nem foi tempo perdido?

Estamos perdendo a capacidade de pensar por nós mesmos. Temos nosso próprio tempo - Rui Leitão

Na sociedade contemporânea é natural priorizar a satisfação pessoal, o alcance da estabilidade financeira, o atendimento ao império do particular em detrimento do coletivo

TEMOS NOSSO PRÓPRIO TEMPO

Essa frase do filósofo compositor Renato Russo, na canção “Tempo Perdido” do grupo Legião Urbana, nos leva a refletir sobre a forma como construímos nossa vida. A cada dia encaramos desafios e oportunidades, e precisamos estar preparados para enfrenta-los da melhor maneira possível. A nossa individualidade exige que organizemos o nosso próprio tempo.

A velocidade com que nos deparamos com os acontecimentos concorre para que nos tornemos ansiosos, imediatistas, impacientes. Estamos perdendo a capacidade de pensar por nós mesmos e seguimos caminhos determinados por outros. Abrimos mão do poder de definir nosso próprio destino. O tempo deixa de ser nosso e passa a ser das conveniências, das circunstâncias. E isso nos leva muitas vezes a sensações de amargura, de frustrações, de arrependimentos.

Na sociedade contemporânea é natural priorizar a satisfação pessoal, o alcance da estabilidade financeira, o atendimento ao império do particular em detrimento do coletivo. Mesmo que isso seja obtido em contrário ao que realmente desejamos, porque começamos a entender que, em primeiro lugar, devemos nos enquadrar às exigências determinadas pelos padrões sociais do momento.

Quando nos recusamos a construir nosso próprio tempo, estamos desprezando nossa individualidade. Porque insistimos em adotar comportamentos que permitam a aprovação alheia. O mundo exterior ditando as regras do nosso proceder. Quando assumimos a própria verdade, despreocupados em contrariar os desejos de outrem, estamos sim desfrutando da liberdade de “construir nosso próprio tempo”. Viver refém das expectativas dos outros não traz felicidade a ninguém, muito pelo contrário.

Renato Russo, portanto, nos ensina que a verdadeira sabedoria esta em sermos diferentes dos outros, no sentido de termos o domínio do próprio tempo, buscando harmonizar vontades com o desenrolar dos acontecimentos cotidianos que nos afetam.

Rui Leitão

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão