Opinião

Em um ano da pandemia, lições importantes que muitos aprenderam

A mídia deu merecido destaque, ontem, a lições que foram aprendidas por muitas pessoas em um ano da pandemia de covid-19 que assola o mundo e que foi oficialmente decretada como tal no dia 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde. A estimativa, a dados de ontem, era que a doença havia tirado mais de 2,6 milhões de vidas, gerando 117 milhões de casos em todo o mundo. Durante esse tempo, cientistas e médicos coletaram uma grande quantidade de evidências sobre o novo coronavírus e, por isso, afirmam que agora a opinião pública sabe mais sobre como ele é transmitido e como pode ser tratado com mais eficácia. Quando o primeiro caso de covid-19 (Sars-Cov-2) foi detectado há mais de um ano, o vírus surpreendeu o mundo inteiro. E ainda hoje convive-se com negacionistas, entre personalidades de destaque como presidentes de República e líderes políticos.

A BBC News Brasil elencou algumas das lições que foram assimiladas mediante o confronto com graves e alarmantes estatísticas, indicando casos de óbitos e a configuração do quadro de pandemia. Uma das lições é a de que a Covid-19 não afeta apenas os idosos. Esse dado coincide com uma realidade que vem se tornando assustadora, agora: a contaminação de jovens e até mesmo de crianças, que estão desenvolvendo sintomas graves, precisam de hospitalização e podem até morrer por causa da doença. Em março de 2020, Thedros Adhanom, diretor-geral da OMS, fez o alerta: “Esse vírus pode colocar jovens no hospital por semanas ou mesmo matá-los. Mesmo que os jovens não possam sofrer gravemente com a doença, seu comportamento pode significar a “diferença entre a vida e a morte para outra pessoa”. Depoimentos de enfermeiras na Espanha revelaram que a pneumonia derivada da covid-19 estava se tornando uma complicação regular em pacientes mais jovens.

Uma outra lição que restou patente é a de que Covid não é uma “gripezinha”.  A reportagem da BB frisa que políticos como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ou o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ter tentado minimizar a gravidade da covid-19, mas as estatísticas em ambos os países contam uma história diferente. Nos Estados Unidos, a covid tem sido a principal causa de morte nos últimos meses e no Brasil o número já passou de 260 mil mortes, superando outras doenças altamente letais, como acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e pneumonia. Sintomas de covid podem ser semelhantes aos de gripe, como febre, tosse e fadiga, e algumas pessoas também podem sentir dores na musculatura, dores de cabeça e, possivelmente, diarreia ou vômito. E, como a gripe, o coronavírus pode ser transmitido antes que as pessoas apresentem quaisquer sintomas, ou os pacientes podem ser até assintomáticos. Mas, o resultado é muito mais sério para muitas pessoas.

A pessoa pode pegar covid mais de uma vez. Uma pesquisa da agência de saúde pública do governo britânico, Public Health England, descobriu que a maioria das pessoas que contraíram covid-19 (83%) tem imunidade por pelo menos cinco meses. No entanto, casos de reinfecção, embora raros, estão sendo identificados em vários países, e a maior preocupação para os especialistas em saúde é a reinfecção com novas variantes. Se um número significativo de pessoas que superaram a covid-19 começar a testar positivo novamente, pode ser devido a uma nova variante. Neste caso, uma cepa que é capaz de evitar os anticorpos gerados pelo corpo de uma pessoa após uma primeira infecção. Existem milhares de versões diferentes do coronavírus circulando, e, conforme a reportagem da BBC, não é inesperado que novas variantes tenham sido desenvolvidas, já que todos os vírus sofrem mutação enquanto fazem cópias de si mesmos para se espalhar e prosperar.

A respeito do uso de máscaras faciais como essencial para conter a covid-19, a reportagem da BBC explica que, isoladamente, isso não impede a disseminação da doença, mas ajuda muito a conter a transmissão, de acordo com vários estudos. Desde junho, a Organização Mundial de Saúde preconiza o uso de máscaras de tecido para todo mundo que precisa sair de casa. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos fez a mesma indicação um pouco antes, a partir do mês de abril. Posteriormente, com o avanço de novas variantes do coronavírus, alguns países europeus passaram a exigir o uso de máscaras cirúrgicas ou de padrão equivalente à PFF2 e N95. Embora as orientações variem de país para país, cientistas e estudos apontam que as máscaras referidas oferecem um grau maior de proteção do que as cirúrgicas ou de tecido e devem ser priorizadas em situações de maior risco. No Brasil, a Anvisa mantém a indicação de máscaras de tecido, limpas e secas, para a população em geral, enquanto as cirúrgicas e equivalentes devem ser usadas por profissionais que estão na linha de frente.

Enfim, com relação às vacinas, especialistas que a reportagem da BBC News entrevistou são de opinião que os imunizantes atuais ainda devem funcionar, embora talvez não tão bem. Novas variantes poderão surgir no futuro, mas, mesmo no pior cenário, as vacinas poderiam ser redesenhadas e ajustadas para uma combinação melhor, mais eficiente. Isso poderia acontecer em questão de semanas ou meses, se necessário, teorizam os especialistas. É fora de dúvidas, entretanto, que a combinação máscara-isolamento social-vacina é o antídoto mais poderoso contra a pandemia que já se conhece. Como arremata a reportagem da BBC: “Podemos um dia acabar tratando o coronavírus como tratamos a gripe, onde uma nova injeção é produzida a cada ano para compensar quaisquer alterações nos vírus da gripe circulantes”. O que a porção consciente da humanidade deseja, ardentemente, é que tudo isso passe, o que depende de que cada um faça, efetivamente, a sua parte.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba