AVANÇO

Nasce primeiro bebê que incorpora o DNA de três pais

John Zhang segura Abrahim Hassan, primeiro bebê com DNA de três pais

Abrahim Hassan é o primeiro bebê no mundo a nascer com o DNA de três pais. A informação foi divulgada nesta terça-feira (27) pela revista especializada “New Scientist”.

Hassan tem o DNA de sua mãe e de seu pai, além de um pequeno pedaço de código genético de um doador. A nova técnica de fertilização foi realizada por cientistas norte-americanos. De acordo com a publicação, Abrahim Hassan nasceu no México há cinco meses.

“Esta é uma grande notícia e um grande negócio. É revolucionário”, afirmou Dusko Ilic do Kings College, em Londres, onde a nova técnica foi legalmente aprovada. Apesar de controversa, a nova técnica de fertilidade permite que os pais com mutações genéticas raras possam ter bebês saudáveis.

De acordo com a publicação, a mãe de Abrahim, Ibtisam Shaban, transporta genes para a síndrome de Leigh, uma doença rara de origem metabólica e que afeta todo o sistema nervoso em desenvolvimento.

Genes para a doença residem no DNA das mitocôndrias, usinas de energia das células que são transmitidas pelo lado materno e carregam 37 genes. Cerca de um quarto das mitocôndrias de Shaban tem a mutação causadora da doença.

De acordo com a revista, Shaban já havia perdido seus dois primeiros filhos devido à síndrome. Com a nova técnica de fertilização, Abrahim está livre de ter a condição genética de sua mãe.

Shaban e seu marido, Mahmoud Hassan, procurou a ajuda de John Zhang e sua equipe do Centro de Fertilidade de New Hope, em Nova York (EUA). O procedimento médico foi realizado no México, onde não há leis que proíbam essa técnica.

Zhang desenvolveu uma maneira de evitar a doença mitocondrial usando uma técnica de “três-parent”. O método, aprovado no Reino Unido, é chamado de transferência pronuclear e envolve fertilização do óvulo da mãe e de um óvulo doador com o esperma do pai. Antes de os ovos fertilizados iniciarem a divisão em embriões em estágio inicial, cada núcleo é removido. O núcleo do óvulo fertilizado do doador é descartado e substituído pelo óvulo fecundado da mãe.

Fonte: Folha