em crise

Coreia do Norte executa diplomatas envolvidos em negociação fracassada com os EUA

Diário sul-coreano afirma que Kim responsabilizou oficiais por fracasso de cúpula no Vietnã

A Coreia do Norte executou Kim Hyok-chol, seu enviado especial aos Estados Unidos, assim como outros diplomatas que participaram de negociações com os americanos na segunda cúpula entre Donald Trump e Kim Jong-un em Hanói, no Vietnã, relatou o jornal sul-coreano Chosun Ilbo nesta sexta (31, quinta à noite em Brasília).

Segundo o diário, o regime norte-coreano responsabilizou seus funcionários pelo fracasso do encontro no fim de fevereiro.

Kim Yong-chol, um diplomata de alto escalão que atuou como contraparte do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nos diálogos prévios à cúpula, foi condenado a trabalhos forçados e educação ideológica, segundo o diário.

Acredita-se que o ditador norte-coreano esteja conduzindo um expurgo maciço para desviar a atenção pública de problemas internos.

Segunda uma fonte anônima do regime norte-coreano, Kim Hyok-chol foi investigado e depois executado no aeroporto Mirim, na capital Pyongyang, junto a quatro diplomatas, em março.

Eles foram acusados de espionarem a ditadura a mando dos Estados Unidos.

Kim Yong-chol foi obrigado a trabalhar na província Jagang após ser demitido, de acordo com o informante, que afirmou ainda que outro diplomata também envolvido nas negociações, Kim Song-hye, foi enviado a um campo de concentração para prisioneiros políticos.

O intérprete de Kim Jong-un na cúpula de Hanói, Shin Hye Yong, também foi enviado a um campo de concentração por cometer um grave erro de tradução que supostamente comprometeu a autoridade do ditador, de acordo com o jornal.

A irmã de Kim, Kim Yo-jong, está evitando aparecer em público por ordem de seu irmão —ela o ajudou durante o encontro no Vietnã. Um oficial do governo sul-coreano afirmou que ela não é vista desde que retornou da cúpula.

O jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun afirmou na quinta que “atuar como se a pessoa estivesse reverenciando o líder na frente dos outros, mas sonhando outra coisa quando vira as costas é uma conduta anti-partido e anti-revolucionária”.

“Essas pessoas não evitarão o duro julgamento da revolução”, dizia o comunicado. “Há traidores e vira-casacas que apenas decoram palavras de lealdade ao líder.”

É a primeira vez desde dezembro de 2013 que o regime usa os termos “anti-partido”, “anti-revolucionário” e “duro julgamento” em sua imprensa oficial —naquela época, Jang Song-thaek, tio de Kim Jong-un, foi executado após ser condenado por um tribunal militar.

Fonte: REUTERS
Créditos: REUTERS