Entrevista

EXCLUSIVO: Ruy Carneiro promete mudanças radicais na cidade e o lançamento da maior aliança política da história de João Pessoa

O Polêmica Paraíba apresenta a partir desta segunda (22), entrevistas com os seis pré-candidatos a Prefeito de João Pessoa, no pleito do dia 6 de outubro.

Arte: Marcelo Jr

O Polêmica Paraíba apresenta a partir desta segunda (22), entrevistas com os seis pré-candidatos a Prefeito de João Pessoa, no pleito do dia 6 de outubro.

As eleições desse ano tendem a repetir o mesmo esqueleto de 2020, quando tivemos um grande número de candidaturas, dos mais diferentes espectros políticos, disputando o voto dos pessoenses.

O nosso primeiro entrevistado será o Deputado Federal Ruy Carneiros (Podemos). Após tentativas em 2004 e 2020, Ruy retorna amparado em uma boa votação no último pleito, e em se colocar afastado da polarização entre direita e esquerda, que vem norteando as últimas eleições.

CONISDERAÇÕES INICIAIS

Polêmica Paraíba: Essa será a terceira tentativa do Senhor em ser Prefeito da capital, quais as lições que o Senhor tira daquelas eleições e que podem lhe ajudar em 2024?

Estou mais preparado, mais maduro, mais experiente. Aprendi muito com a população, aprendi muito fazendo e trabalhando para garantir mais atenção à saúde, mais apoio ao Napoleão Laureano, para onde a população vai em busca de atenção. Conheço de perto os problemas e principalmente os caminhos para solucionar boa parte dos problemas de João Pessoa porque tenho andado ainda mais pela cidade e conversado com a população sobre as reais necessidades nos mais variados segmentos. Tenho uma profunda conexão com a minha João Pessoa e muita vontade de ter essa oportunidade de fazer muito mais, em menos tempo e melhor pela nossa cidade.

PP: A polarização continua em alta e o Senhor é um nome do centro, o Deputado teme ficar ofuscado por essa polarização?

É João Pessoa acima de tudo. As pessoas querem um prefeito que resolva os problemas. Querem ter o medicamento na hora que precisarem, querem médico e atendimento. Querem vaga de creche e escola onde seus filhos aprendam português e matemática, entre outras matérias. Elas querem menos briga e mais trabalho, menos ódio no coração e mais resultado. O caminho que escolhi foi este: trabalhar para toda a cidade, independente de quem as pessoas votam para presidente. É assim que tem que ser. Além disso, eu tenho uma boa relação com diversas pessoas que militam em campos políticos distintos, seja de esquerda, direita ou centro. O importante é o equilíbrio entre as relações e principalmente o projeto que será apresentado para a cidade.

GESTÃO CÍCERO

PP: Quais são as principais falhas da gestão Cicero?

João Pessoa está decepcionada e indignada com a gestão, que prometeu ser a melhor da vida do prefeito, e claramente não é. É a pior. É uma administração com validade vencida, com um modelo de gestão do passado, que já não responde às necessidades da população. São 11 anos de gestão e de promessas. A população está cansada de mentiras e de tentativas de enganar as pessoas. Se fala em unidades de saúde reformadas e o CRM interdita esses mesmos locais por falta de condições mínimas. São promessas de ônibus climatizados, com internet e carregadores de celular, mas na realidade as pessoas sofrem com redução das linhas, veículos sucateados, atraso nas viagens e superlotação. Isso sem falar na tentativa de enganar as pessoas com 20 ônibus geladinhos. Veículos que foram anunciados como novos, mas são de 2018, chegaram com aumento da passagem e retirando o direito à gratuidade para idosos, pessoas com deficiência e demais grupos prioritários.

É uma gestão que prioriza a família do Prefeito, empregando a cunhada no principal cargo da educação e a filha na saúde. Falta diálogo com a população. Uma ideia absurda de alargamento da orla, sem ouvir as pessoas e nem realizar nenhum estudo de impacto ambiental. A construção de um Plano Diretor que não respeitou as especificidades da nossa capital foi plagiado em mais de 72%. Intervenções na orla sem conversar com comerciantes, trade turístico, artistas e demais segmentos que fazem a economia girar.

No Centro Histórico a situação também é deplorável. Faltam incentivos efetivos, diálogo com quem mora ou trabalha na região e sobram novas promessas sem perspectivas de aplicação prática. Eu tenho buscado fazer minha parte destinando emendas, cobrando as demais autoridades e tentando mobilizar a bancada paraibana para priorizar o cuidado com essa região histórica. Os Mercados Públicos sofrem com a ausência completa da gestão. Espaços sem cobertura ou com o teto caindo em cima das pessoas, esgotos correndo a céu aberto, lixo, mato, insetos e vários animais circulando livremente em quase todos esses espaços. Destinei uma emenda no valor de R$ 1 milhão para ajudar nas reformas, mas até agora nenhum recebeu o reparo devido.

