta se intitular como “novo”, o descredencia, sob qualquer aspecto, do comprometimento com aquilo que há de mais fundamental para um povo, um estado, uma comunidade: a sua cultura.

Parece que estamos presenciando, ao longo desses últimos quatro meses, uma espécie de tsunami, que veio para arrasar setores essenciais na Paraíba, à base da imposição, sem a perspectiva do mínimo de diálogo com as camadas da sociedade civil organizada.

O mais recente e duro golpe nos interesses e iniciativas, oriundos daquilo que produz a Paraíba, foi dado contra o Festival Nacional de Artes, o FENARTE, que agora em 2011, estaria na sua XIV edição, acumulando uma história de produção cultural, congraçamento artístico e intelectual, além da exposição da Paraíba para todos os recantos do país e do mundo.

E o governo foi bem direto. Não tem dinheiro e pronto, não tem conversa. E assim tem sido a gestão de Ricardo Coutinho. É o que ele quer, o que ele pensa e ponto final. E ninguém ouse discordar daquilo que pensa o REI. Aliás, como sempre dizem os mais bajuladores, todas as decisões do governo estão respaldadas por mais de um milhão de paraibanos.

Mas, minha missão é mesmo discordar. E para não fugir da regra, vou contrariar mais uma vez das atitudes do REI de plantão.

Sepultar aquilo que há de mais importante na exposição cultural do nosso estado, é, no mínimo, falta de compromisso com os setores que promovem culturalmente a Paraíba e o seu povo.

Alegar que o evento não será realizado porque existem dívidas deixadas pelo governo passado, referente ao FENARTE de 2010, é outra desculpa esfarrapada. Afinal, o atual governo tem sempre usado o argumento da existência de dívidas passadas, para não investir em setores essenciais.

Os argumentos não colam, não emplacam, não enganam. Se as dívidas existem, onde estão? quais são os credores? O governo passado reafirma que os recursos foram deixados em caixa, no tesouro estadual, para que os débitos fossem honrados, quitados. Se o dinheiro não existe, o atual governo tem a obrigação de tornar pública a verdadeira face desse imbróglio.

E os movimentos culturais do nosso estado? Porque estão inertes, calados? Deixarão que enterrem o FENARTE sem o mínimo de reverberação de protestos, de indignação? Capitularam, sob o mesmo argumento hoje usado pelo governo e também formarão fileiras, ajudando a conduzir o “caixão” no sepultamento do evento?

São perguntas que não querem calar, diante de tamanho atentado contra um dos principais eventos que ajudam a fomentar a cultura da Paraíba.