Dilma não comenta saída de Levy: 'essa pergunta tem grau 90 de subjetividade'

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Brasília – A presidente Dilma Rousseff evitou comentar, na manhã desta sexta-feira, 11, a eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, do cargo. Questionada diversas vezes sobre a possibilidade, ela tentou se esquivar, mas diante da insistência de repórteres afirmou que não responderia “a pergunta com esse grau 90 de subjetividade”.

Como informou ontem o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, Levy admitiu em uma conversa com representantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) que poderá deixar o governo caso seja aprovada a proposta, defendida por uma ala do governo, de reduzir a zero a meta de superávit primário para o próximo ano, fixada por ele em 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Durante entrevista coletiva, após cerimônia no Palácio no Planalto, Dilma disse que ainda não há definição sobre alteração da meta de superávit primário para o próximo, mas reconheceu que não há consenso sobre o tema. “Essa é uma questão que o governo está discutindo. Dentro do governo pode ter posições diferentes e nós estamos discutindo”, disse.

Sobre o apoio formal do PSDB anunciado ontem a seu pedido de impeachment, Dilma afirmou não ser “nenhuma novidade”. “Não é nenhuma novidade, não é possível que os jornalistas aqui presentes tenham ficado surpreendidos”, afirmou.

Dilma destacou que a base do pedido e das propostas do pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “é do PSDB, sempre foi”. “Ou alguém aqui desconhece esse fato? Porque senão fica uma coisa um pouco hipócrita da nossa parte, nós fingirmos que não sabemos disso”, completou.

Em reunião realizada na noite desta quinta-feira, 10, em Brasília, integrantes da cúpula do PSDB fecharam questão a favor do impeachment. O encontro contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do presidente do Nacional do partido, Aécio Neves, dos seis governadores da legenda e lideranças do partido da Câmara e do Senado.

Defensiva

Mesmo com reclamações da oposição, ao chegar na cerimônia de entrega do Prêmio Direitos Humanos 2015, no Palácio do Planalto, Dilma foi recebida com manifestações de apoio. Quando se dirigia ao palco, a presidente ouviu os gritos de que “não vai ter golpe”.

Aécio disse ontem que o partido vai entrar com ação na Justiça Federal para impedir que a presidente use espaços e eventos públicos para se defender do processo de impeachment.

Durante a cerimônia, ao lado do presidente do Superior Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, Dilma afirmou que a democracia é um sistema que supõe participação de todos e respeito da vontade da maioria. “Estamos aqui com a devida autorização homenageando os agraciados do prêmio. Direitos humanos não é nem deve ser uma questão partidária, uma questão de facções e posicionamentos políticos diferentes”, disse.

Também participaram da cerimônia os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça); Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo); Nilma Lino (Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos); Gilberto Occhi (Integração Nacional); Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União).

Temer

A presidente negou ainda que o governo esteja interferindo em decisões do PMDB, presidido pelo vice-presidente Michel Temer. “O governo não tem o menor interesse em interferir nem no PT, nem no PMDB, nem no PR. Agora, o governo lutará contra o impeachment. São coisas completamente distintas”, disse.

Em uma ação para barrar a articulação do Planalto para tentar reconduzir Leonardo Picciani (RJ) à liderança do PMDB na Câmara, Temer interveio ontem e determinou que todas as novas filiações de deputados deverão passar pela Executiva Nacional. A ala pró-impeachment do partido também se movimenta para precipitar o rompimento do PMDB com o governo.

Em conversa na noite de anteontem com a presidente Dilma, o vice também pediu que a petista não interferisse na disputa interna da bancada, pois isso poderia aumentar a pressão para convocação antecipada da convenção nacional da sigla.

Dilma afirmou que a sua conversa com Temer foi “pessoal e institucionalmente, do meu ponto de vista, muito rica”. “Colocamos a importância de todos os nossos esforços em direção à melhoria da situação econômica e política do país”, disse. Em uma pequena gafe, Dilma chamou Temer de presidente e depois se corrigiu falando que era “presidente do PMDB”.

Estadão