Água no chope do PMDB

Paulo Santos

Muitos peemedebistas que acompanharam nesta sexta-feira (9) a entrevista do pré-candidato a prefeito de João Pessoa e senador Cícero Lucena (PSDB) devem ter ficado frustrados com o ímpeto e a disposição do Caboclinho de São José de Piranhas em lançar um verdadeiro tsunami de desqualificações à administração do atual prefeito Luciano Agra, reiterando seu propósito de ir em busca da cadeira que já ocupou.
Nem tudo, entretanto, foi bombardeio. A ponta de um véu que encobria um fato importante foi levantada quando Cícero foi indagado a respeito da recomendação de apoio de Cássio à sua pretensão feita por Ronaldo Cunha Lima na presença do deputado Ruy Carneiro.
É pública e notória a dedicação que Cássio tem dispensado ao pai desde que Ronaldo começou a travar a mais séria luta de sua vida contra o câncer de pulmão. Mesmo combalido, o pai não deixa de transmitir sua sapiência política para avaliação do filho e dificilmente um pedido do patriarca do clã será torpedeado pelo filho.
O PMDB entra nesse Credo na parte em que muitos seguidores do pré-candidato José Maranhão alimentam esperanças de que Cícero não consiga emplacar sua candidatura – por imposição de Cássio ou impedido pela Lei da Ficha Limpa – e tenha que partir para um plano “B”, seja tirando um substituto da cartola ou apresentando um nome para ser vice do peemedebista.
A virulência demonstrada por Lucena na entrevista ao programa Polêmica Paraíba da 101.7 FM de João Pessoa demonstra sua segurança de que pode ter driblado controvérsias que existiam sobre a possibilidade de não ser o preferido de Cássio. Resta, agora, a expectativa de não ser atingido pela lei que virou modismo neste país.
Não causa admiração que Cícero esteja com a língua afiada para sarrafar a administração municipal. Precisa ter – e tem que mostrar – esse tipo de preparo ao eleitorado que está ávido de sangue senão será engolido pelo discurso de Maranhão ou de Luciano Cartaxo (PT).
Há algo, porém, que pode comprometer a performance de Cícero, tido e havido como líder nas pesquisas para consumo interno de todos os que pretendem chegar à Prefeitura: é bom de crítica, mas não apreenta propostas novas para a cidade.
Ninguém pode dormir sobre os louros de administrações anteriores. Ele e Maranhão tê m um portfólio imenso de obras na Capital paraibana. Parabéns! Mas o que pretende fazer, criar, construir, modificar? Nem só de críticas aos adversários sobrevive uma candidatura. Por enquanto esse aspecto é o único que o une a Maranhão.
CONSELHO AO PALÁCIO
Uma raposa felpuda da política paraibana dizia esta semana, num ambiente onde só se respira política em João Pessoa, que mandou um recado ao Palácio da Redenção de que era necessário abrir o diálogo com a sociedade e sugeriu um nome para inaugurar a série de conversas: João Medeiros, presidente do Conselho Regional de Medicina.
“João está acima do bem e do mal. É um homem realizado como cidadão, como profissional e como professor, sem problemas financeiros nem existenciais, com todos os cursos e títulos que se pode obter”, me disse o interlocutor, para lamentar em seguida: “Preguei no deserto”.
OPOSIÇÃO DE MONTEIRO
A noite deste sábado (10) vai esquentar com uma mega-reunião da oposição em Monteiro.
Entre 80 e 100 pessoas devem comparecer ao encontro de pré-candidatos a prefeito e a vereador.
Vão discutir estratégias porque os candidatos a prefeito e vice somente serão escolhidos após duas pesquisas: a primeira na segunda quinzena deste mês de março e a outra na segunda quinzena de abril.
MURO DAS LAMENTAÇÕES
Logo que o senador Cássio Cunha Lima tiver condições de reunir os deputados estaduais, deve se preparar: seu ouvido vai ser transformado num Muro das Lamentações.
E deve estar preparado para as catilinárias que serão desferidas, pelos seus aliados na Assembleia Legislativa, contra o Palácio da Redenção.
E é gente que dá a vida pelo senador.