Estelizabel X Nonato: como anda essa disputa?

Sérgio Botêlho

Ainda há muita gente boa que tem sérias dúvidas a respeito da disputa que vem sendo travada entre Nonato Bandeira (PPS), atual secretário de Comunicação do Governo da Paraíba, e Estelizabel Bezerra, até pouco tempo comandante da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de João Pessoa (PSB), ambos profunda e historicamente comprometidos com o projeto capitaneado na Paraíba por Ricardo Coutinho (PSB), atual governador do estado. Nonato pode romper com Ricardo, uma vez que o governador já anunciou apoio a Estelizabel? Até onde vai essa briga, e, efetivamente, porque ela acontece? Sobre a primeira dúvida, arrisco dizer que, apesar de excessos verbais aqui e ali, normalmente vicejantes nas esquentadas assessorias, nem de longe há sinais de que essas duas figuras tão afinadas com o que se possa entender como Ricardismo possam romper com o projeto. Mas, tenha essa briga extensão curta ou longa, ou por quais motivos ela teve início, os últimos movimentos deles apontam para um favoritismo bastante nítido de Nonato, dentro da maioria das premissas tradicionalmente exigidas como essenciais para uma boa candidatura, seja lá ao que for. Senão, vejamos. Por enquanto, para além do núcleo socialista, Estelizabel somente conseguiu apoio de peso no deputado federal Luiz Couto, do PT, que, no entanto, mantém com o seu partido uma peleja que, por enquanto, lhe é desfavorável. Em resumo, a pré-candidata socialista mantém na verdade acertos políticos com uma dissidência do PT. Estelizabel, a bem da verdade, tem ido mais às ruas, participado mais de movimentos de massa, geralmente ou levada pelas mãos de Luiz Couto, de um ou outro vereador, ou das militâncias sociais e de gênero do seu partido. Por enquanto, a pré-candidata do PSB fica nisso, o que, para uma peleja eleitoral do porte da que se avizinha, é pouco. De sua parte, Nonato tem revelado mais capacidade de ajuntar lideranças e partidos, fundamentais na hora do desenvol vimento da campanha propriamente dita. E mais: igualmente a Estelizabel, Bandeira vem se articulando, no interior de movimentos de massa. Além disso, do ponto de vista do projeto que realmente está em jogo, o da gestão pessoense, é possível entender, já, que Nonato tem a preferência do prefeito Luciano Agra, e de uma das figuras mais emblemáticas do projeto ricardista, que é a atual secretária de Saúde de João Pessoa, Roseana Meira. Em termos do projeto governista em curso na Paraíba, é muito. E, ainda, se não o apoio, mas a tolerância, digamos assim, do mais forte aliado do projeto de Ricardo Coutinho, fora do seu grupo, que é o ex-governador e atual senador Cássio Cunha Lima. Ao lado de Cássio e Luciano – que não causariam nenhum cisma com o PPS se não tivessem ido à última reunião do partido de Nonato, lançado festivamente como o pré-candidato da agremiação a prefeito, e Gilma, a deputada que apenas foi confirmada na direção da sigla no est ado – a foto de Nonato tem ocupado espaços naturais na mídia estadual que cobriu a reunião daqueles que também se reivindicam socialistas. Sem qualquer sombras de dúvidas, Nonato junta mais gente capaz de arrebatar outras massas mais amplas.
Tem, portanto, um perfil mais agregador do ponto de vista da sociedade civil como um todo. Aspecto fundamental numa campanha política, a de João Pessoa, de tanto peso no estado quanto a que se aproxima, na qual a turma da situação vai enfrentar dois pesos pesados da política paraibana, como são os ex-governadores José Maranhão e Cícero Lucena. Sem falar na possibilidade concreta de o PT ter candidatura própria, uma candidatura que deve buscar substância no sucesso da presidenta Dilma Rousseff e na decisão do partido, nacionalmente, de tudo fazer em favor de suas candidaturas, com especial destaque para as capitais do país. Para concluir: Nonato Bandeira, na situação, é mais forte na composição de uma chapa majori tária que Estelizabel, excluída, evidentemente, qualquer análise de cunho qualitativo, onde ambos terminam rigorosamente empatados.