nesta quarta-feira

Vitória de Pacheco no Senado barra a escalada golpista-bolsonarista - Por Nonato Guedes

foto: reprodução

A recondução, ontem, do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado, infligiu mais um duro revés aos bolsonaristas golpistas que ensaiaram uma retomada, em alto estilo, do empoderamento na Alta Casa do Congresso, alvo de depredação e atos de vandalismo cometidos por apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pacheco, em discurso após a vitória, defendeu a democracia e descartou conciliação com os golpistas que tentaram derrubar a cúpula dos Três Poderes nos ataques de 8 de janeiro. Disse o presidente reeleito: “Pacificação é não se calar diante de atos antidemocráticos. Pacificação é buscar cooperação. Pacificação é abandonar o discurso de nós contra eles e entender que o Brasil é imenso e diverso, mas é um só. Pacificação é, enfim, estar do lado certo da História, do lado que defende o Brasil e o povo brasileiro. Para isso, a polarização tóxica precisa ser definitivamente erradicada do nosso país”.

Rodrigo Pacheco foi reeleito para mais dois anos de comando à frente do Senado com o apoio do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele venceu a disputa com 49 votos, contra 32 de Rodrigo Marinho (PL)-RN), candidato do campo bolsonarista. Um outro candidato, Eduardo Girão (Podemos-CE), anunciou da tribuna a sua desistência, fechando, na sequência, com a candidatura de Rodrigo Marinho, que tentou articular de última hora uma reviravolta, apelando para os brios dos senadores e levantando a bandeira da autonomia da Casa perante outros poderes. O resultado final, conforme o UOL, ficou dentro do placar estimado pelos apoiadores de Pacheco. Eles chegaram a reduzir, ontem, a margem de votos, após Marinho intensificar sua campanha com o apoio de Jair Bolsonaro, que permanece no exterior, e de sua esposa Michelle Bolsonaro, que foi ao Senado pedir votos para Marinho.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cruzou os braços e entrou na disputa negociando cargos e acordos para aumentar o placar. Após a vitória, o presidente parabenizou Pacheco por telefone. Até o último minuto, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), articulou ao lado de Davi Alcolumbre (União-AP) para garantir a vitória do senador mineiro. Em um aceno à direita, que cresceu na Casa na última eleição, Pacheco sinalizou com a possibilidade de deixar avançar pautas que limitam os poderes do STF. Os aliados de Marinho defendem o impeachment de ministros como Alexandre de Moraes, responsável pelos inquéritos contra Bolsonaro, mas Pacheco nunca deu prosseguimento aos pedidos. “Se há problema em relação a decisões monocráticas, legislaremos quanto a isso. Se há problema nos pedidos de vista no STF, legislaremos quanto a isso. Se há problema de competência do STF, legislaremos quanto a isso”, frisou.

Segundo Rodrigo Pacheco, acontecimentos como os ocorridos no Congresso Nacional e na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não podem e não vão se repetir. “Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente. Precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e respeitar a autoridade das instituições públicas. Só há ordem se assim o fizerem, só há patriotismo se assim o fizerem”. Marinho fez, antes da votação, menções a críticas dos bolsonaristas às decisões do STF e do TSE contra ataques ao Estado Democrático de Direito e à desinformação. Bolsonaristas afetados por decisões, como exclusão de perfis nas redes sociais, costumam afirmar que se trata de “censura”, algo desmentido por grande parte da comunidade jurídica. Rogério Marinho foi apoiado por integrantes da extrema-direita como a ministra Damares Alves (Republicanos-DF), o ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil-PR).Apesar disso, Marinho também fez acenos de moderação, repudiando os ataques golpistas às sedes dos Poderes em 8 de janeiro. “O país precisa de pacificação e essa é uma das mais importantes tarefas do Senado Federal”.

Na Câmara dos Deputados, também ontem, o deputado Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito presidente, contando com o apoio de petistas e parlamentares da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A vitória de Lira foi considerada acachapante pelos analistas políticos – e embora seja identificado como um dos expoentes do “Centrão”, agrupamento fisiológico e conservador, amplamente beneficiado pelas verbas do orçamento secreto, Arthur Lira teve a habilidade de se compor com o novo governo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, facilitando medidas via Parlamento que estavam emperradas na fase de transição com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas eleições de ontem, em Brasília, os bolsonaristas apostaram num terceiro turno da disputa presidencial que levou às cordas o ex-presidente. Foi uma aposta desastrada porque, no final das contas, o governo Lula acabou assegurando canais de interlocução no Congresso, tendo que se empenhar para manter posição de maioria que lhe permita aprovar matérias consideradas importantes.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba