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ENTREVISTA: Luciano Cartaxo reafirma intenção de concorrer a Prefeitura da capital e diz que PT não apoiará Cícero no primeiro turno

Luciano Cartaxo é um dos principais nomes do PT e da esquerda na Paraíba. O político natural de Sousa começou a sua carreira Universidade, quando quando foi eleito coordenador do Centro Acadêmico (CA) de Farmácia da UFPB e secretário geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE). 

Arte; Marcelo Jr

Luciano Cartaxo é um dos principais nomes do PT e da esquerda na Paraíba. O político natural de Sousa começou a sua carreira Universidade, quando quando foi eleito coordenador do Centro Acadêmico (CA) de Farmácia da UFPB e secretário geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

A sua primeira eleição foi em 1996 quando se tornou Vereador da capital, cargo no qual conseguiu ser reeleito por mais três mandatos. Em 2006 foi candidato a Vice-Governador na chapa do saudoso José Maranhão, que acabou sendo derrotada, mas tomou posse após a cassação de Cássio Cunha Lima em 2009.

Na eleição de 2010 foi eleito Deputado Estadual pela primeira vez ao atingir 24.296 votos. Apoiado por Lula e Dilma decidiu sair candidato a Prefeito da capital em 2012, vencendo uma eleição disputadíssima que contava com a candidata apoiada pelo Governador, Estela Bezerra e dois ex-Governadores, José Maranhão e Cícero Lucena.

Essa eleição foi a primeira grande vitória do PT no estado, mas a sua saída para o PSD em 2015 causou polêmica entre os militantes do partido. Após ser reeleito em 2016, na época filiado ao PV, Cartaxo voltou a legenda do Presidente Lula no final de 2021, se elegendo Deputado Estadual nas últimas eleições.

Nessa entrevista exclusiva, o Deputado tece criticas a gestão Cícero Lucena, reafirma que o PT terá candidato próprio na capital e manifesta o desejo de ser candidato a Prefeito em 2024, .

Vitor Azevêdo: Como o Deputado avalia a gestão Cícero?

“A gestão está frustrando expectativas. Cícero tem se mostrado um prefeito que faz más escolhas. Escolheu abandonar a saúde e a educação para botar centenas de milhões de reais no alargamento da faixa de areia em toda a orla de João Pessoa”.

“E eu não digo que ele abandonou só a saúde. A mídia fala muito da saúde, mas Cícero também abandonou a educação. Se jogar luz na educação vai se descobrir queda na qualidade da merenda, atraso na entrega de fardamentos, escolas em tempo integral desativadas, quando não estão abandonadas, reformas atrasadas e nenhuma, repito, nenhuma escola nova ou creche nova. Fora, claro, tudo que já se sabe de péssimo na saúde: falta de medicamentos, postos de saúde sucateados, queda brutal na qualidade do atendimento, filas enormes nas UPAs e hospitais”.

“No transporte público também vemos problemas. Cadê os ônibus novos, com wi-fi e ar-condicionado prometidos na campanha? Nosso Centro Histórico está abandonado, o Parque da Lagoa se deteriorando. Na habitação não vemos nenhuma nova moradia além das que eu já havia deixado encaminhadas quando prefeito. Nenhuma inovação positiva. Só a invencionice de botar areia onde já tem para agradar especuladores do mercado imobiliário”.

“Em resumo: as escolhas de Cícero são péssimas para maior parte da população, maior prova está no alargamento da orla para fazer especulação imobiliária. Isso não vem de nenhuma demanda popular. É uma péssima ação para a totalidade do povo de João Pessoa.

VA: O Deputado foi um dos primeiros nomes a declarar apoio a João no segundo turno, como o Senhor vê esse começo de segundo Governo de João, bem atrelado a Lula e ao PT?

“O Governador João votou no Presidente Lula no 1° e 2° Turno, então o voto em João foi um caminho natural para nosso campo político, campo este do qual Cícero definitivamente não faz parte, é preciso lembrar”.

A saída do Deputado do PT em 2015 ainda repercute na política paraibana, por muitos acreditarem que o Senhor saiu do partido onde passou toda sua vida pública, quando o PT estava mais fragilizado. Como o Deputado vê esse processo quase 8 anos depois, se arrepende da decisão? acha que deveria ter feito algo de diferente?

“Iniciei minha vida política no PT, partido que tenho identidade e sintonia. Fato é que desde sempre estive no campo progressista. Votei em Lula e o apoiei em todas as seis eleições que ele disputou nos últimos 34 anos. E votei as duas vezes na presidenta Dilma. É o partido que militei a minha vida toda, retornei em um momento difícil para o partido, em uma eleição histórica e polarizada. Fui convidado e muito bem recebido pelo partido, ao qual tenho ótimas relações”.

VA: O Senhor demonstrou vontade de ser o candidato do partido em 2024, o Deputado acredita que seria melhor para o PT a realização de uma prévia? Pois os bastidores falam em outros nomes qualificados como Marcos Henrique e Cida Ramos.

“A democracia interna do PT é histórica e é permanente. Seja por meio do debate político, seja por eleição interna, a escolha do representante do nosso partido se dará democraticamente. Sou eterno defensor do diálogo”.

VA: Nós vemos no PT duas alas na questão da candidatura própria a João Pessoa em 2024, uma comandada pelo Presidente Jackson que parece querer apoiar Cicero Lucena em uma “frente democrática”, e a outra encabeçada por parlamentares como o Senhor. O Deputado acredita que possa existir a aliança com Cicero em primeiro turno ou o PT tem que ter um candidato?

“Cícero sempre teve um lado na política e seu lado nunca foi o lado progressista. Cícero nunca demonstrou apoio ao presidente Lula e sempre esteve no lado contrário daquilo que defende o PT. O maior sinal disso é a sua gestão, que não tem foco na melhoria da qualidade de vida do povo”.

“Cícero não tem identidade com aquilo que defende o partido. Além do mais o diretório nacional tem reforçado que onde houver candidaturas competitivas o PT lançará candidatura própria, o que nos deixa muito animados. Sobretudo pelo trabalho reconhecido que temos em João Pessoa quando estivemos a frente da Prefeitura. Está no desejo da militância oferecer um nome forte e que represente as bandeiras do partido. Ou seja, não há qualquer sentido no apoio a Cícero. Primeiro porque ele não representa as bandeiras do nosso partido, não tem sintonia com o PT, além do que temos nomes competitivos nos quadros do partido para que tenhamos candidatura própria”.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba