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Selo Sesc lança álbum do projeto “Clarice Clarão” nas vozes de Beatriz Azevedo e Moreno Veloso

Realizado pelo Selo Sesc em homenagem ao centenário de Clarice Lispector, celebrado em dezembro de 2020, o álbum “Clarice Clarão”, produzido por Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, integra uma série de ações e programas do Sesc São Paulo de valorização da cultura brasileira e divulgação de artistas nacionais. No disco, Beatriz e Moreno reúnem música, teatro e poesia para construir uma narrativa em contato com a obra da escritora.

Realizado pelo Selo Sesc em homenagem ao centenário de Clarice Lispector, celebrado em dezembro de 2020, o álbum “Clarice Clarão”, produzido por Beatriz Azevedo e Moreno Veloso, integra uma série de ações e programas do Sesc São Paulo de valorização da cultura brasileira e divulgação de artistas nacionais. No disco, Beatriz e Moreno reúnem música, teatro e poesia para construir uma narrativa em contato com a obra da escritora.

A dupla, que assina a produção musical com onze composições próprias e de outros artistas, celebra o lançamento do álbum, em formato digital, no dia 29 de julho, nas principais plataformas de áudio e gratuitamente no Sesc Digital. Em formato físico, o álbum estará disponível para venda nas Lojas Sesc a partir do mês de agosto.

Com participações de Jaques Morelenbaum (violoncelo), Marcelo Costa (percussão) e Maria Bethânia, que colaborou com interpretações de textos originais de Clarice, o disco conta com composições de Adailton Poesia, Beatriz Azevedo, Caetano Veloso, Carlos Pinto, Deni Domenico, Moreno Veloso, Oswald de Andrade, Torquato Neto, e Valter Farias. Os shows de lançamento acontecem no Sesc Avenida Paulista, dias 03 e 04 de agosto, e no Sesc Campinas no dia 05 de agosto. Nos shows, Beatriz e Moreno sobem ao palco acompanhados dos músicos Antonio Guerra, Gabriel Loddo e Marcelo Costa, além do VJ Notívago.

O projeto “Clarice Clarão” surgiu de um convite da Princeton University para celebrar os 100 anos da escritora Clarice Lispector em 2020. À época, Beatriz Azevedo criou o espetáculo “Now Clarice”, interpretando, ao lado de Moreno Veloso, canções originais e trechos da obra de Lispector. Filmado ao vivo em novembro daquele ano, o musical estreou em dezembro de 2021 no Sesc TV (assista aqui ao show completo). As pinturas e desenhos que compõem o projeto visual do álbum e as capas dos singles são assinados pela artista plástica e filósofa Marcia Tiburi.

A respeito da obra, Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, reflete: “Clarice Lispector tem esse efeito de provocar a releitura, a indagação, a investigação minuciosa na vida e na obra, em busca de pistas que iluminem aparentes enigmas (…) Afinal, é do assombro com as coisas presumivelmente comuns que surgem a complexidade e a beleza de sua obra. Só posso intuir, portanto, que a escritora se espantaria com esse Clarice Clarão, produzido pelo Selo Sesc, com gente que faz arte reagindo ao universo clariceano e dialogando com as reações de artistas que vieram antes, como num espelho infinito. (…) uma obra primorosa que dá conta dessa característica sempre presente na autora homenageada: a fusão entre delicadeza e contundência”.

Singles

O primeiro single, que leva o nome do projeto, “Clarice Clarão” (assista aqui ao clipe), foi lançado em dezembro de 2021, no dia em que se celebrava os 101 anos de nascimento da escritora. Na época, Beatriz conta que escreveu a composição “sozinha, mas de mãos dadas com Clarice, com seus livros espalhados por toda a casa, num momento de mergulho total em sua obra. Clarice é um estado de ser, um portal, uma vastidão”.

