Estratégias

A UNIÃO DOS CONTRÁRIOS: para se enfrentarem nas urnas, Bolsonaro e Lula se aproximam de adversários históricos

Para se enfrentaram na disputa de 2022, o presidente Jair Bolsonaro, prestes a se filiar ao PL, e o ex-presidente Lula, articulam movimentações políticas que, até pouco tempo atrás, eram improváveis na cabeça do eleitor: eles decidiram se aliar a antigos adversários, com o objetivo de aglutinarem forças para a batalha eleitoral.

Para se enfrentaram na disputa de 2022, o presidente Jair Bolsonaro, prestes a se filiar ao PL, e o ex-presidente Lula, articulam movimentações políticas que, até pouco tempo atrás, eram improváveis na cabeça do eleitor: eles decidiram se aliar a antigos adversários, com o objetivo de aglutinarem forças para a batalha eleitoral.

Situado nos dois polos da política nacional, um na direita e o outro na ponta esquerda, e conhecidos por pautas mais radicalizadas e opostas, com maior capacidade de mobilização, mas também de rejeição, ambos buscam atrair as forças do meio, não só do campo político nacional, mas do eleitor que se identifica com causas mais moderadas do debate público.

De um lado, o presidente Jair Bolsonaro aliou-se aos dois maiores partidos do chamado ‘Centrão’, o Progressistas e o Partido Liberal (PL), tendo sinalizado que vai se filiar a este último, liderado por Valdemar da Costa Neto, de quem foi crítico. Um ex-aliado de Lula. Sem conseguir formar o seu Aliança Pelo Brasil, restou ao presidente uma agremiação que lhe garanta estrutura para disputar a reeleição.

Para justificar sua ida ao partido, Bolsonaro fez exigências: um alinhamento em torno das pautas conservadoras e das indicações dos candidatos que vão disputar cargos nos estados em 2022. “O casamento tem que ser perfeito, se não for 100%, que seja 99%, é isso que o povo espera”, disse o presidente. Depois de um adiamento, ambas as partes devem assinar em breve os documentos do ‘matrimônio’ eleitoral.

Do outro lado, Lula da Silva procura forças que eram seus ‘antagonistas’ em embates eleitorais e políticos, a exemplo de partidos que votaram pelo impeachment de Dilma, antes chamados de golpistas, ou até mesmo do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que disputou contra ele as eleições de 2006.

Em 2018, quando foi novamente candidato contra Fernando Haddad, ex-candidato do PT, Alckmin assim se referiu a Lula: “Não é o meu partido que é comandado de dentro de um presídio. Nem minha campanha foi lançada na porta de penitenciária. Em São Paulo, bandido pega cana dura”, disse na época. Ele já foi duramente criticado pelo PT por causa das privatizações tucanas.

Agora, tudo mudou. Segundo Alckmin, Lula é um político democrático, enquanto que para o ex-presidente, “Não há nada que aconteceu entre nós que não possa ser reconciliado”. Se antes houve embates de ocasião para uma disputa de poder, agora faz-se uma aliança de ocasião com o mesmo objetivo.

Apesar do discurso de moderação e de aliança com o Centro, concretizado numa “aliança dos contrários”, o que seria benéfico ao debate público – diga-se de passagem -, é certo que as eleições de 2022 têm de tudo para serem uma das mais acirradas da história, sem amor envolvido. As retóricas de Lula e Bolsonaro não deverão ser suavizadas em meio ao debate. Pelo contrário, haverá ainda mais tensão numa disputa fratricida pela Presidência da República.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba