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Cantor gospel gay dispensa armários e críticas da igreja: “LGBTs são obra de Deus”

Há cerca de um mês, Gil Monteiro, de 38 anos, expoente da música gospel nacional, resolveu contar ao mundo sobre sua homossexualidade. O vídeo compartilhado nas redes sociais surpreendeu os seguidores do cantor e gerou uma onda mista de apoio e críticas.

A longa carreira na música gospel e sua dedicação ao catolicismo desde a infância não blindaram o artista do boicote. Após o anúncio na internet, não demorou muito e o artista viu sua agenda de shows minguar. Ao Terra, ele conta que se expor foi fruto de muita terapia, mas não esquece que em anos difíceis chegou a pedir a Deus para “salvá-lo”.

“Na igreja aprendi que é errado [ser gay]. Isso internalizou em mim até na fase adulta. Eu rezava para Deus me curar, buscava alternativas para me livrar disso”, lembra.

“Tudo que fiz pela igreja não valia mais”
Paranaense radicado no interior de São Paulo, Gil Monteiro sentiu em 2018 um pouco do que viveria anos depois. O cantor frequentava uma paróquia em São José dos Campos, onde a comunidade e as lideranças religiosas sabiam de forma velada sobre sua sexualidade.

Engajado, o artista sempre esteve à frente de projetos, campanhas e voluntariados da igreja. Porém, Gil foi alvo de um boato segundo o qual ele teria se casado, com direito a festa e todas as pompas. Autoridades religiosas da comunidade não gostaram da história e o impediram de chefiar qualquer projeto na instituição.

“Me senti invalidado. Tudo que fiz até ali foi invalidado, não servia mais. Me senti convidado a uma festa onde eu só podia olhar, mas não podia me divertir”, lamenta.

Depois disso, Gil Monteiro resolveu dar um tempo… Não da fé, mas da religião. Ele passou a assistir a missas via transmissão de vídeo e usar a arte como porta-voz da sua dor.

Desse afastamento surgiram duas canções que demarcam sua nova fase: ‘Gravidade’ e ‘A Cor do Amor’. As músicas o fizeram questionar o motivo de ser impedido de atuar na igreja.

“Só porque sou gay? A igreja é feita de LGBTs. Se retirar as pessoas que são homossexuais da instituição, retiram um grande contingente de trabalho voluntário, mão de obra gratuita e fiéis”, contesta. “Os LGBTs são obra de Deus, não são erros. Deus me criou como homem gay intencionalmente”.

“Ser gay é plenitude”
Apesar das críticas que recebe nas redes sociais, Gil Monteiro conta que nunca esteve tão bem em sua vida pessoal. Casado há cinco anos com Leandro, um rapaz anônimo que conheceu em um aplicativo de relacionamentos, ele tem se unido a outros cantores LGBTs religiosos, como Bruno Camuratti, para criar espaços onde possam ser ouvidos.

Com apoio de grupos católicos inclusivos, o cantor tem obtido relativo sucesso. Ele já se apresenta em diversas dioceses pelo Brasil e está se tornando uma referência para a juventude cristã.

Antes de contar ao mundo sobre sua sexualidade e servir de espelho para as gerações mais novas, Gil Monteiro lembra que considerava o celibato como uma solução para o que sentia. Ele era jovem e percebeu que fazer como muitos meninos religiosos e seguir o celibato era uma fuga.

“Ainda bem que não segui! Ser padre por fuga é sofrimento, ser por amor, é alegria. Ser gay, como sou, é plenitude de vida e todo mundo merece isso”, acrescenta.

Fonte: TERRA
Créditos: Polêmica Paraíba