Greve no HU de João Pessoa deixa 10 mil sem atendimento

Após um mês de paralisação dos servidores, apenas serviços agendados estão sendo feitos

imageDurante os 30 dias de greve dos servidores técnicos administrativos que trabalham no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa, completados ontem, cerca de 10 mil atendimentos, entre consultas, exames e agendamentos para cirurgias eletivas deixaram de ser realizados. A direção da unidade garantiu que os serviços já marcados, antes da suspensão das atividades no HULW, continuam sendo prestados à população. No entanto, pacientes com consultas agendadas para a última sexta-feira voltaram para casa sem atendimento.

A dona de casa Maria Isis, 48 anos, foi uma das pacientes que saíram cedo de casa na certeza de que seriam atendidas no HULW, já que a consulta foi agendada antes do início da greve, mas ela, que faria o retorno médico com a reumatologista para apresentar os resultados dos exames solicitados, deu a viagem perdida e não sabe quando será atendida.

“Depois de seis meses da consulta, marcaram o retorno para hoje (ontem), mas quando cheguei, me informaram que a médica está de greve e que quando acabasse essa greve eu retornasse para fazer o reagendamento. Enquanto isso, fico sentindo dores porque já tenho hérnia de disco e artrose confirmados na coluna, mas os raios-X dos punhos e joelhos que seriam apresentados à médica podem identificar outros problemas”, lamentou.

Já a aposentada Maria de Lourdes, 66 anos, saiu durante a madrugada do município de Itaporanga, a 420 quilômetros de João Pessoa, em jejum para coletar sangue e depois apresentar os resultados ao endocrinologista, já que tem problemas na tireoide, mas também não foi atendida, mesmo o exame e a consulta já estando marcados para ontem. “Vim certa de fazer tudo, mas perdi meu tempo. Agora vou ter que voltar, depois remarcar para poder vir de novo para o médico. Essa greve só faz prejudicar os pacientes que precisam dos atendimentos”, denunciou.

O superintendente do HULW, Arnaldo Medeiros, disse que somente as novas marcações de consultas ficaram suspensas, mantendo o atendimento normal de quem já as tinham agendado, mas que devido à ‘cultura de greve’, percebeu-se que com o passar das semanas houve uma gradativa diminuição de procura pelos serviços, bem como casos pontuais de falta de profissionais. “Se os médicos são docentes, alguns deles fizeram greve e não estão vindo. Com o passar do tempo, observamos que o movimento vai aumentando o absenteísmo, tanto do paciente, quanto dos profissionais, pontualmente e não sistemático”, afirmou.

Segundo ele, cerca de 500 consultas e exames são realizados por dia. Considerando a normalidade dos serviços durante cinco dias por semana, ao final do mês, o número chega a uma média de 10 mil atendimentos. Já as cirurgias, que são eletivas, somam uma média de 30 procedimentos diários, que conforme Arnaldo Medeiros, não foi comprometido com a greve. “O nosso bloco cirúrgico está funcionando normalmente. Como são cirurgias eletivas, são marcadas com meses de antecedência e não seria justo com o paciente de ter o procedimento cancelado. Somente os novos agendamentos não estão sendo feitos”, garantiu.

Servidores reivindicam reajuste

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintespb), Severino Ramos, a categoria reivindica por reposição salarial de 27,03% do período entre os anos de 2011 e 2015, direito a data base e a negociação coletiva, reposicionamento de aposentados dentro do Plano de Cargos, Carreira e Remunerações (PCCR), isonomia salarial e benefícios de demais categorias do serviço público. Ele disse que somente quando a demanda for atendida pelo governo federal a greve deverá ser encerrada. “No último dia 25 de junho, o governo recebeu o comando de greve, mas não atendeu as reivindicações, por isso rejeitamos a proposta e marcamos uma nova agenda para o próximo dia 7. Se ele apresentar uma proposta séria, que atenda a nossa demanda, estaremos dispostos a entrar em acordo e encerrar a greve”, afirmou.

Jornal da Paraíba