Velho Chico

A morte de Santo e outras mortes. Longa é a arte, tão breve a vida! - Por Sílvio Osias

A morte do ator Domingos Montagner, o Santo de Velho Chico, nos deixa estarrecidos.

A notícia do desaparecimento, durante um mergulho no São Francisco, veio no meio da tarde desta quinta-feira (15). No início da noite, a confirmação do que já parecia inevitável.

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A precocidade, a circunstância trágica, o talento, a beleza física, o sucesso, o reconhecimento, a força do personagem. Tudo se mistura em meio à perplexidade até de quem não acompanhava tão atentamente a novela, mas o suficiente para perceber quantos diferenciais há nela.

A morte de Montagner fala da relação afetiva que construímos com atores e atrizes e seus personagens. E do quanto são dolorosas essas perdas. Como se elas ocorressem bem perto de cada um de nós. Mortes assim assustam porque falam do imprevisível e da brevidade da vida.

Lembro aqui de Jardel Filho, o grande ator de Terra em Transe, levado por um ataque cardíaco durante Sol de Verão. Ou de Sérgio Cardoso, o eterno Antônio Maria, que nos deixou antes de terminar O Primeiro Amor. Ou, ainda, da jovem Daniela Perez, assassinada por um colega de elenco e pela mulher dele quando faziaDe Corpo e Alma.

A arte imita a vida é um clichê.

Na trama, Santo desapareceu nas águas do Velho Chico para ressurgir lá na frente.

Na vida real, Montagner morreu nas águas do São Francisco.

A vida a imitar a arte – não há como fugir da inversão do clichê!

Nem do verso de Tom Jobim, que a gente ouvia na trilha de uma novela, uns 25 anos atrás:

Longa é a arte, tão breve a vida!

 

http://blogs.jornaldaparaiba.com.br/silvioosias/2016/09/16/morte-de-santo-e-outras-mortes-longa-e-arte-tao-breve-vida/

Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Sílvio Osias