Esperamos que essas exonerações não sejam apenas a limpeza das enxurradas de contratações que foram feitas no ano da eleição - Por Laerte Cerqueira

Tomara que não seja a mesma técnica da promoção Black Friday no Brasil: aumenta-se o preço antecipadamente, depois sai o anuncio da promoção, mas o valor do produto, na liquidação, é o mesmo de antes.

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O bom da crise

( Do Jornal da Paraíba) – Sempre há um lado bom numa crise. A necessidade de cortar gastos, diminuir despesas extras para acertar as contas forçam qualquer governo, qualquer gestor a ter mais zelo com o dinheiro público. É isso que deve acontecer, agora, se o governador Ricardo Coutinho (PSB), realmente, colocar em prática as medidas anunciadas. Tenho receio, ainda, que essa “racionalização” seja momentânea, para justificar os “excessos eleitorais”. Mas prefiro acreditar que há as melhores intensões nesses ajustes.
Diminuir a “mamata” de carros alugados, passeando pelas cidades, em 20%, é uma medida que deveria ter sido adotada antes. Uma pena que só quando o “negócio” aperta que esse tipo de despesa é considerada secundária. Claro que, em muitos casos, é mais vantajoso ter esse tipo de serviço, mas é conhecido por todos que quando é para um “particular” ou empresa privada o valor é um. Se for uma licitação para o governo, os valores ganham uma camada extensa de gordura. Por isso, além de reduzir os gastos com o aluguel, é prudente rever contratos, revisar valores e arrancar o “colesterol” dos preços.
No caso dos casarões alugados para servir de escolas, delegacias, órgãos, secretarias, é ainda mais grave. Não são apenas os valores pagos que são altíssimos. Na maioria das vezes, os imóveis são de aliados, amigos de aliados ou alguém que, de alguma forma, tem uma relação comercial com o governo, o governante ou o gestor. Todo mundo sabe que a prática é comum, mas como os pagamentos ficam ofuscados pela falta de transparência nos gastos, ou pela dificuldade de acessar os dados, as “coisas” vão se naturalizando.
Entre as primeiras medidas para “enfrentar” a maléfica crise, mais de 300 servidores comissionados foram exonerados, oficialmente. Com publicação no Diário Oficial. Outros 900 devem ser convidados a se retirar nos próximos dias, segundo disse o governador há alguns dias. Nas demissões do início desta semana, estão servidores da vice- governadoria; Secretaria de Planejamento, Gestão e Finanças; Secretarias de Interiorização e Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia. Sei que não é fácil para quem está saindo. Mas todos entraram sabendo como funciona a política.
Mas esperamos, sinceramente, que essas exonerações e os futuros desligamentos não sejam apenas a limpeza que está sendo feita depois da suposta enxurrada de contratações que foram feitas no ano de eleição. Difícil saber, porque os números divulgados são sempre motivos de desconfiança. É de fato uma caixa-preta. O fato é que se for apenas uma “faxina”, voltaremos apenas a ter o número de comissionados igual ao que figurava na folha, antes da eleição. Ou seja, não tem nada de redução de gastos.
Tomara que não seja a mesma técnica da promoção Black Friday no Brasil: aumenta-se o preço antecipadamente, depois sai o anuncio da promoção, mas o valor do produto, na liquidação, é o mesmo de antes.
Listinha
Em novembro, o senador José Maranhão (PMDB) negou de pé junto que não fez nenhuma listinha de indicações para o governo. À época, os nomes vazaram para imprensa.

Nome
Verdade ou não, outro nome, que figurou na suposta lista feita por ele, foi nomeado. O jornalista e escritor Nelson Coelho da Silva, que assume o cargo de assessor de Gabinete do Governador.

Entrou
Uma dúvida se mantém forte no meio político e entre os jornalistas: por que Caio Roberto (PR) resolveu apoiar Adriano Galdino (PSB), aliado do governador RC, seu opositor?

Saiu
Outra pergunta reluta em aparecer: por que Jutay Menezes (PRB) decidiu voltar atrás e sair da lista dos que vão votar em Galdino?
Em campanha

O deputado federal Manuel Júnior confirmou que a bancada federal do PMDB paraibano vai se reunir com o líder do partido na Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha. Em campanha pela reeleição, Cunha vem buscar votos, mas, antes, vai apresentar propostas e mostrar o que tem a oferecer. O encontro será nesta quarta-feira. Manuel é um dos parlamentares peemedebistas que arregaçaram as mangas e caíram em campo em busca de votos para Eduardo.
Posse
Hoje, o desembargador Ubiratan Moreira Delgado assumirá o cargo de presidente e o desembargador Eduardo Sérgio de Almeida, o cargo de vice-presidente do TRT. Os novos dirigentes foram eleitos em novembro, por unanimidade.
Liga
Talvez seja só impressão, talvez seja só cenário do jogo neste momento, ou aparência. Mas a relação do PMDB com Ricardo Coutinho (PSB), nessa fase, tem mais “liga” do que a do governador com o PT.
Os seus
A impressão que dá e que RC não está preocupado em colocar “os seus” na prefeitura de João Pessoa, para evitar, lá na frente, que cobrem dele por isso. Esta semana, o prefeito de JP, Luciano Cartaxo, registrou que aguarda a sinalização das indicações girassóis.

Esquentou
A “briga” entre a reitoria da UEPB e o governo esquentou. Em nota, a administração estadual afirmou que repassou os recursos para a universidade, mas ela sofre de “incapacidade administrativa e de gestão”.