PP: O Senhor é um parlamentar muito ligado a área da saúde, qual a opinião do Deputado acerca da saúde na capital?

A saúde da capital atualmente é considerada a pior do país na questão da atenção básica, que é a porta de entrada dos pacientes. Os dados do Previne Brasil comprovam essa grave situação e ao mesmo tempo mostram que outras cidades aqui perto estão conseguindo fazer diferente, a exemplo de Maceió e Natal. Com gestão, com investimento certo, dá pra ser melhor. Eu sei como fazer porque atuo na saúde há muitos anos. Tem coisa que é básica, que é simples, que é só deixar de lado a politicagem e querer fazer, fazer gestão, botar um gerente técnico em cada área.

PP: Deputado, qual é na sua opinião, o principal problema enfrentado pelos habitantes da capital?

O abandono. O prefeito está em seu terceiro mandato e o que é que realizou de transformador na nossa cidade? É uma gestão de muita promessa e pouco compromisso da atual gestão. Os ônibus são a cara da gestão, lentos, ineficientes, caros, prejudicam toda a população, principalmente as trabalhadoras e trabalhadores. E agora teve mais um aumento de passagem para colocarem esses poucos geladinhos, que são velhos e quebram o tempo inteiro. Por que entra prefeito e sai prefeito e isso não muda? Porque é um velho esquema feito para beneficiar alguns poucos.

Na saúde, a grande mudança foi o prefeito colocar a filha para administrar o orçamento. De acordo com o Ministério da Saúde, João Pessoa ocupa a pior posição entre as capitais do Brasil no quesito saúde básica. Os dados são do Programa Previne Brasil, que mostra a capital paraibana com a pior nota nacional, de 3,67. Na prática, isso é a comprovação do que as pessoas denunciam diariamente, seja em relação a unidades de saúde fechadas ou caindo aos pedaços, a falta de medicamentos, postos sem médicos e dentistas, atrasos absurdos na realização de exames. Isso é ainda mais absurdo porque só o orçamento da saúde em João Pessoa representa quase o valor total dos recursos que Campina Grande possui. É a demonstração que não é por falta de dinheiro. É uma administração ultrapassada e que não consegue garantir os serviços básicos para aquelas pessoas que mais precisam.

ARTICULAÇÕES POLÍTICAS

PP: O Senhor tem o perfil do futuro Vice? Algum partido teria no momento o direito de indicar o seu companheiro de chapa?

Na hora certa vamos falar de vice. O fundamental é que esteja comprometido com as mudanças que a população espera fazer na gestão, para que João Pessoa assuma um lugar de destaque no cenário regional e nacional, não apenas no turismo, mas principalmente como cidade referência em qualidade de vida. Entendo que a composição política é importante, mas o que vamos priorizar é o perfil ideal para trabalhar pelo desenvolvimento da cidade.

PP: O Senhor espera apoios de União Brasil e MDB?

Os senadores Efraim Filho e Veneziano Vital do Rêgo têm demonstrado um forte compromisso com o crescimento de João Pessoa. Lutam em Brasília para garantir investimentos para nossa cidade. Tenho conversado com eles sobre a necessidade de garantirmos um grande arco de aliança para que nossa capital possa ter uma gestão nova, renovada, focada no futuro, ousada, inovadora, humana e sustentável, feita para oferecer oportunidades às pessoas. É com base nesse compromisso que estamos avançando na construção de uma grande aliança em favor de João Pessoa. Estamos prontos para lançar a maior aliança desta cidade.

PP: O Senhor é de um partido pequeno e que terá pouco tempo de guia eleitoral e recursos escassos. O Podemos tem as condições necessárias para sustentar a sua candidatura?

Vamos ter uma grande coligação e um tempo extraordinário de TV e rádio para apresentar esse projeto de mudança que a nossa cidade tanto espera. Vamos vir com tudo porque João Pessoa não quer mais quatro anos dessa gestão do passado, vencida e sem energia para fazer o que a população quer.

PP: Em um eventual segundo turno, quais candidatos o Senhor acredita que teria maior afinidade para uma aliança?

João Pessoa tem pressa para sair desse marasmo, para mudar essa gestão com validade vencida. Mais importante do que candidato A ou B, o fundamental é conversar com as pessoas sobre o desejo de mudança e o projeto que defendemos para que a nossa cidade retome seu crescimento. Quem estiver alinhado com esse desejo, pode naturalmente fazer parte da construção. O mais importante é que todos estejam alinhados em relação a mudança que a cidade necessita e principalmente a melhoria na qualidade de vida das pessoas.

