virou moda?

'ME ENGANA QUE EU GOSTO': Brasil quer liberalismo econômico, mas dá certo aqui? - Por Marcos Thomaz

Aqui o mercado, os conglomerados econômicos entendem a economia local apenas como um sistema exploratório e de maior concentração de lucros e riquezas.

Um dos conceitos mais valorizados após esta renhida disputa eleitoral e ideológica no Brasil é o LIBERALISMO ECONÔMICO! Com todas as distorções e reducionismos que os debates adquirem no Brasil virou moda se basear no modelo de economia dos países mais desenvolvidos no mundo como Estados Unidos e forças europeias etc…

Não é necessário ser especialista em economia para, a olho nu, vislumbrar as abissais diferenças entre o funcionamento destes modelos nestas potências mundiais e uma hipotética transposição, tal qual, no combalido e desigual Brasil. Sem me alongar nestes meandros, vale lembrar que as nações desenvolvidas e hoje baseadas neste sistema já estão estabelecidas sobre uma estrutura social muito mais equânime, justa. No Brasil, a noção de justiça social, ainda obedece ao jargão popular “o de cima sobe e o de baixo desce…”. Aqui o mercado, os conglomerados econômicos entendem a economia local apenas como um sistema exploratório e de maior concentração de lucros e riquezas. Vamos a exemplos práticos de como funciona a mentalidade e ação de quem detém o capital, os bens e serviços no país:

1) Desde setembro, portanto há dois meses, o preço da gasolina saindo das refinarias apresentou queda de mais de 25%. Neste mesmo período, para o consumidor final apenas uma baixa de preços foi registrada, há apenas cinco dias. O percentual de queda repassado ao consumidor?? Menos de 3%. Isso mesmo. O mercado recebeu um produto com mais de 25% de decréscimo no seu valor, embolsou a maior fatia (aumentando seus lucros) e repassou ao cidadão brasileiro apenas uma ínfima parte disso!! Para ilustrar em números diretos. Nas refinarias , nestes dois últimos meses, o valor do litro do combustível saiu de R$ 2,25 para R$ 1,66, ou seja queda de 59 centavos. Aqui em João Pessoa, o preço médio do litro de gasolina que estava em R$ 4,47 caiu apenas 10 centavos na maioria dos postos.

2) Já o preço do gás de cozinha, outro item básico da população e também derivado direto do petróleo, passou por novo reajuste no começo deste mês. A elevação em 8,5% segue o calendário definido pelo governo Temer de aumento a cada 3 meses, alinhando a política de preços da Petrobrás ao mercado internacional, sem ofertar subsídio ou repartir lucros da companhia através do barateamento dos produtos a população, como acontecia na gestão petista. Mas qual foi a postura dos revendedores de botijões de gás?? Elevação e repasse imediato do valor do produto ao consumidor final!! No dia posterior ao início do vigor do novo preço, aqui na capital paraibana, já estava se comercializando a unidade, em média a R$ 70,00, enquanto antes a média era de R$ 67,00 a R$ 68,00.
Um reajuste ao cidadão de cerca de 5%, portanto, de fato, inferior ao liberado pelo governo federal no começo da cadeia. Mas, indo além da análise superficial, os relatos dos comerciantes finais, demonstram que eles receberam dos distribuidores o repasse integral, ou muitas vezes acima do índice tabelado, e tiveram que “ficar” com parte deste custo para não repassar tudo aos consumidores, que por sua vez também receberam o reajuste rápido. Ou seja, o sistema, ou a “cabeça” dele abocanha o aumento como lucro!

Um outro modelo também oriundo de sistema fiscalizado por agência reguladora é o da aviação civil. A permissão para cobrança de tarifa extra por bagagem foi largamente comemorada pelos entusiastas do Livre Mercado. Hoje, passado quase um ano e meio da liberação o que se registrou foi um aumento considerável nas passagens aéreas.

Vale frisar que estes são exemplos de itens básicos regulados pelo governo federal, portanto teoricamente com preços mais controlados e, ainda assim, o mercado econômico consegue manobras para elevar margem de lucro. Imagina neste cenário de total e livre mercado, a decantada autoregulação, inclusive com flexibilização de direitos trabalhistas?? É o cenário dos sonhos para a voracidade de um mercado sedento por lucros cada vez mais estratosféricos, acostumado a ofertar produtos de qualidade duvidosa, a um povo condicionado a pagar mais caro que itens similares em outros países!! A desburocratização e desoneração do sistema produtivo deve ocorrer por adequação natural e estímulo de retomada da economia. mas acreditar que, isoladamente, estas ações sensibilizarão o empresariado que atua no Brasil a repartir esta economia com a mão de obra assalariada é no mínimo ingenuidade!!

Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Marcos Thomaz