Durante o carnaval de 2022, Beatriz e Moreno apresentaram “Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê”, faixa composta por Caetano e Moreno em homenagem ao bloco de carnaval Ilê Aiyê, criado em 1974 no bairro do Curuzu, em Salvador (BA). Já no começo de maio, “Água Viva”, excerto do texto de Clarice na voz de Maria Bethânia, chegou às plataformas digitais, e, em seguida, “Canto”, nascida da urgência em se tentar vislumbrar transformações possíveis através da arte, como resistência a um cenário de destruição das políticas culturais no país após as eleições presidenciais de 2018 no Brasil. Em junho, foi a vez de “Rede”, composição apaixonada de Beatriz, estrear como single. Na faixa, como afirmou Caetano Veloso, “as vozes de Beatriz e Moreno se entrelaçam aos sons celestiais do cello de Jaques Morelenbaum, em contraste à vida táctil da percussão proposta por Marcelo Costa”.

Clarice Clarão por Caetano Veloso

CLARICE CLARÃO

A colaboração entre Beatriz Azevedo e Moreno Veloso é feita de delicadeza e estranhamento. Essa combinação é o que há de mais Clarice.

O Canto inicial é uma aventura de tratar nomes próprios, nomes de grandes artistas, como se fossem verbos pronominais. Sempre na primeira pessoa do singular. A melodia que Moreno trouxe para as palavras de Beatriz fazem a passagem dessa estranheza para uma sutil doçura de modo tão equilibrado que a gente fica logo sabendo que um Agora clariciano não poderia começar de outro modo.

Já ouviremos Beatriz lendo texto em que Clarice diz que nada tem a ver com a moça cuja história vai contar – mas que escreve-se a si mesma para fazê-lo.

“Deusa do Amor”, música de desfile do bloco Olodum que virou oração global na voz de Moreno, vem ecoar, antecipadamente, a conclusão spinoziana da escritora: “Deus é o mundo”.

Beatriz é sempre a voz da autora e a das moças sobre quem ela escreve. Moreno soa como o observador sábio. Os dois juntos dão conta da claridade obscura da maior prosadora brasileira do século 20.

Sem rede de proteção, os dois se entrelaçam com os sons celestiais do cello de Jaques Morelenbaum e a vida táctil e profundamente terrena da percussão de Marcelo Costa.

E mais: chamam Bethânia para dizer um trecho de pausa, de dissipação das trevas, de nascimento, como se sua voz fosse inevitável depois da expressão “grande demais”.

Tenho orgulho de ser parceiro do menino Moreno em “Um canto de afoxé para o bloco do Ilê”. As imagens e a música são analisadas por quem escreve.

Clarice faz força para fazer a coisa voltar aos sons tonais (e atonais), às cores, às sensações todas – e este encontro de Beatriz e Moreno sugere experiências dessa passagem.

Beatriz canta “faísca e clarão!” Clarice-Clarão. Na rede da paixão.

Torquato Neto, sobre a música de Carlos Pinto: que não tem mais fim.

A largueza exigida por Clarice libera Beatriz e Moreno para que saúdem tudo com versos de Oswald de Andrade.

Espetáculo íntimo que expressa tanto a tão grande beleza que se produz no Brasil.

Caetano Veloso

Músicas

1. CANTO – 3´01 | Beatriz Azevedo + Moreno Veloso

2. BIS – 3´52 | Beatriz Azevedo + Deni Domenico

3. DEUSA DO AMOR – 4´25 | Adailton Poesia + Valter Farias

4. CIRCO – 3´23 | Beatriz Azevedo

5. UM CANTO DE AFOXÉ PARA O BLOCO DO ILÊ – 2´23 | Caetano Veloso e Moreno Veloso

6. ÁGUA VIVA 1´04 – Clarice Lispector | Intérprete: Maria Bethânia

7. CLARICE CLARÃO – 3’29 | Beatriz Azevedo

8. ONDE ESTIVESTES DE NOITE – 0´48 | Clarice Lispector | Intérprete: Maria Bethânia

9. REDE – 3´23 | Beatriz Azevedo

10. TRÊS DA MADRUGADA – 3´01 | Torquato Neto + Carlos Pinto

11. ESCAPULÁRIO – 2´00 | Caetano Veloso + Oswald de Andrade

Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba