Paraíba - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), surpreendeu ao divergir dos demais integrantes da Primeira Turma no julgamento do chamado “núcleo golpista” ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante voto apresentado nesta quarta-feira (10), ele defendeu que a análise deveria ser feita pelo plenário da Corte e não pela turma, pedindo a anulação de todo o processo.
Segundo Fux, ao STF cabe definir “o que é constitucional ou inconstitucional”, mas não “realizar juízo político do que é bom ou ruim”.
O ministro ainda comparou o caso de Bolsonaro ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja condenação na Operação Lava Jato foi anulada em 2021 por “incompetência relativa” do então juiz Sérgio Moro.
“No caso de Lula, o Supremo reconheceu que o foro não era adequado. Aqui ocorre situação semelhante: o julgamento de um presidente da República cabe ao plenário, e não à Primeira Turma. A preliminar anula completamente o processo por incompetência absoluta”, declarou.
A posição de Fux chamou atenção, já que, nos processos relacionados aos atos de 8 de janeiro, ele acompanhou a maioria do plenário ao votar pela condenação de mais de 400 réus, sem levantar questionamentos sobre a competência do Supremo.
Com esse voto, a Primeira Turma já soma três manifestações: Alexandre de Moraes e Flávio Dino defenderam a condenação de Bolsonaro e de outros sete réus, enquanto Fux pediu a anulação do processo. A ministra Cármen Lúcia e o presidente da turma, Cristiano Zanin, ainda irão se pronunciar, em sessões previstas até sexta-feira (12).