Em um protesto inédito, parlamentares da oposição ao governo federal ocuparam nesta terça-feira (5) as Mesas Diretoras dos plenários do Senado e da Câmara dos Deputados. O movimento, liderado por senadores e deputados bolsonaristas, foi motivado pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Entre os participantes da manifestação na Câmara estava o deputado federal da Paraíba, Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que se juntou ao grupo de parlamentares que usavam esparadrapos na boca, em alusão ao que chamam de “censura” e “ditadura do Judiciário”. Os manifestantes anunciaram obstrução total das votações e exigiram a votação de projetos como o fim do foro privilegiado e a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
Na Câmara, o protesto foi encabeçado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública, que afirmou que nenhuma pauta será votada até que o projeto de anistia entre em discussão. A proposta já conta com um requerimento de urgência assinado desde abril, mas ainda não foi colocada em pauta pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O 1º vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou que, em caso de ausência do presidente, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) — que também é paraibano e atual presidente interino da Câmara — será responsável por decidir sobre a pauta da anistia. Côrtes declarou que, se Motta estiver fora do país, ele próprio colocará a matéria em discussão.
Ocupação das Mesas Diretoras no Senado
No Senado, a ocupação da Mesa contou com nomes como Jaime Bagattoli (PL-MT), Jorge Seif (PL-SC), Izalci Lucas (PL-DF), Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), que chegou a sentar na cadeira do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). “A mobilização é uma resposta à escalada de abusos e perseguições políticas. Não vamos nos calar”, declarou Malta.
O grupo também cobrou a suspensão das sanções aplicadas contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e voltou a defender o impeachment de Alexandre de Moraes, acusado de “abusos de autoridade” pelos parlamentares oposicionistas.
Reunião para discutir a obstrução bolsonarista
Diante da crise institucional, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocou uma reunião com as lideranças das duas Casas para discutir estratégias que encerrem a obstrução bolsonarista, que já afeta o andamento de votações importantes tanto no Senado quanto na Câmara.