Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Bar de Camões e sua língua de boi e caldos mil na Praça Rio Branco - Por Sérgio Botelho

Não é fácil encontrar um prato de língua de boi tão gostoso como aquele que outrora Camões preparava e servia. O Bar de Camões (Walfredo Macêdo Brandão) lotava a partir das 11 horas da manhã de todos os dias da semana. Acho que fechava aos domingos, afinal de contas, ninguém é de ferro. Localizava-se na vetusta Praça Barão do Rio Branco, bem ao lado do prédio onde funcionou durante algum tempo a Escola de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba.

Foto: Internet

Não é fácil encontrar um prato de língua de boi tão gostoso como aquele que outrora Camões preparava e servia. O Bar de Camões (Walfredo Macêdo Brandão) lotava a partir das 11 horas da manhã de todos os dias da semana. Acho que fechava aos domingos, afinal de contas, ninguém é de ferro. Localizava-se na vetusta Praça Barão do Rio Branco, bem ao lado do prédio onde funcionou durante algum tempo a Escola de Engenharia da Universidade Federal da Paraíba.

Além da língua, Camões tinha uns caldos para você abrir o apetite junto com uma cachacinha que fazia tanto sucesso quanto a língua. Com destaque para os caldos de feijão e de peixe. Ou, ainda, ensopados de alguns dos chamados frutos do mar, tão comuns em diversos bares da Capital paraibana. O Bar de Camões fazia parte do roteiro para os boêmios de plantão. Aos sábados, Camões recebia uma freguesia extra. O bar ficava lotado. Parecia uma daquelas redações de jornais às antigas, com todo o mundo falando ao mesmo tempo, e alto! E quanto mais crescia o consumo mais alto falavam todos.

Difícil saber como as mesas se suportavam. Aliás, para variar, o que não faltava naquele autêntico botequim era jornalista. Um verdadeiro refúgio. Camões não era manso, não! Na verdade, para comandar aquela confusão toda era necessário certo grau de brabeza. Bêbado é meio que irreverente, indócil, e, aqui e acolá, valente e brigão. Naquele bar apertado, um pouco mais alto do que a calçada, qualquer briga podia acabar em tragédia. Suponho que, por isto, apesar de receber todo o mundo bem – demais, até! – o velho Camões tinha que se fazer irascível, mesmo.

Torcedor fanático do Botafogo da Paraíba, o Belo, não deixava desaforo sem resposta caso fosse atingida a honra do time pessoense. Costumeiramente, Camões estava vestido com a camisa botafoguense, sendo, ainda, presença constante no Almeidão, em jogos do Time da Estrela Solitária. Nas paredes do Bar ele pendurava imagens e flâmulas com símbolos do Botafogo. Dia desses, fui falar de Camões num grupo de Whatsapp.

Só deu tempo de fazer uma postagem (queria fazer outras). Foi uma enxurrada de lembranças saudosas dos tempos da birosca elevada a degraus da calçada. A maioria, claro, lembrava mais da tal língua de boi. Mas outros ligavam o fervilhante e adorável antro de bebedeira como um dos refúgios necessários à vida cotidiana daqueles tempos em João Pessoa.

Camões, dele consta que decidiu virar um pássaro. Um dia desses resolveu, ele mesmo, empreender a sua própria fuga do mundo terreno. Faz, tempo, já! E reparto, agora, as lembranças do velho amigo e companheiro de torcida, junto com outros paraibanos, também eles, antigos frequentadores daquele boteco maravilhoso da Praça Rio Branco. Grande Camões!

EM TEMPO: Walfredo Macêdo Brandão, o Camões, hoje dá nome ao trecho da rua de intenso movimento que vai dos Bancários a Mangabeira

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba