ferida profunda

Em Nota Pública, AMPB repudia comemorações ao golpe de 64

Como defensora da jurisdição brasileira, a AMPB entende que não há nada relacionado à ditadura no Brasil para ser festejado, pois o regime feriu profundamente os poderes constituídos nos mais diferentes âmbitos da nossa sociedade

Diante da recomendação do presidente da República Jair Messias Bolsonaro ao Ministério da Defesa de se “comemorar devidamente” o golpe de 1964, que derrubou, em 31 de março do referido ano, o governo de João Goulart e levou o Brasil a 21 anos de um regime de exceção e desfortúnio, a Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB)  vem a público repudiar totalmente tal iniciativa, que foi veiculada pela imprensa nacional na última segunda-feira (25 de março).

Como defensora da jurisdição brasileira, a AMPB entende que não há nada relacionado à ditadura no Brasil para ser festejado, pois o regime feriu profundamente os poderes constituídos nos mais diferentes âmbitos da nossa sociedade.

A AMPB aponta que a “celebração” de tal período encontra-se em desconformidade com o Relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), instituído pela Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011, e relembra que vários magistrados paraibanos sofreram perseguição política e foram cassados e afastados de suas atribuições jurídicas, foram mais dez juízes e um desembargador removidos de seus cargos, que passaram a receber aposentadoria compulsória. A Associação, inclusive, encaminhou provas à Comissão da Verdade, no ano de 2012, que comprovam tais violações sofridas pelos magistrados.

A Associação reforça seu posicionamento em defesa do Estado Democrático de Direito, atendendo à disposição estatutária (Art. 2º, § VII do Estatuto da AMPB), bem como o respeito às vítimas da Ditadura, período tão obscuro da história de nosso país.

João Pessoa, 28 de março de 2019

Juíza Maria Aparecida Sarmento Gadelha

Presidente da AMPB

Fonte: AMPB
Créditos: AMPB