Jogos do poder - Apesar do nome francês, Bayeux-PB é Brasil e, também, sofre a contaminação nacional! Por Francisco Airton

Já era sabido do jogo e das tramoias que envolveram a cidade de Bayeux numa situação tão vergonhosa nos últimos tempos! No que costumamos chamar de “jogos do poder”, “tramas palacianas”, algo digno de filmes e novelas de enredos bem intricados, mas que Bayeux jamais imaginou ser envolvida.

Como Coordenador de Cultura por oito anos no governo do saudoso e então prefeito, Jota Júnior, tive o prazer de zelar pela cultura dessa cidade e foi onde conheci o atual prefeito Berg Lima, um jovem promissor e de “atitude”, de quem jamais imaginei vir a tornar-se protagonista de algo tão desgastante, como foi aquele flagrante que o fez tornar-se, também, destaque em todos os jornais do país! Quem diria? E isso o levou a prisão e a ver o seu vice, Luiz Antônio, assumir a cadeira que foi sua, como um homem probo e único capaz de tirar a cidade daquele imbróglio indigesto e o único capaz de devolver a dignidade ao nosso povo bayeuxense!

Ainda por ocasião daquela triste noite, do velório do meu amigo/irmão e ex-prefeito Jota Júnior, inevitavelmente ouvia de alguns amigos, críticas ao então prefeito Berg Lima e rasgados elogios ao seu vice, Luiz Antônio e ficava me perguntando o que estaria acontecendo realmente nos bastidores da política da minha “cidade do trabalho e da solidariedade”? A bomba estourou e em plena efervescência da Lava Jato, – prendendo os criminosos de colarinho branco, exatamente por corrupção – o jovem de atitude e de resultados fenomenais nas urnas, era pego em meio a um redemoinho triste de corrupção!

Eu não estava lá para afirmar tal decepção, mas as redes sociais exibiam um vídeo que não deixava dúvidas e mesmo assim me custava acreditar! Será que os buchichos no velório do ex-prefeito, eram verdadeiros? O vice do recém eleito prefeito, era o verdadeiro herói desse enredo enlameado?

Não demorou muito e a verdade veio à tona! O vice, numa trama digna de um filme de Sir Alfred Joseph Hitchcock, parecia estar por trás de toda a armação! Luiz Antônio acabou flagrado em um vídeo em que vendia a um empresário, o seu colega de administração! A cidade se via enredada por um novo escândalo – e, repito, Bayeux não merecia isso – que a deixava acéfala pela segunda vez em poucos meses! A população descia ao inferno pela segunda vez! Assumia assim um terceiro prefeito, Noquinha e a cidade amargava a depressão em ver o lixo sufocar a todos e seus conhecidos encantos já não servirem mais de motivos para fotos e selfs como em anos promissores já vividos!

Preparava-se a comunidade para ver um quarto prefeito em apenas dois anos e eis que Berg Lima volta por cima para continuar o seu mandato. Mérito? Não sei! Justiça? Impossível explicar! Mas como quase tudo nesse país acaba sendo fruto de uma caixinha de surpresa, Berg Lima, antes preso acusado por corrupção, reconquista o seu posto para assistir bem acomodado em sua cadeira macia no gabinete, a derrota do seu algoz!

O vice prefeito de Bayeux, Luiz Antônio, foi condenado pela 4ª Vara Mista de Bayeux por improbidade administrativa. A sentença com data de 17 de abril de 2019 e assinada pelo juiz de direito, Francisco Antunes Batista, prevê o afastamento de Luiz Antônio do cargo e o bloqueio de valores das contas bancárias, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais e creditício pelo prazo de até três anos, de acordo com o que está publicado aqui mesmo no Polêmica Paraíba!

Mas essa condenação isenta de vez o prefeito Berg Lima? Apaga-se assim o possível crime praticado e pelo qual fora, também, condenado? O advogado do atual prefeito diz que sim! Mas o que acha a população disso tudo? A população, essa que foi a mais prejudicada por todos esses escândalos? E os prejuízos aplicados ao funcionalismo público municipal? Pessoas que foram demitidas dos seus cargos por serem ligadas ao então prefeito, funcionários, assessores, do substituto Luiz Antônio e por conseguinte as demissões dos assessores do terceiro prefeito? Toda essa bagunça resultou em caos total, com o atraso nos salários dos funcionários que sobraram das catástrofes administrativas desse curto período registrado!

A verdade é que a cidade de Bayeux ainda sofre todas as consequências possíveis e imagináveis! Mas isso nos mostra que ninguém está imune aos desmandos políticos e da corrupção mostrando uma verdadeira radiografia de um câncer que nos assombra e corrói o país de Norte a Sul, como uma praga que cega e que mata, que prende e que destrói famílias inteiras, atingindo os mais fracos, os mais pobres. E o mais triste nisso tudo é que jamais iremos aprender lições. Erramos sempre nas nossas escolhas e, mesmo assim, continuamos a eleger “salvadores da pátria” e, como em todas as vezes, acabamos sempre sendo ludibriados, vilipendiados.

Presos ou em total liberdade, eles (os corruptos) vão continuar ganhando, se dando bem! No Brasil, como já ficou bastante claro, rouba-se milhões, faz-se uma boa delação e dos cem milhões surrupiados, devolve-se 80 milhões e se tem ai, uma gorda aposentadoria garantida para o resto da vida! Da vida deles, é claro!

E voltando então a minha querida Bayeux, após o tsunami que devastou a vida de tantos e colocou a cidade no centro dos escândalos, vem a pergunta: seria necessário se fazer uma nova eleição para escolher o novo “salvador da pátria”?

Alguém com o vigor, a juventude e, até, mais atitude para colocar a cidade novamente nos trilhos? Com certeza muitos irão tirar todos os proveitos possíveis de tudo isso e alguns até já se articulam com o objetivo de açambarcar os votos dos crédulos anunciando as mudanças e fazendo as promessas que todo mundo gosta de ouvir para ser o seu candidato a prefeito, ideal para 2020! E quanto a pergunta que fiz agora a pouco e interrompi sobre realizar novas eleições ainda em 2019, acho que não! Deixa tudo como está!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton