DIA INTERNACIONAL DA MULHER

'Elas podem vencer também', diz paraibana que ajuda outras mulheres com câncer enquanto luta pela 4ª vez contra a doença

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a história de dona Zezé se cruza com a de tantas outras mulheres que, além dos anseios provocados pela pandemia e das lutas particulares, enfrentam o câncer.

 

Exemplo de superação e sororidade em Campina Grande, no Agreste da Paraíba, Maria José Rodrigues, de 56 anos, ainda encontra forças, mesmo com quatro diagnósticos de câncer e ainda lutando contra um deles, para ajudar outras mulheres que passam pela mesma situação que ela.

Enquanto fazia o tratamento contra o câncer de mama, ‘dona Zezé’, como carinhosamente é chamada, enxergou no voluntariado uma possibilidade de dar a volta por cima. Recém criada, a ONG Mulheres de Peito, que fornece apoio psicológico e médico na prevenção e tratamento do câncer de mama em municípios paraibanos, abriu as portas para dona Zezé.

O Hospital da FAP, que desde o início de sua luta contra o câncer se tornou um lar, passou a ser também um lugar para ela “ressignificar” a dor. Com muita força de vontade, dona Zezé passou a acolher outras mulheres com câncer, e mesmo dentro do ambiente hospitalar percebeu que poderia ajudar muita gente.

“Comecei a colocar uma banquinha na ala de oncologia da FAP pra vender os produtos da ONG e arcar com os tratamentos. Nessa barraquinha, passei a ouvir mais as histórias dessas mulheres, e muitas vezes, ao ouvir minha história, quem estava chorando começava a rir”, comenta.

A luta contra o câncer
Em 2013, após sentir fortes dores abdominais, dona Zezé descobriu um câncer no fígado. O médico responsável alertou que o diagnóstico era apenas um indicativo de algo maior, pois ao que tudo indicava, o tumor no fígado na verdade já era consequência de algum outro local, ou seja, uma metástase.

Mesmo após a cirurgia no fígado, ela continuou sentindo dores fortes e não conseguia ficar plenamente bem. Foi então que a suspeita médica se comprovou. Um câncer ainda mais agressivo foi descoberto no intestino, e dona Zezé deu início aos tratamentos contra os dois tumores, de maneira simultânea.

À medida em que fez a cirurgia no intestino, continuou realizando sessões de quimioterapia para tratar o tumor no fígado. Passou por inúmeras consultas médicas, chegou a pesar apenas 38kg, mas um desafio ainda maior estava por vir.

Já em 2017 ela descobriu um câncer de mama que viria a ser um tumor ainda mais agressivo que os demais. Ela conta que, entre todos os tratamentos que precisou fazer, os procedimentos contra o câncer na mama foram os piores.

“A pior quimioterapia que fiz foi a da mama. Tomei os medicamentos de 21 em 21 dias, e passei uma média de 12 dias a 13 dias em cima de uma cama. Senti enjoo, fraqueza, muitas dores… Se não fosse forte, não aguentaria. Mas não desisti”, conta.

Nova batalha
Mesmo após 20 sessões de quimioterapia, 30 sessões de radioterapia e inúmeras consultas médicas, dona Zezé recebeu mais um diagnóstico de câncer. Dessa vez no pulmão, em 2020, ano em que o mundo conhecia uma nova ameaça à saúde, que atinge diretamente o sistema respiratório: o novo coronavírus.

Por conta da pandemia, o trabalho voluntário precisou ser adaptado, mas não ficou de lado. Dona Zezé explica que passou a participar de palestras online, gravar o depoimento em vídeo, mandar mensagens em aplicativos, e não mais presencialmente, para mulheres que estão enfrentando o câncer.

Já o tratamento contra o câncer no pulmão continua, com todos os cuidados necessários, a lentos passos. As visitas ao hospital acontecem em menor frequência, e apenas quando há real necessidade de atendimento presencial, para evitar a contaminação pela Covid-19.

“Continuo levando minha vida normal. Não coloco na cabeça que tenho câncer. Mas, por mais forte que sejamos, somos humanas, então fico mal sim. Só que estou vencendo, e estou dizendo a outras mulheres que elas podem vencer também. Tem que que levantar a cabeça, enfrentar e dizer ‘eu vou ficar boa’. Se você baixar a cabeça, é pior porque essa doença é terrível”, diz.

 

 

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a história de dona Zezé se cruza com a de tantas outras mulheres que, além dos anseios provocados pela pandemia e das lutas particulares, enfrentam o câncer.

“Somos tão guerreiras. Superamos tudo. Independente de qualquer doença, problema, levantamos a cabeça e temos fé. Eu caio e me levanto quantas vezes for preciso. Sou mulher”, conclui.

Fonte: G1 Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba