Novela Cotidiana

Bayeux of cards: A cidade que deixa os roteiros da Netflix no chinelo – Por Anderson Costa

Os políticos de Bayeux, ao longo desses últimos quatro anos, vêm garantindo para a população da cidade e de todo o estado uma verdadeira novela.

Os políticos de Bayeux, ao longo desses últimos quatro anos, vêm garantindo para a população da cidade e de todo o estado uma verdadeira novela. Infelizmente para o público residente no município de nome francês, apesar do roteiro garantir capítulos e viradas de roteiro muito mais interessantes do que folhetins que fizeram sucesso no horário nobre ou em plataformas de streaming, toda esta movimentação levou a cidade próxima ao caos.

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Todos os imbróglios que envolveram a cadeira de prefeito em Bayeux fizeram com que a condução da cidade de forma coesa se tornasse algo impraticável. Se Avenida Brasil foi a novela que mais rendeu pontos de ibope a Rede Globo nos últimos anos, uma novela intitulada Avenida Liberdade contando a história da cidade que teve quatro prefeitos em quatro anos renderia muito mais. A novela que se passa na grande João Pessoa possui todos os elementos necessários para prender o público nacional. Suspeitas de traições, prisões, armações, jogadas dignas dos grandes campeões de xadrez para alcançar os objetivos, todos os elementos que um autor desejaria.

Se a arte imita a vida ou a vida imita a arte não sou capaz de definir, mas a tragédia shakespeariana que atingiu a cidade é simplesmente digna de um globo de ouro, ou quem sabe de um Oscar. Para quem acompanhou o início de toda esta história, ainda em 2016 quando o professor Berg Lima decidiu pôr o seu nome na disputa, devem lembrar-se de como o roteiro desenhou-se para culminar nesta Macbeth paraibana.

Lembro-me de quando o nome de Berg Lima foi lançado na cidade, a reação da população diante da possibilidade de eleger um elemento externo, que não estaria contaminado pelo rame-rame cotidiano da sempre complicada política da cidade e jovem, juventude esta que poderia representar uma renovação para uma cidade tão sofrida. Vi o povo abraçar o nome do professor como uma promessa de crescimento não apenas para aquele momento, mas os próximos oito anos. Era literalmente a adoção de um projeto de futuro, uma espécie de casamento.

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O que ninguém aguardava, em 2016, é que veríamos os vídeos do jovem prefeito colocando dinheiro na cueca, as acusações de corrupção que o levariam a prisão e todo aquele fim prematuro de uma carreira política. A partir daquele momento Berg Lima lançou o seu nome, seu futuro político e a própria cidade de Bayeux em uma draga onde permanecem até este momento. Berg em algum tempo será esquecido, pois políticos aposentados sempre acabam esquecidos no meio do mar de escândalos que perpassam a história da política brasileira, mas Bayeux não conseguirá superar com a mesma facilidade todo o saldo deixado por ele.

Se foi sofrível descobrir que Berg Lima havia aceitado dinheiro de um empresário e enfiado este dinheiro na cueca, gesto que seja talvez o mais caricato e marcante dos atos de corrupção, muito pior foi descobrir que o vídeo que praticamente colocava um fim no mandato de Berg Lima era o fruto de uma armação orquestrada pelo seu vice-prefeito. Naquele momento, Bayeux já entendia como seriam sofríveis os anos seguintes. Um prefeito filmado aceitando um dinheiro, um vice que armava tudo para poder assumir o cargo e uma cidade que passava a sofrer pela confusão na condução do poder executivo.

Atualmente, a cidade é comandada interinamente pelo presidente da Câmara dos Vereadores da cidade, Jefferson Kita. Durante a passagem de Kita as polêmicas que afligem Bayeux não diminuíram, podemos até dizer que estão maiores do que nunca. Boatos que envolvem a vida pessoal do vereador e o acusam de manter um relacionamento extraconjugal tornaram-se notícia, a indefinição sobre a possibilidade de haver ou não uma eleição para escolher quem governará a cidade nestes dias finais que marcam a atual gestão e até mesmo pedidos de investigação sobre a gestão de recursos da prefeitura marcam o curto período que ele assumiu o executivo municipal. Antes dele houve Noquinha, que também não teve passagem mais pacífica no cargo.

Resta aguardar se a eleição que ocorrerá em novembro permitirá que a cidade de Bayeux finalmente encontre paz, viva não mais um folhetim das 9, mas apenas uma novela das seis em que tudo é calmo e todos são felizes. Afinal, após todo este drama policial o que Bayeux e o seu povo precisam é de um conto de fadas.

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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba