no dia da Consciência Negra

Além de Zumbi, outros guerreiros negros lutaram contra a escravidão no país  

Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, traz a ideia de imortalidade no significado do seu nome, originário das línguas bantas. Sua história de resistência sobreviveu ainda hoje. O dia de sua morte marca o Dia da Consciência Negra (20/11).

Mas foram muitos os guerreiros que resistiram contra a escravidão no país. E boa parte é tão pouco conhecida quanto a princesa de Cabinda chamada Zacimba Gaba. Só na região norte do Espírito Santo, no Vale do rio Cricaré, onde existem dezenas de comunidades quilombolas, diversos negros feitos escravos fizeram história. Eles têm suas sagas registradas no livro “Os Últimos Zumbis”, de Maciel Aguiar.

Na primeira metade do século 19, surge a figura de Benedito Meia-Légua, que aterrorizou fazendeiros da região. Organizou vários grupos de negros revolucionários, que entravam na luta. E em cada grupo um integrante se vestia como Benedito Meia-Légua para confundir os capitães-do-mato, que passaram quarenta anos no encalço do guerreiro. Dizem que no fim de sua vida ele carregava num embornal a imagem de são Benedito, santo dos negros. Sua última morada foi no oco de uma grande árvore, que acabou sendo incendiada por seus perseguidores. Morria, assim, um dos grandes guerreiros da região.

Outra figura lendária da região é Viriato Canção-de-Fogo, que diziam ter vindo ao Brasil ainda menino, num navio abarrotado de africanos. Corria a lenda que ele só andava na escuridão, nunca na luz do dia. Era temido por seus poderes, devido à prática da cabula, uma religião africana. Quando algum escravo em fuga estava encurralado, gritava pelo nome de Viriato, que surgiu para socorrê-lo. Ninguém sabe como ele morreu.

Na segunda metade do século 19, Constança de Angola marca a triste história dos filhos de escravos no período. Os filhos dos escravos, depois da Lei do Ventre Livre (1871), não podiam trabalhar e significavam prejuízo para os escravocratas (aqueles que tinham escravos). Cruelmente, muitos foram queimados e afogados pelos donos das fazendas. Foi o que aconteceu com o filho de Constança, que foi jogado na fornalha por chorar insistentemente. A mãe do menino acabou acorrentada para que não pudesse se vingar, mas conseguiu fugir e se juntou a outros guerreiros. Lutou muito, até morrer enfrentando seu pior inimigo, o capitão-do-mato Zé Diabo, que também foi morto no duelo.

Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo