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Jovens com escoliose ganham qualidade de vida após cirurgia corretiva

Duas adolescentes se assustaram ao verem, em exames, suas colunas em formato de 'S'. Elas descobriram que tinham escoliose idiopática congênita, um desvio da coluna que se origina de doenças congênitas ou neuromusculares. Com deformidades graves, elas não tinham outra opção, senão se submeterem a uma cirurgia, já que ficariam suscetíveis a terem outros problemas graves de saúde. O procedimento devolveu a autoestima e trouxe muita qualidade de vida a elas.

Duas adolescentes se assustaram ao verem, em exames, suas colunas em formato de ‘S’. Elas descobriram que tinham escoliose idiopática congênita, um desvio da coluna que se origina de doenças congênitas ou neuromusculares. Com deformidades graves, elas não tinham outra opção, senão se submeterem a uma cirurgia, já que ficariam suscetíveis a terem outros problemas graves de saúde. O procedimento devolveu a autoestima e trouxe muita qualidade de vida a elas.

A escoliose é um tipo de desvio na coluna que pode atingir crianças, adolescentes e idosos. Segundo o médico ortopedista Alberto Gotfryd, do Hospital Israelita Albert Einstein, e que também atende em Santos, no litoral paulista, a escoliose do adolescente, que é a forma mais comum em pessoas em fase de crescimento, acomete cerca de 3% da população geral. A coluna desses jovens nasce normal, porém, deforma ao longo dos anos.

“Em geral, isso é percebido em meninas de 11 ou 12 anos. Nos meninos, dos 12 aos 13 anos, um pouco depois. E é um problema silencioso, quem tem escoliose, às vezes, não tem dor, não tem nenhum tipo de queixa”. Segundo o médico, a escoliose não tem relação com bons ou maus hábitos de postura, ela é uma condição genética, sendo mais comum em meninas do que meninos.

‘Foi um choque’

Sofia Bala Guedes Frei tinha 13 anos quando foi diagnosticada com escoliose idiopática. “Ela era campeã de ginástica olímpica pela escola. A gente nunca percebeu. O que eu reparava era a forma como ela parava, o posicionamento. Nunca ficava com as pernas juntas”, conta a mãe da jovem, Renata Bala Bernard.

Durante um exercício de alongamento na aula de ginástica, a professora percebeu que ela não conseguia fazer certo movimento. A professora contou para a mãe, que procurou um médico. “Eu descobri que ela tinha escoliose idiopática congênita, e foi um choque. A partir daquele dia, eu vi o quanto minha filha estava torta”, diz Renata.

Na época, a coluna de Sofia estava com 42 graus de curvatura. Por indicação médica, ela começou a usar um colete sob medida, durante o dia inteiro. E essa era a maior dificuldade. “Ela começou a usar no inverno, e conseguia disfarçar embaixo da roupa. No verão, ela entortou de vez. Ela ficava na piscina, não ficava com o colete, e passou para 67 graus [de curvatura]”, conta a mãe.

Gotfryd acompanhou o caso de Sofia. Ele explica que o tratamento depende do tamanho da curvatura e do crescimento esquelético. Curvaturas menores que 20 graus são consideradas casos leves, quando se recomenda exercícios posturais. Nas escolioses moderadas, entre 20 e 45 graus, pode-se utilizar os coletes, que ajudam a segurar a curva.

Nos casos de curvaturas acima de 45 graus, recomenda-se cirurgia corretiva. “Depois dessa magnitude, ela tende a piorar a longo do tempo”, explica o médico. A pessoa pode sofrer uma série de consequências, como compressão pulmonar, falta de ar, dores crônicas, além da questão da autoimagem, de sentir vergonha e sofrer bullying.

Assim, devido à curvatura, Sofia precisou fazer uma cirurgia corretiva, que durou sete horas. Foram colocados 16 pinos na coluna dela. Por conta da operação, a jovem ficou com uma cicatriz nas costas, que posteriormente cobriu com uma tatuagem. “Eu preferi fazer a tatuagem para não ter que responder às pessoas, e porque me incomodava. Era muito pequena e fininha [cicatriz]. Hoje, não dá para ver nada”, diz.

Atualmente com 20 anos, a estudante de marketing diz que vive normalmente, não tem restrições, incluiu o crossfit na sua rotina, e não sente qualquer dor nas costas.

“Sou muito feliz por não ser torta, e por não sentir dor. Antes eu sentia. Vida normal. Única mobilidade que não tenho mais é a flexibilidade para fazer ginástica olímpica. Não me atrapalha em absolutamente nada. Acho que só somou essa cirurgia na minha vida”, diz ela.

‘Mudou minha vida para melhor’

Camila Mariani Schwarzer ficou assustada ao olhar o raio-X do pulmão da filha, Isabella Mariani Orlandi. Ela foi ao hospital por conta de uma febre, e descobriu que a coluna da menina estava em formato de ‘S’, em fevereiro de 2019. “Eu achei estranho, mas logo começou a pandemia, e acabamos não vendo”. Em novembro de 2020, a menina começou a perceber uma diferença na cintura e no osso das costas.

Isabella passou por vários médicos e refez os exames, que apontaram uma curvatura de 58 graus. Neste caso, o mais indicado era um procedimento cirúrgico. A operação foi realizada em maio deste ano e durou cerca de sete horas.

“A cirurgia era uma coisa que eu realmente queria muito fazer, porque não me sentia bem com a minha coluna daquele jeito. Se você olhasse as minhas costas, dava para perceber que tinha alguma coisa diferente”, relata a jovem.

Agora com 14 anos, Isabella conta que as duas primeiras semanas após a cirurgia foram difíceis. Ela tinha tonturas e enjoos, que foram passando aos poucos. Isabella também fez sessões de fisioterapia, e diz que agora se sente bem, e até ganhou alguns centímetros a mais. “Antes, eu tinha 1,62, e agora, tenho 1,65. Cresci 3 centímetros do dia para a noite”, comenta.

Agora, Isabella aguarda a liberação médica para voltar a fazer exercícios, e incentiva outros jovens a buscarem o tratamento da escoliose. “Foi uma decisão muito importante, muito boa. Não me arrependo nem um pouco. Mudou minha vida para melhor. Eu queria muito, e estou bem melhor assim”, disse ela.

Alerta

Com o objetivo de chamar atenção para a doença, o dia 27 de junho foi escolhido para celebrar o Dia Internacional da Conscientização sobre a Escoliose Idiopática. A patologia acomete entre 2% e 4% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o médico ortopedista Alberto Gotfryd, é importante que os pais conheçam os sinais de alerta da doença. Algumas assimetrias podem ser observadas, sendo elas:

  • Desnivelamento dos ombros, quando um deles pode aparecer mais alto que o outro;
  • Perda do contorno da cintura, quando a criança começa a ficar mais inclinada para um lado;
  • Osso das costas mais saltado de um lado que do outro.

“Essas são as três medidas que recomendamos que os pais frequentemente olhem em seus filhos, de costas. Na suspeita de alguma dessas assimetrias, a criança deve ser levada para um médico ortopedista”.

Em caso de procedimento cirúrgico, o médico diz que as operações, atualmente, são muito mais seguras, e trazem qualidade de vida ao paciente. “É uma cirurgia muito mais segura e eficaz. A criança, após a cirurgia, pode ter vida absolutamente normal. Ela pode ter filhos depois, se for mulher, trabalhar, fazer esportes, uma vida totalmente normal, como qualquer outra criança, adolescente e adulto”, conclui.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba