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Centro vê Bolsonaro derretendo, e oposição vai explorar caso Covaxin para impeachment

O depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid nesta sexta-feira (25) gerou forte impacto em setores não ligados ao bolsonarismo, como os partidos de centro e de oposição.

O depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid nesta sexta-feira (25) gerou forte impacto em setores não ligados ao bolsonarismo, como os partidos de centro e de oposição.

Ainda que tenham visões diferentes sobre o governo federal, eles concordam que o episódio apresenta grande poder de dano a Jair Bolsonaro, que atravessa processo de derretimento. Para o centro, aprofunda-se o processo de rejeição pública ao nome do presidente. Para a oposição, pode ser combustível para o início do processo de impeachment.

Segundo Miranda, Jair Bolsonaro teria deixado de informar as autoridades sobre denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin que estariam sendo coordenadas pelo líder de seu governo, Ricardo Barros (PP-PR), cacique do centrão.

Para lideranças de partidos de centro, independentemente da concretude das denúncias, as suspeitas turbinam o processo de derretimento de Bolsonaro.

“Diante dos fatos apresentados, não há pressão governista que possa impedir a CPI de ir a fundo nessa questão. Caso contrário, será o desgaste de seus integrantes e o fim da própria CPI”, diz Gilberto Kassab, presidente do PSD.

Pesquisa do Ipec divulgada na manhã de sexta-feira (25) mostrou Bolsonaro com 23% das intenções de voto no primeiro turno para a corrida eleitoral de 2022, muito atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 49%.

Segundo a pesquisa, a reprovação a Bolsonaro avançou dez pontos percentuais de fevereiro para cá, passando de 39% para 49%. Já a aprovação de Bolsonaro recuou de 28% para 24%.

Para esses líderes de partidos de centro, contribuem para o derretimento do presidente a CPI da Covid, a crise da Covaxin e todo o caldo de crises protagonizadas por Bolsonaro: a demissão de Ricardo Salles em meio a investigações da Polícia Federal; o ato de tirar máscaras de crianças em público; e os ataques de fúria contra jornalistas.

Esses líderes fazem parte de siglas do centro político, que é diferente do centrão, base de sustentação de Bolsonaro, composto por siglas mais conservadoras, como PP e Republicanos.

A oposição vê o caso Covaxin como possível pontapé inicial para o processo de impeachment de Bolsonaro.

Após a sessão da CPI da Covid, as deputadas Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) trataram da possibilidade de acrescentar as acusações referentes a Barros e Bolsonaro ao superpedido de impeachment que será protocolado na Câmara dos Deputados na quarta-feira (30).

Elas levarão o debate aos movimentos sociais e outros parlamentares que compõem o grupo de elaboração do superpedido, que reúne mais de 100 pedidos de impeachment feitos por siglas e grupos de oposição e parlamentares que se arrependeram de ter apoiado o presidente, como Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP).

A entrega dos pedidos contará também com um ato na Câmara dos Deputados, em Brasília, programado para as 14h30, com a presença de entidades que fazem parte da mobilização pelo superpedido, como UNE (União Nacional dos Estudantes) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), além de parlamentares.

Entre as lideranças de oposição, a expectativa é a de que a repercussão do caso sirva para aumentar o tamanho das manifestações nacionais contra Bolsonaro, atualmente marcadas para 24 de julho.

“Agora se criou de fato um clima para o impeachment”, diz Guilherme Boulos (PSOL), liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente Povo Sem Medo.

 

Fonte: Folha de São Paulo
Créditos: Folha de São Paulo