PROMESSAS

PP: Qual o principal projeto que o Senhor tem para a cidade de João Pessoa?

Vou intervir no sistema de ônibus. Se for preciso, vamos contratar outras empresas, mas do jeito que está não vai continuar. Tem que acabar com esse esquemão, em que as empresas fingem que prestam um serviço e a prefeitura finge que fiscaliza. Outras cidades fizeram isso e deu certo. Por que João Pessoa não consegue? Vamos obrigar as empresas a colocar ônibus suficientes, a reativar as linhas que foram suspensas e garantir uma tarifa justa. Se for preciso, a gente muda as empresas.

Vamos investir o que for preciso para que as pessoas possam circular, trabalhar, produzir, para que a economia e a vida na nossa cidade possa circular. João Pessoa tem tudo para ser referência nacional em transporte público, e vou fazer isso. Nas outras áreas, vou dar um choque de gestão para mudar essa situação de abandono. As prioridades são as ações emergenciais para garantir saúde de qualidade, educação que assegure vaga nas unidades, ensino e merenda de qualidade e ônibus eficientes.

Na saúde, será necessário um mutirão para desafogar as consultas, exames e cirurgias de pessoas que esperam há anos por esses procedimentos. Na educação, a melhoria dos serviços passa pela ampliação no número de vagas e melhoria da qualidade da merenda, que recentemente foi alvo de questionamento por parte do Governo Federal.

PP: O Senhor tem um projeto para a orla e Barreira do Cabo Branco? Pois o risco da Barreira desabar completamente piora a cada ano.

Qualquer tipo de intervenção na orla de João Pessoa precisa ser realizada com base em um estudo de impacto ambiental e ouvindo especialistas aqui das nossas universidades que já acompanham a situação. Existe a informação de um estudo que foi feito há poucos anos, que pode ser atualizado para agilizar o diagnóstico mais preciso.

É evidente que a situação da Barreira do Cabo Branco precisa de uma intervenção para evitar novos desabamentos. Porém, é preciso estudar as possibilidades específicas para que tudo seja realizado com o menor impacto possível no meio ambiente e nas demais áreas que podem ser afetadas.

PP: João Pessoa é uma das cidades mais procuradas pelos turistas, quais seriam os projetos do Senhor para pontos turísticos, como Centro Histórico e Estação Ciência?

O primeiro passo é organizar um calendário turístico e assumir uma postura ativa. João Pessoa precisa estar entre os principais destinos turísticos do Brasil e rapidamente. Mas, para isso, é preciso tirar definitivamente o Centro Histórico do abandono. Vou instalar no centro uma subprefeitura, para já movimentar aquela região, e colocar em prática uma série de experiências bem-sucedidas, como as do Recife. Nós temos a terceira cidade mais antiga do Brasil e um centro histórico muito mais rico do que a maioria das cidades brasileiras. Não faz sentido não explorarmos de maneira intensiva e eficiente.

Além das ações emergenciais na questão da infraestrutura, iluminação e reforço do efetivo da Guarda Municipal, vamos concentrar as ações das principais secretarias do município numa subprefeitura instalada lá, para que as intervenções consigam avançar de forma rápida, integrada e efetiva. Na Estação Ciência, os espaços são pouco explorados. Para piorar a estrutura ainda fica completamente fechada nos finais de semana e feriados, período onde existe um maior número de turistas na cidade. É preciso ampliar esse funcionamento, criar um calendário de atividades e ao mesmo tempo incentivar artistas e a cultura local com exposições e a ocupação do equipamento.

PP: O que os pessoenses podem esperar da sua possível gestão?

Vamos promover as mudanças que a população espera. A maioria da nossa cidade exige que haja uma mudança de gestão, que tenhamos uma administração com atitude, focada em promover a geração de emprego, mas também na oferta de serviços públicos. João Pessoa precisa de um sangue novo, de um time com experiência, mas principalmente com gás e vontade de fazer. Eu tenho vivido a realidade de João Pessoa há muitos anos e conheço as reais necessidades e virtudes da cidade. Precisamos de uma gestão com perfil técnico, com profissionais capacitados e sempre buscando ouvir as demandas da população. João Pessoa possui um potencial extraordinário em diversas áreas, mas a lentidão e a burocracia da atual gestão praticamente travaram e têm atrapalhado a vida das pessoas. Vamos recolocar a cidade no ritmo do crescimento, gerando novas oportunidades para quem está por aqui e atraindo novos investimentos.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba