jogo de cena

As lágrimas do vencedor – Maia chora após ganhar o primeiro round da Reforma! - Por Francisco Aírton

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, durante comemoração da aprovação do texto-base da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados

Como se fosse num gigantesco reality a televisão expõe para o mundo todas as fraquezas e expertises de um Brasil sedado e fragilizado no que se assemelha a um enorme bloco cirúrgico! Com mãos sem luvas entre tesouras e bisturis, as pessoas correm de um lado para o outro procurando curar suas feridas, ou simplesmente procurando um lugar para sair! Entre facadas de mentira, balas de borracha ou gratuitas chacinas na periferia, o país chora suas escolhas!

Será que o Brasil, também, chorou com as lágrimas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia? Vai saber! Arrepia, só de pensar que a hipocrisia passou a ser uma constante na vida de todo mundo. Eu não sei se a gente aprende mais com a falsidade dos nossos representantes políticos, ou esses políticos aprendem tudo com o próprio povo a quem representa! Mas, afinal, de onde saem os políticos hipócritas, se não do meio do povo, não é mesmo?

Vê-lo chorar de emoção ao aprovar a primeira fase da Reforma da Previdência como se tivesse feito o bem maior do mundo a população brasileira, é mesmo de chorar! Foi realmente uma batalha hercúlea de Governo, Câmara federal e grandes empresários, no sentido de promover a destruição em massa do trabalhador que, – ainda que não recebesse uma aposentadoria que pudesse chamar de justa, – nutria esperanças de uma vida mais digna no futuro! A rasteira do Maia (sito o seu nome representando todos os responsáveis pelo pacote de maldades), consegue num “strike”, derrubar todos os pinos do seu boliche preferido, como se o ser humano e, exatamente aquele mais necessitado, não tivesse a menor importância!

E assim o jogo continua e as pessoas – a maioria por pura ignorância mesmo – parece não ter se dado conta de que “a casa caiu” para os mais carentes e que essa reforma cumprirá o seu papel, que é o de privilegiar apenas quem já está muito bem! As grandes aposentadorias continuarão grandes! Bolsonaro continuará com a sua (dizem que algo em torno dos R$ 30 mil), Temer com a mesma ou mais ou menos isso, todos os ministros da república, ex-governadores e ex-presidentes da república e… é vida que segue! As grandes aposentadorias continuarão grandes e as pequenas…continuarão bem menores que as atuais e muitas, provavelmente, nem se concretizarão!

A reforma da Previdência está se concretizando no país, de forma bastante cirúrgica! Acontece como numa sala de um grande hospital, onde o paciente assiste anestesiado o corte do bisturi, perdendo-se membros e por estar esse paciente bastante grogue, vai deixando acontecer e a sua vida vai sendo mutilada irremediavelmente! É tudo grotesco e desumano.

O mais lamentável é ver que o desmonte do país vai acontecendo como se fosse uma avalanche levando tudo que encontra pela frente! O governo que aí está, acha que pode tudo e como um dono de madeireira, de serra elétrica em punho, sai derrubando as florestas impunemente com a conivência criminosa daqueles que se venderam em troca de benefícios ou promessas de vantagens ainda maiores! Triste constatar que as mudanças verificadas com a não reeleição de personas danosas da recém-velha política, não surtiram tanto efeito assim, pois mudaram algumas peças, elegendo Tábatas e Hasselmans – só para ilustrar – mas as práticas viciadas continuaram e quem foi alçado para ali defender direitos adquiridos, seguem como lagartas na plantação, roendo tudo e destruindo a todos!

E então voltamos aquele questionamento: a hipocrisia e desfaçatez política é uma lição passada pelos eleitos a população, ou esse hipócrita é realmente fruto de uma população seriamente adoecida? Enquanto não se chega a um denominador comum, o Brasil segue cada vez mais doente. O complexo de ganhador toma conta do ser e ninguém abre mão de só ganhar, só se dar bem! As lágrimas emocionadas do Maia vencedor, desenha um quadro deturpado, do cidadão forjado no conceito da vantagem acima de qualquer coisa!

É como se não existisse futuro! Num espetacular jogo de cena, os poderes constituídos se engalfinham – tudo em nome do bem do povo – e conseguem turvar a opinião pública seguindo viagem para aquela ponte que tanto sonharam um dia! E então você meu caro leitor fica a se perguntar: pensando dessa forma, significa que podemos nos acomodar e deixar seguir a vida acreditando que o país não tem mais jeito e que cada um deve dirigir o seu próprio trator atropelando quem passar em sua frente para não ser passado para traz? Tenho certeza de que não é bem por aí, se é que vale de alguma coisa externar uma opinião tão pessoal! Mas, ainda insistindo nisso, é bem melhor acreditar que somos todos donos do nosso próprio modus vivendi e que podemos mudar – se assim quisermos – sem necessariamente termos um representante ou um padrinho para decidir por nós!

Os líderes que aí estão, precisam sentir, de uma vez por todas, que se estão no topo é por que assim o quisemos. Precisam entender que, mesmo estando naquele lugar de destaque em que conseguiu chegar, definitivamente ele não pode tudo! Para tanto existem os poderes constituídos, onde um fiscaliza o outro (mesmo apesar de, atualmente, parecerem bem alinhados e até corporativos)! Não sendo esse, por tanto, um julgamento apenas meu, tal comprometimento vem progressivamente minando essas instituições e obrigando essa mesma letárgica população a acordar para ver o que realmente está acontecendo. E isso, quem sabe, pode até vir a ser a tão esperada luz no fim do túnel!

Assim, para concluir, e mesmo diante de tantos perrengues e tantas baixas em nossas fileiras de soldados sérios em defesa da democracia, a minha visão de futuro ainda é a mais otimista possível! O povo vencerá sim. Essa letargia – por fim –  irá passar e o país sairá às ruas empunhando uma bandeira que não necessariamente deverá ser vermelha, branca ou verde e amarela, mas que será a bandeira de libertação plena. E ai então, no turbilhão da euforia, não haverá mais lugar para essa já tão forçada “lágrima do vencedor”. A falsidade e a hipocrisia serão banidas de vez e em seu lugar haverá apenas muita alegria e um contagiante sorriso de liberdade!

Fonte: Por Francisco Aírton
Créditos: Francisco Aírton