Mudanças

Em busca da sobrevivência, partidos políticos tendem a se unir para formar novas agremiações; veja possíveis mudanças

Com a exclusão da possibilidade de volta das coligações partidárias protagonizada pelo Senado Federal durante a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma eleitoral, uma alternativa anteriormente discutida por partidos políticos deverá voltar à tona: a fusão partidária.

Com a aplicação da chamada cláusula de barreira, que começou a valer em 2018 e cresce gradualmente a cada pleito (somente nas eleições gerais, uma vez que o cálculo é obtido a partir do desempenho nas eleições para deputado federal), os partidos precisam atingir um percentual mínimo de votos para continuarem tendo acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio. Essa medida, criada para diminuir o número de partidos políticos no país (atualmente são 33), atinge principalmente as siglas menores, incapazes de alcançar essa média.

Levando em consideração os resultados das eleições municipais de 2020 (dados que não são levados em conta no cálculo da cláusula), o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) calculou que, se os percentuais de votação fossem parecidos, 15 dos atuais 33 partidos políticos poderiam não atingir o número mínimo em 2022. Seriam eles: Pros, PV, PSOL, PCdoB, PRTB, PTC, PMN, DC, Rede, Novo, PMB, UP, PSTU, PCB e PCO.

DEM e PSL

Discussões acerca da fusão entre partidos não são novas, mas ganharam peso neste ano. A união mais clara e mais próxima de acontecer é entre o Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL). Nacionalmente, ambas as siglas têm sinalizado que a oficialização ocorra ainda em outubro. As discussões sobre o estatuto já teriam sido iniciadas.

Esse novo partido, ainda sem nome e número, passaria ser a sigla com a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 81 deputados, sendo 53 do PSL e 28 do DEM. Já no Senado, a bancada será composta por sete senadores. Além disso, passará a ter o maior tempo de propaganda eleitoral paras as eleições e mais fundo partidário e eleitoral.

A tendência, inclusive, é que o deputado federal Julian Lemos (PSL) assuma a presidência da nova sigla na Paraíba. Procurando recentemente pelo Polêmica Paraíba para comentar sobre, Julian preferiu não responder e disse “esperar que as coisas aconteçam”.

PSB e PCdoB

Um dos mais tradicionais partidos ameaçados pela cláusula, o PCdoB é uma das siglas que defendem a fusão de agremiações e estuda uma união com o PSB. Com fortes rumores de união nos corredores de Brasília, dirigentes de ambos os partidos, no entanto, não admitem de maneira oficial a fusão ou sequer conversas nesse sentido. Contudo, parte do PCdoB defende que o partido não deveria abrir mão do seu nome e bandeiras históricos, e isso pode travar o processo.

Recentemente, Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, falou que não há nenhuma discussão com o PCdoB acerca de uma união. No entanto, segundo a imprensa nacional, a fusão tem até nome: Socialistas.

Cidadania, Rede e PV

Outra fusão bastante discutida no primeiro semestre deste ano e que deve voltar à pauta das suas respectivas lideranças é uma união tripla entre Cidadania, Rede e Partido Verde (PV). O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, disse em entrevista à mídia nacional que a relação da sigla com o PV é ótima, e que se sentiria “satisfeito” se a fusão ocorresse. Roberto também revelou que em 2018 iniciou tratativas com o Rede para uma fusão de ambos, mas que o Rede depois recuou. Uma nova roda de conversas com esse propósito não pode ser descartada.

Quem também avalia como necessárias as conversas em prol de uma possível fusão envolvendo o Cidadania é o governador João Azevêdo (Cidadania). Em entrevista à rádio CPAD FM, nesta quarta-feira (23), o governador falou que as possibilidades de fusão ou incorporação não podem ser descartadas.

Sobre a decisão do Senado de excluir a volta das coligações, Azevêdo disse que “a tendência é acontecer o que está acontecendo com DEM e PSL, fusão, incorporação, criação de novo partido, isso que vai acontecer”.

“O Cidadania tem que fazer essa análise, com a estrutura e número de parlamentares que o Cidadania tem. Na Paraíba, somos Governo, temos 45 prefeitos, mais de 300 vereadores, teríamos condições de formar uma chapa, mas tem partidos que não montam”, avaliou. A sua perspectiva é que dos 33 atuais partidos, sobrem, após esses processos, algo em torno de 12.

PSB e PDT

Se especulava ainda uma possível fusão entre PSB e PDT. A possibilidade vem sendo discutida desde 2018, mas desde então as conversas têm esfriado. Também nesta quarta-feira (23), em entrevista ao jornalista Felipe Nunes, da Rádio Arapuan, o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, negou, a preço de hoje, qualquer possibilidade de fusão envolvendo a sigla.

Para Luppi, o PDT carrega consigo “muita história” e não pensa, neste momento, em uma fusão partidária.

Demais possibilidades

Demais fusões também começaram a ser especuladas pelo meio político. Existem rumores de união entre PSD e PSDB; PSD com Progressistas; PDT e PV; e um conglomerado entre PCdoB, PSB, PSOL, Rede, PMN, PV, PDT e PCB.

Do outro lado do espectro político, é cogitado que o PTB se una com o partido que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) venha a se filiar. Há também a possibilidade de união entre PTB, PSC, PROS, PRTB, Patriota, PL, PTC e DC.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba