A MAIS VIOLENTA DO BRASIL ? Hoje, João Pessoa é vista não mais como uma cidade humana e verde. - Por Francisco Evangelista

A violência não para
Perante a órgãos internacionais se destaca como a quarta cidade mais violenta do mundo e em primeira lugar dentro do ranking nacional.

Por Francisco Evangelista

Do Jornal Correio da paraíba.

Sempre conheci esta cidade como um jardim e uma das mais verdes do mundo. Talvez um pouco de exagero, mas em qualquer hipótese trata-se de um grande e real reconhecimento. Sempre seus jardins e suas praças foram bem cuidadas, havendo até estímulo a quem plantasse uma árvore. Se a memória não me trai, o professor e ex-prefeito Luiz de Oliveira Lima, figura humana extraordinária, nas horas vagas, ele mesmo plantava e regava as árvores floridas das cidades. Tempos bons nunca voltam, infelizmente.

Hoje, João Pessoa é vista não mais como uma cidade humana e verde. Perante a órgãos internacionais se destaca como a quarta cidade mais violenta do mundo e em primeiro lugar dentro do ranking nacional. Não é um título que se possa ostentar com orgulho, mesmo fazendo parte de um País onde se mata tanto quanto o Iraque ou o Afeganistão. Tudo isto foi constatado pelo escritório das Nações Unidas sobre drogas e crime, que considerou alarmante o crescimento de crime de homicídios no Nordeste, com destaque para a Paraíba. E foi a organização mexicana, Conselho Cidadão, que considerou João Pessoa como a nona cidade mais violenta do mundo.

Uma pena é que João Pessoa, enquanto se destaca na violência, inexiste ação por parte dos poderes públicos para solucionar os grandes desafios em vários setores, como o de mobilidade, proteção dos seus logradouros, investimentos nos setores de lazer e infra-estrutura das praias e em outros setores. O feito mais importante nas praias foi a instalação de dezenas de radares, objetivando redução de velocidade, quando isso deveria ser feito através de um processo educativo.

Por que a prefeitura não faz o que foi feito no Rio, principalmente na praia de Copacabana, onde instalaram muitos banheiros e sanitários subterrâneos ao lado de barracas padronizadas? Por que a prefeitura não instala vários equipamentos para a prática de esportes, considerando as praias um dos setores mais democráticos de qualquer cidade?

Quanto à mobilidade urbana, o último elevado construído data de mais de 15 anos, aquele próximo ao Centro Administrativo da prefeitura. O projeto de acesso ao bairro de Mangabeira, antes mesmo de ser iniciado, existe uma disputa interminável entre o Estado e a prefeitura, prejudicando a execução da obra. Quanto ao acesso ao conjunto Geisel, parece-me que nem projeto existe e a avenida Beira-Rio continua, às vezes alagada, e com seu trânsito em dificuldade.

Outro desafio para o Estado e a prefeitura é a solução da falésia do Cabo Branco que está se diluindo. Semana passada aconteceram manifestações em sua defesa. Se providências não forem tomadas, em breve a estrada que a margeia será interditada. É uma pena para não se dizer uma vergonha. Ai estão os desafios aos poderes públicos dando destaque evidentemente a violência.