Crise amplia racha entre caciques do PSDB

Setores do PSDB que vinham criticando a postura radical de integrantes da sigla no Congresso em votações de projetos com impacto sobre as contas públicas ganharam reforço de peso. O senador José Serra (SP) disse ver com "angústia" as consequências do desarranjo da base governista e o flerte da oposição com ameças ao ajuste fiscal. "O futuro não pode ser vítima de um presente de irresponsabilidades", disse à Folha.

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Da Folha de S.Paulo – Daniela Lima

O agravamento da crise ampliou as divisões existentes na oposição sobre a estratégia mais conveniente para lidar com o governo Dilma.

Setores do PSDB que vinham criticando a postura radical de integrantes da sigla no Congresso em votações de projetos com impacto sobre as contas públicas ganharam reforço de peso. O senador José Serra (SP) disse ver com “angústia” as consequências do desarranjo da base governista e o flerte da oposição com ameças ao ajuste fiscal. “O futuro não pode ser vítima de um presente de irresponsabilidades”, disse à Folha.

“O volume e a qualidade dos projetos que estão sendo apresentados não têm efeito apenas sobre o governo Dilma, mas principalmente a médio e longo prazo”, disse. Para o senador, “todos os que têm projeto de poder” devem levar isso em conta.

Serra só se dispõe a falar sobre os efeitos econômicos do desmonte do governo no Congresso, mas as discussões dentro de seu partido vão muito além dessa questão.

O PSDB está dividido sobre os rumos que deve adotar caso Dilma não consiga concluir o mandato. Se antes já havia divergência sobre o melhor desfecho, o avanço das articulações que tentam fazer do vice-presidente,

Michel Temer (PMDB), a saída menos traumática para o país ampliou o descompasso entre os presidenciáveis da sigla.

Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) comandou operação para sinalizar a Temer e a integrantes do próprio PSDB que uma composição entre tucanos e Temer, caso Dilma seja afastada, não será natural.

Com o consentimento dele, os líderes da sigla na Câmara e no Senado defenderam publicamente a renúncia de Dilma e Temer e a convocação de novas eleições como saída para a crise.

A ideia era recolocar em pauta o desfecho que Aécio considera ideal: o de que só alguém legitimado pelo voto pode reorganizar o país.

Além disso, era também uma mensagem contra o flerte de tucanos com Temer. Serra, por exemplo, vem sendo apontado como nome certo em um eventual ministério do peemedebista.

As declarações dos aliados de Aécio foram recebidas com surpresa no partido. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse a um aliado que a mensagem soou um tom “acima do possível