O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta segunda-feira (25), que a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida busca evitar uma eventual tentativa de fuga do país diante da possibilidade de condenação por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro e sua defesa têm atuado para adiar ou modificar o julgamento, marcado para a próxima semana. Primeiro, tentaram retirar o caso da competência do STF, sem sucesso. Depois, pediram a transferência da Primeira Turma para o plenário, mas também tiveram a solicitação negada.
Sem êxito na frente jurídica, Bolsonaro passou a recorrer a aliados internacionais. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou aumento de tarifas, revogação de vistos e enquadrou Moraes na Lei Magnitsky, usada contra ditadores e terroristas. O gesto foi interpretado como pressão ao Brasil. Trump, que enfrenta acusações de agir de forma autoritária contra opositores, não teria dificuldades em oferecer asilo ao aliado sul-americano.
Bolsonaro, por sua vez, já mostrou não ter resistência a essa possibilidade. No fim de 2022, viajou para a Flórida antes de encerrar o mandato, onde permaneceu por semanas. Em 2023, após ter o passaporte apreendido, passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, gesto interpretado como tentativa de proteção do primeiro-ministro Viktor Orbán. A PF também identificou indícios de que Bolsonaro cogitou a Argentina: em seu celular havia um rascunho de pedido de asilo ao presidente Javier Milei, hoje alvo de suspeitas de corrupção.
Apesar desses episódios, Bolsonaro nega publicamente intenção de deixar o país. Cumpre prisão domiciliar em Brasília, monitorado por tornozeleira eletrônica, a poucos minutos da região das embaixadas.
Especulações sobre Fuga
Segundo o colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo, no dia em que foi instalado o equipamento de monitoramento, Bolsonaro deixou escapar uma frase que reforçou as especulações sobre fuga: “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem.”
A avaliação entre autoridades é de que a vigilância reforçada é necessária para garantir sua permanência no território nacional até o fim do julgamento.