'Perseguição'

“É um processo de perseguição política”, afirma Dilma em ato pró-Lula

Enviado especial a Porto Alegre (RS) – Um apagão atrapalhou o ato “Mulheres pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato”, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na manhã desta terça-feira (23/1). Prevista para começar às 9h, a manifestação a favor do ex-presidente, que terá recurso julgado pelo 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4) nesta quarta-feira (24), decidiu deixar o prédio em Porto Alegre às 10h20, quando a energia ainda não havia sido restabelecida. Esperada desde o início do ato, a ex-presidente Dilma Rousseff só chegou ao local por volta das 12h15.

Em cima de um carro de som, Dilma afirmou que, por conta da popularidade crescente do colega petista, “antes Lula tinha que ser destruído, agora tem que ser aniquilado”. “É um processo de perseguição política”, disse. “Não seria perseguição se aquilo pelo que ele foi acusado fosse verdade. É possível dizer que a acusação não tem base, pois para ter qualquer ilegalidade ele teria que ter um ato de ofício e teria que ter um benefício próprio. Ato de ofício de um presidente pode ser uma lei, um projeto, um contrato. Não tem nada que demonstre que o presidente fez”, continuou.

A ex-presidente destacou, ainda, que não existe opção de postulante petista à Presidência, caso Lula tenha a candidatura inviabilizada. “Nós achamos que Lula é inocente e, por isso, não temos plano B. Ter plano B quando se trata de um inocente é covardia”, disse.

Canto no escuro
Enquanto ainda estavam no escuro e sem a presença de Dilma, as manifestantes, iluminadas por aparelhos celulares, entoaram canções acompanhadas de instrumentos de percussão: “Feministas, revolucionárias, no batuque do tambor, a reforma social. Nós somos as mulheres da marcha mundial, contra a pobreza e a opressão do capitalismo patriarcal. Nós vamos provocar uma revolução mundial. Ê, mulheres libertárias. Ê, mulheres, feministas revolucionárias no batuque do tambor”, foi um dos cânticos.

O ato partiu para o lado de fora, com mais de 500 pessoas reunidas. Entre bandeiras com o rosto de Dilma e Lula e de associações, como a União Jovem Socialista (UJS), a União Brasileira de Mulheres (UBM) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a animação continuou em frente à Assembleia Legislativa.

Em meio às participantes, estavam as deputadas federais Alice Portugal (PCdoB-BA) e Maria do Rosário (PT-RS), as senadoras Gleisi Hoffman (PT-RS) e Fátima Bezerra (PT-RN), e a deputada estadual e pré-candidata à Presidência da República, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), além de líderes sindicais e movimentos sociais.

A deputada Maria do Rosário disse que o ato tinha o objetivo de destacar “a luta pela igualdade de direitos e a falta de provas contra o ex-presidente Lula, que é pauta democrática para o Brasil”.

Já Manuela D’ávila afirmou que a manifestação representa a “luta das mulheres reunidas após o golpe que teve início em 2016”. “Este é o dia seguinte, e estamos aqui para garantir que Lula concorra nas próximas eleições”, disse a pré-candidata, que pode enfrentar diretamente o petista no pleito deste ano.

Quando Dilma chegou ao local, mais de 1 mil pessoas a aguardavam. Porém, em meio à multidão que aplaudia o discurso de Dilma, muitos trabalhadores tentavam tocar a vida normalmente. O comerciante Alex Cristiano da Silva, 46 anos, parou para observar o que dizia a ex-presidente. Apesar de considerar o ato legítimo, ele não concorda com a defesa que Dilma fez do ex-presidente Lula. “Eu acho que eles têm culpa, ajudaram a quebrar o Brasil, mas cada um acredita no quer, né?”, disse.

Às 17h desta terça-feira (23/1), é prevista a participação de Lula em protesto da militância na chamada Esquina Democrática – cruzamento entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre, e tradicional ponto de manifestações populares na cidade. Ao seu lado, deverá estar Dilma Rousseff.

No fim da tarde, também será realizado protesto contra o ex-presidente coordenado pelo Movimento Vem pra Rua, no Parque Moinhos de Vento, o Parcão, espaço usual de protestos em apoio à Lava Jato, em Porto Alegre.

Fonte: metropoles
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